Por: Mateus Ferraz de Campos
Quando vi pela primeira vez a série “Crônicas de Nárnia”, tive grande dificuldade de acreditar que tratava-se de um livro de C. S. Lewis. Conhecido como um dos grandes (e poucos) filósofos cristãos do século XX, o autor se destaca como eloqüente e inspirador escritor.
Interessado em suas literaturas, descobri que escreveu algumas obras de caráter infantil, e tive o desejo de procurá-las. Embora não seja muito comum em livrarias evangélicas, consegui encontrar um exemplar do primeiro livro da série intitulado “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa”.
Fiquei atônito ao observar na capa do livro figuras mitológicas como duendes e unicórnios. Como estamos inseridos em uma cultura altamente influenciada pelo movimento esotérico e da Nova Era que faz uso dessas figuras como representações de suas convicções, foi difícil associar tais figuras a um livro de caráter e ensinamentos evangélicos. No entanto, a leitura provou que era a pura e simples história do evangelho.
O livro narra uma história que tem como protagonistas quatro crianças que se aventuram em um mundo mágico que encontram dentro de um guarda-roupa. Esse mundo chamado Nárnia impressiona pelo fato de ser vítima de um eterno inverno gerado pela crueldade de sua rainha, a Feiticeira Branca.
A história se torna envolvente à medida que começam a aparecer os demais personagens, e atinge o seu ápice ao revelar o mais espantoso de todos: o grande leão Aslam. Não é difícil perceber a simbologia usada por Lewis. A feiticeira representa Satanás e o grande Leão é Jesus Cristo.
O que impressiona, no entanto, é a maneira como o autor explica a redenção do homem, fazendo uso dessa história infantil. Em resumo, conta como simples crianças se tornaram reis e rainhas, ou seja, como simples humanos se tornam reis e sacerdotes.
Em épocas em que o misticismo de Harry Potter e O Senhor dos Anéis permeia as livrarias de todo o mundo, as Crônicas de Nárnia reaparecem no cenário da literatura infanto-juvenil como uma luz no fim do túnel e provam que a maior de todas as histórias ainda é a história do amor do leão pelas crianças, ou seja, o amor de Jesus por todos nós.
As palavras do grande Aslam tornam-se um grande desafio para todos que as escutam: “Honrem a sua realeza”. E o sacrifício do grande leão, que abala todo o reino de Nárnia, nos faz repensar o impacto da morte do Leão da tribo de Judá e de sua influência na história da humanidade.
Aprendi que vale a pena ler este tipo de livro infantil. Pois as grandes verdades do reino de Deus são muitas vezes entendidas, ou melhor, vivenciadas, quando as vemos com o olhar de uma criança. Quando nos tornarmos como crianças, desejando acariciar a juba do grande Leão, chorando sua morte e celebrando sua grande vitória, então receberemos também o devido impacto que muitas vezes deixamos de sentir por termos nos acostumado com a fabulosa história do Leão que morreu como Cordeiro.
Leia este livro. Mas leia-o como uma criança ansiosa por ouvir uma história antes de dormir, e não perca de vista a dimensão dessa revelação.
– Aslam! Aslam! – exclamaram as meninas, espantadas, ao olhar para ele, ao mesmo tempo assustadas e felizes.
– Você não está morto?
– Agora, não.
– Mas explique tudo isso, por favor – disse Susana, ao recuperar um pouco da calma.
– Explico: a feiticeira pode conhecer a magia profunda, mas não sabe que há outra magia ainda mais profunda. O que ela sabe não vai além da aurora do tempo. Mas, se fosse capaz de ver um pouco mais longe, de penetrar na escuridão e no silêncio que reinam antes da aurora do tempo, teria aprendido outro sortilégio. Saberia que, se uma vítima voluntária, inocente de traição, fosse executada no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte começaria a andar para trás…e agora…
(extraído do livro)
Rompa com seus preconceitos, e leia esta verdadeira parábola do século XX.
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