Por Thiago Bronzatto
No ano passado, nas Olimpíadas, presenciamos um ato pra lá de extravagante. Cornelius Horan, 57, tornou-se, mais uma vez, mundialmente conhecido. No GP da Inglaterra, em Silverstone, havia entrado no meio da pista com uma mensagem que conclamava o mundo à leitura bíblica. Nas Olimpíadas de Atenas, o ex-padre irlandês repetiu a dose, só que dessa vez escolheu um brasileiro como alvo – Vanderlei Cordeiro de Lima. O maratonista, após liderar boa parte da prova, foi atropelado por Cornelius Horan que, de kilt e colete verde, impediu o brasileiro de prosseguir. Com isso, limitou-o a um mero terceiro lugar.
De fato, esse ocorrido mexeu muito com a nossa nacionalidade, mas tão pouco com a nossa reflexão. Senti-me desafiado a avaliar o acontecido. Primeiramente, analisei-o sob uma ótica nacionalista. Depois tentei compreender Cornelius Horan; confesso que até imaginei-me trajado à sua maneira (que desastre para a moda!). Só depois de muito pensar é que cheguei a algumas conclusões, as quais gostaria de compartilhar aqui.
Conversando com vários jovens de minha idade, tenho percebido que o desânimo é a arma mais utilizada pelo inimigo como forma de desviar-nos do propósito eterno de DEUS – de ter comunhão com o homem. Frases como: “não consigo mais!”, “estou desmotivado!”, “não sinto mais prazer em ler a Bíblia e muito menos em orar!” são cada vez mais freqüentes em nossa juventude.
Só de pensar que teremos que acordar cedo para a reunião ou deixar de fazer alguma coisa que gostamos – jogar bola, brincar de Barbie ou mesmo abandonar a nossa cama confortável – já nos dá um certo calafrio de desânimo. Não é mesmo? E quando pensamos em orar? “Aí é que piora! Falar com alguém que não posso ver nem tocar!” Por outro lado, quando fazemos outras coisas, sentimo-nos mais animados e dispostos. Por que será?
Incrivelmente, a figura de Cornelius Horan tem tomado formas complexas na maratona que cada um de nós, jovens, percorre. Eu e você, por muitas vezes, encontramo-nos diante de um extenso percurso, aquele que, acreditamos, será o último a ser vencido por esta geração e que a fará, na reta de chegada, encontrar-se com Jesus nos céus, morar com Deus eternamente.
A cada dia, somos como que impulsionados a tomar decisões, assumir responsabilidades e descobrir coisas novas. É uma maratona que todos nós, jovens, devemos trilhar, até mesmo porque nela descobriremos quem somos, donde viemos e para aonde iremos. Assim, basta um passo em falso e pronto!… Teremos uma drástica conseqüência no amanhã que tentamos construir. Talvez seja por isso que sofremos com a “crise de identidade”, “crise sentimental”, “crise de mesada”, “crise das espinhas” e, principalmente, a “crise do amanhã”.
Não raro, Satanás tem invadido as nossas pistas e, com adornos religiosos e uma mensagem que parece divina, tenta convencer-nos de um “pit stop” necessário. “Você é muito novo ainda para ficar sofrendo! Vá curtir a vida. Você só vai morrer daqui alguns longos anos mesmo.” É então que damos ouvidos a essa voz maligna. Afinal, em meio ao suor e ao desgaste desse percurso, seria muito mais proveitoso parar e descansar um pouquinho do que continuar sob um sol escaldante. Seria muito mais interessante render-nos aos prazeres do mundo do que ficar correndo em busca da chegada que mal podemos ver ou de cuja existência mal temos certeza.
A partir disso, somos agarrados por um sistema em que a preguiça não é chamada de preguiça e, sim, de “dar um tempo”. A não-leitura bíblica é justificada pela falta de tempo. A oração, então, passa a ser apenas um elemento dos domingos. É dessa forma que vemos o tempo passar, e o que era para ser ouro transforma-se em uma medalha de bronze. O que era para ser empolgante, vívido, inexpugnável, tem sido domesticado e convertido a um símbolo de frustração, de desânimo, depressão e fraqueza. O pior de tudo é que estamos tão acomodados nesse sistema que mal tentamos driblá-lo. Apenas reagimos dizendo: “melhor do que nada!”
Contudo, somos como que alvos tangíveis da figura de Cornelius Horan. Estamos perdendo tempo e sendo atropelados por um homem de verde. Mas, jovem, acorde! Ainda há tempo de reverter a situação! Deus conta com você para realizar os seus sonhos em nossa geração. Não fomos criados para ser “zumbis vivos” nem definições pré-elaboradas de um super-homem invencível; antes, fomos criados para o prazer do desafio! Para lutarmos mesmo quando em nós não há força alguma ou motivo nobre para estarmos em pé. Você se lembra de como Jesus foi até o final por você? Então! Ele espera o mesmo de sua parte! “…jovens, vós sois fortes e tendes vencido o maligno.” Dê o sprint final e drible o homem de verde! Pois a chegada é a casa do Pai e lá há uma surpresa reservada para você. Siga em frente.
Thiago Bronzatto é um jovem estudante de 18 anos, de Mogi Guaçu, SP.
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