21 de novembro de 2024

Ler é sagrado!

Impacto Mirim-O Castigo

Deus tem um método infalível de quebrar nosso egoísmo. Toni aprendeu essa lição por meio de uma experiência dolorosa. Às vezes, Deus não encontra outro meio para nos ensinar.
Leitura Bíblica: 1 Timóteo 6.6-12

O CASTIGO

No tempo em que nossos bisavós eram jovens, um fazendeiro, filho de imigrante europeu, tocava suas terras com a ajuda de dois filhos: Zé, de 14 anos, e Toni, de 12.

Todos os dias, uma das tarefas de Toni era abrir a porteira do pasto para deixar as vacas entrarem no curral para serem ordenhadas. Depois da ordenha, ele precisava tocá-las de volta para o pasto e fechar a porteira.

Esse negócio de abrir e fechar porteiras todos os dias, de manhã e à tarde, era um pouco demais para ele, pensava Toni. Como muitos outros garotos, de todas as idades, Toni fazia qualquer coisa para poupar esforços e, com frequência, deixava a porteira aberta quando deveria estar fechada! Como resultado, as vacas escapavam do pasto e faziam grandes estragos perto da casa. E, como não podia ser diferente, virava uma tempestade dentro de casa!

Depois de diversas reincidências, o pai, por fim, chamou Toni e disse-lhe: “Da próxima vez que você deixar aquela porteira aberta, vou lhe dar uma surra que nunca mais esquecerá!”.

Por um bom período, Toni foi obediente e fiel à sua tarefa. O passar do tempo, porém, costuma obscurecer a visão, e logo Toni já não conseguia manter na mente uma imagem muito nítida do castigo prometido.

Certa tarde, ele acabou esquecendo a porteira aberta mais uma vez – e as vacas fizeram uma festa no jardim da casa.

À noite, o fazendeiro não disse nada, mas uma nuvem sombria cobria-lhe o rosto. No dia seguinte, depois do café da manhã, ele desceu para um dos campos da fazenda para trabalhar. Enquanto revirava o feno para secar-se ao Sol, o filho mais velho desceu para falar com ele.

Como o pai não o viu quando chegou, Zé ficou ao lado, esperando com paciência. Finalmente, depois de notá-lo, o fazendeiro perguntou: “Bem, Zé, o que foi?”

O garoto respondeu, falando devagar, meio gaguejando. “Pai, eu não queria que o Toni levasse uma surra.”

“Mas eu preciso castigar o Toni”, o pai respondeu. “Ele foi irresponsável e precisa aprender a obedecer. Não existe força sem obediência.”

“Bem, pai,” Zé argumentou, colocando seu peso ora num pé ora no outro, embaraçado, “o senhor não leu nas nossas devoções hoje: ‘Ele foi ferido por nossas transgressões’?”

O pai olhou para ele, surpreso, e disse: “Você tem uma boa memória, Zé. Aonde quer chegar?”

Constrangido, o filho respondeu: “Bem, é que… Pai, quero tomar metade da surra do Toni”.

“Não, não posso permitir que você faça isso”, o pai respondeu. “Foi o Toni que errou.”

Depois, fixou um olhar penetrante no Zé, por debaixo de suas espessas sobrancelhas, e perguntou: “Foi o Toni que mandou você para cá com essa ideia?” O pai conhecia bem o filho mais novo.

Porém, olhando firme para o pai, Zé respondeu: “Não, pai, o Toni não me disse nada. É só que… Bem… Eu só queria tomar uma parte do castigo dele.”

Depois de uma pausa, o pai disse: “Vá chamar o Toni para mim”.

Toni estava sentado na varanda, na frente da pequena casa da família, com seu material escolar. Mas não estava estudando. Parecia muito concentrado em algum pensamento.

“Toni”, disse Zé, “o pai quer conversar com você lá no campo de baixo.”

Os dois garotos caminharam para lá em silêncio. Quando chegaram ao lugar, encontraram o fazendeiro apoiado no forcado, perdido nos pensamentos.

“Pai”, disse Zé, “o Toni está aqui.”

O fazendeiro olhou para Toni e viu que estava muito chateado. Então lhe disse brandamente: “Toni, você se lembra de que, nas devoções de hoje, eu li ‘Ele foi ferido por nossas transgressões’?”

Dava para ver claramente que Toni fora pego de surpresa. Era uma linha de ataque que não esperava e para a qual não tinha defesa alguma no momento. Um tanto consternado, respondeu: “Sim, senhor, eu me lembro”.

“Pois bem, Toni, o Zé disse que quer tomar metade da surra que você vai receber”, disse o pai pausadamente.

O rosto de Toni passou então por uma segunda e mais radical transformação. Depois da mudança de carranca para surpresa, passou a demonstrar brandura, consternação, ternura, arrependimento. Virando-se abruptamente, jogou os braços em volta do irmão mais velho e exclamou: “Não, Zé, você não pode fazer isso!”

Em seguida, voltou-se novamente para o pai e afirmou: “Sei que errei, pai. Estou pronto agora para receber meu castigo.”

As vistas do pai estavam enevoadas, e a voz, embargada quando respondeu: “Bem, meus filhos, ninguém será castigado neste momento. Mas, Toni, lembre-se: da próxima vez que a porteira ficar aberta, a oferta do Zé estará valendo. Agora, podem ir”.

Antes de voltar para a casa, Toni fez algo muito incomum para aquela época e cultura. Olhando para o pai, perguntou: “Posso dar um beijo no senhor?”

Foi o próprio Toni que me contou essa história quando já era adulto. Ele me disse que nunca mais deixou a porteira aberta. Foi a oferta do Zé – e seu amor – que mudaram a atitude do garoto irresponsável e egoísta.

Aplicação

Vimos, nessa história verdadeira, como o amor do irmão mais velho expôs a atitude desligada e centrada em si mesmo de Toni. Da mesma forma, foi preciso que o Senhor Jesus nos amasse a ponto de se doar por nós na cruz, em pagamento por nossos pecados, para que pudéssemos enxergar nosso egoísmo e desinteresse pela missão do Pai. Que grande amor! Só um amor como esse poderia fazer-nos ver nosso egoísmo total com os olhos de Deus.

Pergunte a si mesmo

Posso realmente dizer que fui salvo do meu egoísmo incurável se ainda não fui quebrantado pelo amor de Deus a ponto de querer entregar-me a ele para obedecer-lhe e servi-lo?

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).

Extraído do livro Seeing God’s Purpose in Everything (Vendo o Propósito de Deus em Tudo), um livro de histórias selecionadas por DeVern Fromke, Master Press, Knoxville, Tn, EUA.

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