Por: Pedro Arruda
Este livro é fruto de um seminário entre dezesseis cristãos de diversas denominações que pretendiam um aprofundamento sobre a espiritualidade do deserto. O autor busca atualizar o valor da espiritualidade daqueles que, deixando a vida em meio aos acontecimentos seculares, se refugiaram no deserto. Baseado principalmente na experiência de Antão, que passou mais de vinte anos num monastério, ele mostra os aspectos de quem decidiu viver desta forma, contrapondo-se às muito conhecidas críticas que apontam o lado negativo de uma vida dissociada da realidade, deixando de ser um testemunho para o mundo.
Henri Nouwen, no entanto, salienta que a atitude destes homens não foi simplesmente de fugir para o deserto, mas sim de aproximarem-se de Deus, por meio do silêncio. “Depois que a perseguição cessou, já não era possível dar testemunho de Cristo seguindo-o como testemunha de sangue. Contudo, o fim das perseguições não significou que o mundo aceitara os ideais de Cristo e mudara; continuou-se a preferir a escuridão à luz (Jo 3.19). Mas, se o mundo já não era inimigo do cristão, então o cristão tinha que se tornar inimigo do mundo escuro. A fuga para o deserto era o meio de evitar a tentadora conformidade ao mundo.” Com isso puderam ouvir melhor o que Deus tinha a dizer e com isso voltaram mais fortalecidos para servir aos homens.
Três aspectos são bastante ressaltados pelo autor: Solidão, Silêncio e Oração. Primeiramente, o autor ressalta o valor das palavras, que somente pode ser conhecido experimentando a ausência delas — o silêncio. Neste contexto é que se tem consciência do quanto as palavras tornaram-se inúteis e fúteis no cotidiano das pessoas. Muitas vezes servem simplesmente para abafar ainda mais a voz de Deus. Nesta experiência não se perde de vista que o essencial é o silêncio do coração. Muitas vezes a pessoa pode estar a sós, sem pronunciar nenhuma palavra, mas em seu interior está engendrando o mal ao próximo, ou mergulhado em sentimentos de culpa e rancor.
Outro destaque é dado naturalmente à oração, que é tratada não apenas como “falar com Deus” ou ainda “ouvir Deus”, mas de forma mais profunda experimentar uma intensa interação com Deus. Assim a expressão “orai sem cessar” ganha uma nova dimensão e como tal deve ser a principal ocupação da pessoa. Dentre as suas tarefas ela pode ter momentos exclusivos de oração por outros, a oração pode ser compartilhada com outros afazeres, mas nenhuma ação deve ser realizada isoladamente sem oração. Esta forma é possível quando trata-se da oração do coração, pois quando atentamos para o coração, tudo se transforma em oração.
Em síntese, o autor propõe e demonstra que, mais do que ser possível, a espiritualidade do deserto é uma necessidade, pois nos dias conturbados e assoberbados de hoje somente se pode ter um ministério frutífero se aplicarmos a disciplina da solitude para que Deus seja ouvido. Do contrário, equivocados, poderemos estar realizando a nossa agenda, desprezando a de Deus, supondo fazer a sua vontade.
Adaptado por Pedro Arruda do Livro “A Espiritualidade do Deserto e o Ministério Contemporâneo” de Henri J.M. Nouwen — edições Loyola.
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Respostas de 2
Hoje, 18 de agosto de 2016,fui agraciada com este texto.Agraciada sim,pois não pesquisava apenas orava e ,como pratico a espiritualidade dos homens do deserto,vi que Deus nos envia anjos sempre que nos pomos a caminho no serviço a Ele e aos irmãos. Louvado seja NS Jesus Cristo,
Hoje em 14 de fevereiro de 2023, me encontro aqui, refletindo sobre um “Ministério baseado em um Deserto”. Fui dar uma pesquisada, não foi absolutamente o que estava procurando, mas me surpreendi com essa experiência e com todas as palavras. DEUS seja louvado!!! Se você meditar ou ler simplesmente com atenção neste texto, entenderás seu fundamento. Como nosso CRISTO é maravilhoso..