Por: Stanley Howard Frodsham
“Nada que tenho é precioso demais para meu Senhor Jesus. Ele pediu o melhor que tenho e, de todo o coração, dou-lhe o meu melhor.”
Quem fez as afirmações acima foi um pai, durante uma reunião de despedida na Filadélfia, antes de sua única filha partir de navio para a China, junto com um grupo de novos missionários. Ele não sabia, naquele momento, que jamais a veria novamente e que ela partiria para estar com Cristo antes mesmo de tirar seu primeiro período de licença. Mas, quando as notícias trágicas chegaram, pela graça que Deus lhe deu, ele escreveu: “Ainda posso dizer: ‘Nada que tenho é precioso demais para meu Senhor Jesus’.”
Uma impressão duradoura
“Essa frase”, disse Hudson Taylor, “foi a coisa mais rica que recebi na América e tem sido uma benção incalculável para mim desde então. Às vezes, quando me sentia pressionado com as correspondências, ao chegar a hora da oração coletiva, surgia o pensamento: será que eu não deveria continuar com esta ou aquela atividade? Mas logo me vinha à mente: ‘Nada é precioso demais para meu Senhor Jesus’. E, então, deixava a correspondência para ser atendida mais tarde.
“Às vezes, quando a hora sagrada de comunhão individual com o Senhor chegava, bem cedo de manhã, eu acordava muito cansado e não queria me levantar. Porém, não existe outro tempo como a primeira hora do dia para afinar minha harpa para enfrentar a música do dia. Então, me vinha novamente esta frase: ‘Nada é precioso demais para meu Senhor Jesus’, e me levantava para descobrir que não se sente cansaço quando está com ele. Esse pensamento também tem ajudado na hora de deixar o lar e aqueles a quem amo. Na verdade, seria impossível contar quantas centenas de vezes Deus tem me abençoado por meio dessas palavras.”
Derramado diante do Senhor
Você se recorda daquele incidente (tão digno de nota que foi registrado duas vezes nas Escrituras) quando Davi sentiu vontade de beber água do poço de Belém? Quando expressou seu desejo, três de seus homens valentes saíram imediatamente para satisfazê-lo. Com grande empenho, lutaram e passaram pela guarnição dos filisteus que cercava a cidade de Belém, tiraram água do poço e a trouxeram em triunfo ao comandante (2 Sm 23.15-16; 1 Cr 11.17-18).
Davi bebeu daquela água? Não. Era sagrada demais. Aqueles três homens arriscaram sua vida para satisfazer o desejo do coração dele. Por isso, a água que trouxeram era muito preciosa, a coisa mais preciosa que Davi já recebera, e ele a derramou diante do Senhor. Não há nada precioso demais para o nosso Senhor.
Ele deu tudo o que tinha
No capítulo 29 de Êxodo, Deus dá instruções sobre a oferta contínua em Israel. Um cordeiro seria oferecido de manhã e outro ao pôr-do-sol, e, junto com cada um, a oferta diária de manjares e de libação (vinho derramado sobre o sacrifício). Quando o Cordeiro de Deus instituiu a festa memorial que chamamos de Última Ceia, passamos a compreender um pouco do significado de tudo isso.
“Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.” (Mt 26.26-28).
Nada foi precioso demais para seu Pai, pois entregou sua própria vida como holocausto a ele, um sacrifício de aroma agradável.
Entretanto, há outro aspecto do Calvário que fala do seu amor por você e por mim. Nada era precioso demais para nós, pois ele derramou o próprio sangue para que pudéssemos ser perdoados de todos os nossos pecados. Ele entregou seu corpo para ser partido, derramou seu sangue, sua vida por nossa causa. E quanto a nós, deveríamos reter coisa alguma de um amor como este?
Paulo não reteve nada. Considerou uma alegria derramar sua vida para o seu Senhor. Ele escreveu: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado” (2 Tm 4.6). E ele nos convida a segui-lo, assim como ele seguiu a Cristo.
Dando tudo o que ela tinha
William Burton conta como Deus supriu as necessidades dele e de James Salter quando foram para o Congo, confiando apenas no Senhor para sustentá-los.
Uma mulher fiel e trabalhadora ganhava seu sustento limpando escritórios. Mesmo ganhando pouco, com muito empenho ela economizava para formar uma reserva para uma necessidade futura. Com o passar dos anos, essa reserva foi crescendo. No fim, atingiu o valor de 100 libras (500 dólares na época). Ao longo dos anos, ela precisou renunciar muitas coisas que a maioria das pessoas consideraria essenciais, a fim de poder dar ao Senhor.
O irmão Burton escreve:
Depois de um tempo, parecia que havíamos sido esquecidos. Passava semana após semana, e pouco ou nada chegava. Os recursos estavam acabando lentamente e, finalmente, cessaram por completo. Então, oramos: “Fale ao coração dos teus filhos para que supram a necessidade. O país está aberto para nós. As pessoas querem ouvir o Evangelho. Por amor a estes milhares de perdidos, abre as portas para que continuemos testemunhando da tua graça salvadora”.
A cabana de palha no Congo estava muito, muito distante das ruas movimentadas de Lancashire, mas os missionários em Mwaza e a faxineira diligente no norte da Inglaterra estavam ajoelhados diante do mesmo Trono.
“Senhor, eu sinto que eles estão passando necessidade”, ela orou. “Envia-lhes ajuda.”
De repente, veio um pensamento ao coração dela: “E quanto às suas cem libras?”
“Mas, Senhor, eu sempre te dou meu dízimo; aquela reserva é tudo o que tenho para a minha velhice.”
“Quando enviei meu Filho para morrer por você no Calvário, era apenas o dízimo que estava lhe dando?”
“Senhor, não tenho mais nada a dizer. Tudo pertence a ti. Por amor àquele que derramou seu sangue por mim e por amor àquelas almas que estão perecendo, toma tudo o que tenho.”
Logo o irmão em Lancashire, que servia como tesoureiro da missão, ficou maravilhado ao receber a visita dessa irmã com uma oferta de cem libras para o trabalho no Congo. Sem alarde, ela deu as economias de uma vida de trabalho, tudo o que ela tinha.
Não há nada precioso demais para o nosso Senhor Jesus.