21 de novembro de 2024

Ler é sagrado!

Leitura de Impacto: O Homem do Céu

Por Jesus Ourives

IMPACTO: impressão ou efeito muito fortes deixados por certa ação ou acontecimento (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Leitura de Impacto é uma leitura que produz uma impressão muito forte. Foi o que eu senti ao ler O Homem Do Céu (Editora Betânia), do Irmão Yun com Paul Hattaway.

O livro e o protagonista são contemporâneos. O irmão Yun nasceu em 1958, portanto está com 47 anos. Isso nos coloca muito próximos dos acontecimentos narrados no livro. O Irmão Yun é um camponês muito simples, sem letras, que se converteu através de um milagre – a cura de um câncer do seu pai – aos 16 anos, e a partir daí, tornou-se literalmente um “escravo do Senhor Jesus”. Seria o primeiro de inúmeros milagres que aconteceriam na sua própria vida e através da sua instrumentalidade.

O Irmão Yun relata no seu livro três prisões, duas na China e uma em Mianmar (antiga Birmânia). Os detalhes das torturas, das humilhações, dos sofrimentos, do seu jejum de 74 dias – isto mesmo: jejum de 74 dias – transformam este livro num depoimento muito cru e muito cruel; ao mesmo tempo é um cântico de vitória pelos livramentos e pelo amparo constante do Senhor Jesus.

O livro, na tradução em português, tem 333 páginas. Deve ter mais de 500 citações da Palavra de Deus, cada uma delas aplicada a uma situação particular vivida pelo Irmão Yun. Cada chicotada, cada golpe de cassetete elétrico, cada chute, cada murro sofrido por este cristão autêntico justificava a menção de um trecho da Palavra. O próprio título do livro, “homem do céu”, surgiu de uma dessas situações. Na sua primeira prisão, com o intuito de dar um aviso em voz alta aos irmãos que continuavam reunidos em oração, a fim de que percebessem que a polícia estava perto, ele se fez de louco (a exemplo de Davi diante de Abimeleque) e gritou bem alto: “Eu não sou daqui, eu sou do céu!”. Daí em diante a própria polícia passou a chamá-lo pejorativamente de “homem do céu”.

Mas não só de citações da Bíblia o livro é rico. Em muitas ocasiões da vida do Irmão Yun, é como se o próprio livro de Atos estivesse acontecendo novamente. Durante a sua segunda prisão na China, depois de ter suas pernas quebradas para que não fugisse, ele foi avisado pelo Espírito Santo que devia sair. Suas pernas foram curadas, os portões foram abertos, os guardas pelos quais passou não o viram, e quando chegou à rua havia um táxi parado na frente da prisão. Cinco minutos depois, foi dado o alarme, mas, pela misericórdia de Deus, ele já estava livre e assim permaneceu durante o tempo necessário para ir a um país do Ocidente.

Os capítulos finais contam uma história mais triste – a decepção do chinês diante da igreja ocidental. Realmente, depois da leitura do livro, nós mesmos ficamos decepcionados com o que vivemos. Estamos muito distantes da igreja de Atos, por mais que cresçamos em números, em templos, em estatísticas, em métodos.

Além da decepção, ele também suportou oposição e calúnia no mundo livre. Em 2000, quando se preparava para pregar no Canadá, uma onda de acusações falsas o atingiu pela Internet, dizendo que o jejum de 74 dias nunca acontecera, que suas pernas nunca foram quebradas, e que ele não era reconhecido pela Comunidade Sinim (as igrejas nas casas da China). Mais tarde, o Irmão Yun escreveu: “Este novo tipo de perseguição não era mais fácil de suportar do que a perseguição física na China. Era apenas diferente”.

O Irmão Yun é um dos líderes atuais do movimento chamado Volta a Jerusalém, que nasceu nos anos 20 do século passado, como um desejo dos cristãos da China de refazerem a antiga rota da seda na direção contrária: do Extremo Oriente para o Oriente Médio. O alvo não é Jerusalém em si, mas levar o Evangelho para as populações existentes entre a China e Jerusalém, a grande maioria formada por muçulmanos, budistas e hinduístas. E a rota da seda do movimento Volta a Jerusalém é exatamente o que modernamente se convencionou chamar de Janela 10/40.

“Talvez algum dia eu seja morto por causa do evangelho em um país muçulmano ou budista. Se você ouvir esta notícia, não chore por mim. Chore pelos milhões de almas preciosas escravizadas por Satanás, as quais não têm quem lhes pregue o evangelho.”

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