Por Asher Intrater
A Bíblia foi escrita por homens sob a inspiração do Espírito Santo (2 Tm 3.16, 2 Pe 1.20). Então, existem dois níveis para a leitura bíblica: o contexto histórico humano e a mensagem espiritual universal.
Os homens que escreveram a Bíblia tinham personalidades diferentes e viveram em gerações diferentes. Quando se lê a Bíblia apenas da perspectiva humana, só se veem as diferenças, e as passagens parecem entrar em conflito. O mundo acadêmico secular olha somente para o lado humano e, por isso, conclui que existem pontos de vista totalmente contraditórios. Algumas universidades ensinam que a Torá (os cinco livros de Moisés) contém quatro documentos diferentes (de autores diferentes) e que o livro de Isaías foi escrito por três pessoas diferentes, por causa dos estilos e demais características encontradas nos textos.
Entretanto, quanto mais se entende a inspiração do Espírito Santo, mais o tema unido das Escrituras se torna aparente. Já faz mais de 30 anos que medito, todos os dias, na Palavra escrita. A cada ano que passa, fica mais claro para mim como as peças individuais se encaixam, formando um único plano consistente do começo ao fim.
De fato, Deus tinha todo o seu plano em mente antes mesmo de o primeiro versículo da Bíblia ser escrito. Muitas vezes, escritores de ficção moderna desenvolvem uma série de subtramas dentro da história; no final, todos os detalhes se encaixam formando um enredo harmonioso e interligado. As partes individuais, aparentemente sem nexo, encaixam-se de súbito num final surpreendente e emocionante.
De maneira semelhante, dentro do plano do Reino de Deus, que se estende do início das Escrituras até o fim, existem muitas subtramas. Quando finalmente enxergarmos o plano por inteiro, todas as peças se encaixarão de maneira perfeita. Haverá uma surpresa emocionante nas etapas finais, pois muitas coisas que não estavam claras de repente terão um novo sentido. Veremos a razão de cada parte da história.
Existe perfeita coerência nas Escrituras, desde a Velha Aliança até a Nova. A partir das primeiras frases de Gênesis, percebe-se que Deus já tinha em mente o final que foi previsto no livro do Apocalipse. As passagens da Lei e dos Profetas em relação à história de Israel, ao sacerdócio e ao reino davídico foram todas registradas na Bíblia intencionalmente. Refletem o plano espiritual completo e formam um todo harmonioso, mesmo que isso não seja aparente a princípio.
As passagens da Velha Aliança preparam o caminho para os evangelhos. Figuras da mensagem do evangelho podem ser encontradas por toda a Lei e os Profetas. Isso é evidente para qualquer um que lê tanto o Velho quanto o Novo Testamento. É mais fácil reconhecer isso, em grande parte, porque o cumprimento da Lei e dos Profetas nos evangelhos já aconteceu.
Contudo, Yeshua vem duas vezes. O cumprimento das passagens da Velha Aliança na Segunda Vinda não é tão fácil de ser percebido nem para os judeus nem para os cristãos. Na nossa geração, estamos começando a ver como a história antiga de Israel, as profecias e o sacerdócio contêm figuras do fim desta era e da Segunda Vinda de Yeshua.
A perseguição dos santos (particularmente dos judeus messiânicos pelos judeus religiosos) pode ser vista nos ataques do Rei Saul ao futuro Rei Davi. O reino milenar foi prenunciado no reino de Salomão. O antissemitismo e o governo maligno do anticristo podem ser vistos nas tramas de Hamã no livro de Ester. As antigas festas de Israel contêm sinais que apontam para a Segunda Vinda.
Nosso dia de jejum de Ester [realizado no dia 17 de março] foi planejado parcialmente por causa da revelação de que o livro de Ester não só descreve um evento histórico no quinto século a.C., mas também contém uma parábola profética sobre o tempo do fim. Enquanto lermos a Bíblia nestes últimos dias, sejamos encorajados ao saber que tudo que está acontecendo agora já foi visto, planejado e descrito nas Escrituras antigas.