Por: Norman B. Harrison
O que faz um lar cristão? O simples fato de cristãos viverem ali? Com toda certeza não. É necessário haver uma vida familiar cristã. Ideais e alvos cristãos precisam afetar a vida e os interesses compartilhados da família, moldando e motivando a direção dos seus afazeres.
O lar é uma sociedade especializada onde, pelo contato íntimo proporcionado pelas suas paredes protetoras, os membros mais jovens possam aprender lições essenciais à vida que terão no grande mundo da humanidade, e onde cada membro possa demonstrar, através de um relacionamento de amor com o outro, as graças mais sublimes da vida cristã. Na verdade o lar é uma dádiva de Deus, projetado para o treinamento e o desenvolvimento do caráter da criança. É a pista de provas onde Deus testa e prepara cada um para qualquer exigência que o futuro possa trazer.
Os ideais indispensáveis para satisfazer estas exigências podem ser agrupados sob três palavras: Reverência, que devemos dar ao nosso Deus; Obediência, a obrigação justa dos filhos para os pais; Paciência, a ser exercida um para com o outro.
Reverência para com Deus
O lar cristão tem suas origens em duas pessoas que foram unidas “no Senhor”, numa cerimônia de casamento selada e sancionada “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Isto, de direito, coloca Cristo como Cabeça do lar. Reconhece Deus Pai como provedor e protetor geral dos membros da família e dos seus interesses. E invoca a orientação e direção do Espírito Santo.
Como pode-se dar uma expressão prática a tal relacionamento? De que maneira a divindade poderá ser uma força vital na vida da família? A resposta lógica está no Culto Doméstico. Não somente isto; é a resposta mais prática para os problemas que sempre surgem no lar. A vida no lar é suavizada; sua aspereza e brutalidade são reduzidas a ponto de quase não mais existirem. A confiança de um no outro é renovada quando todos os corações são motivados por beberem juntos na fonte do amor divino, da paciência, da coragem e da consagração a um Senhor e Salvador comum.
Nas famílias onde Deus é honrado, os lares desfeitos, se houver algum, são muito raros. E o que é mais, não pode existir o desrespeito aos pais que é tão predominante hoje. Quando crianças ouvem os pais discutindo e sempre brigando a respeito de assuntos familiares, o respeito pelos pais vai desaparecendo aos poucos pelos poros. Quando pelo contrário, crianças ouvem seus pais levando problemas a um Pai Celestial, submetendo seu coração e sua vida à sua sabedoria e vontade, o respeito por eles sobe a um nível bem elevado.
Obediência para com os Pais
“Filhos, obedecei aos vossos pais no Senhor pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa)” (Efésios 6:1,2).
A obediência é exigida porque isto é considerado “justo”. Qualquer consideração a respeito do relacionamento filhos/pais sempre mostrará a obediência como justa. Quem dera que as crianças pudessem entender a sabedoria de Deus em dar-lhes pais para alimentá-los e ensinar- lhes durante todos os anos em que, sem desenvolvimento e experiência adequados, lhes falta a capacidade de cuidar se si mesmos!
Faz parte do ministério de um verdadeiro lar cristão trazer à consciência de seus filhos sua dívida de gratidão a Deus pela dádiva de ter pais cristãos e pelo privilégio inestimável da herança piedosa recebida de suas mãos.
Mas a base para a obediência está num ponto ainda mais profundo do que o laço que une pais e filhos. A família humana foi concebida para refletir sobre a terra os relacionamentos da família celestial. Nós, como pais terrenos, devemos exigir obediência de nossos filhos
para que eles, por sua vez, saibam render uma obediência semelhante ao seu Pai Celestial. Obediência não é opcional; é obrigatória, divinamente obrigatória. Deus não quer filhos mimados.
No estabelecimento da obediência estamos estabelecendo os fundamentos para o verdadeiro caráter cristão. Tal obediência é muito mais facilmente implantada e assegurada quando a criança vê que cada pessoa no seu lar está espontaneamente rendendo uma obediência sincera a Deus e à sua Palavra.
Paciência Uns para com os Outros
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens” (Filipenses 4:5). Quanto mais para aqueles que consideramos os mais queridos da terra. O lar é o lugar onde cada graça cristã encontra a sua expressão mais completa e mais delicada. Aquele que é um cristão no lar passará no teste de ser um cristão em qualquer lugar.
Mas na maioria das vezes no lar os entes queridos sofrem com as explosões de indelicadeza, impaciência, má vontade e críticas impiedosas. Não é fácil conviver com todos. Alguém já disse que Deus consegue conviver com pessoas com quem você e eu não conseguimos. Mas há a suprema oportunidade da paciência cristã – a paciência de Cristo.
“Fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória em toda a perseverança e longanimidade; com alegria” (Colossenses 1:11). Se há um lugar apropriado para se exercitar o perdão ilimitado do nosso Senhor é o lar. Lá “…que cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Filipenses 2:3,4).
O ideal mais alto de todos é que cada membro da família conheça a graça salvadora do nosso Senhor e que através dele tenha comunhão cristã e compaixão amorosa com cada um dos outros membros. Lá onde a vida humana foi transmitida é onde devemos nos preocupar profundamente para que a vida eterna também seja transmitida.
Extraído de Christian Victory