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Não Eu, mas Cristo

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Não Eu, mas Cristo

Gregory Mantle (1853-1925)

O objetivo do Espírito Santo para cada pessoa recém-convertida é aquele que Paulo expressou de forma tão marcante no conhecido versículo: “Não eu, mas Cristo” (Gl 2.20). O “eu” humano não pode ser aperfeiçoado por nenhum esforço, como alguns estranhamente já afirmaram. O “eu” humano é entregue à morte e, pelo poder do Espírito Santo, permanece morto, enquanto Cristo toma seu lugar e reina soberanamente no trono do coração, cujo governo ou domínio deve estar inteiramente sobre seus ombros.

Não existe pergunta mais importante entre as muitas que versam sobre esse tema do que esta: Como é possível viver de modo que as pessoas ao nosso redor enxerguem “Não eu, mas Cristo”? Acreditamos que a resposta está amplamente fundamentada no que Paulo chama “revestir-se” de Cristo.

Quando Inácio exclamou: “Meu amor está crucificado!”, ele quis dizer que seus sentimentos terrenos, naturais – com todas as paixões atreladas a eles – foram crucificados na Cruz, e, em seu lugar, ele reivindicou e recebeu um amor celestial e imortal. Por que há tão pouco amor entre os cristãos? Por que tão raramente notamos a insígnia do verdadeiro discípulo? Seria porque os filhos de Deus não aprenderam a se despir do velho amor, que se enfurece tão facilmente e cujo poder de expressão é tão limitado, e porque ainda não se revestiram do amor de Jesus, que não se enfurece, não guarda ressentimento do mal, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e jamais acaba?

Tauler disse: “Para aquele que morre para o natural, o que entra e sai da sua vida é o amor divino. Aqueles que não morreram para si mesmos, costumam amar pela sua natureza (terrena), pensando que amam pela graça; e quando são repreendidos por isso, ficam perturbados e irados. Isso deveria provar que seu amor é natural. O amor divino é paciente e tudo sofre – em todo o tempo. Ele se permite ser odiado, mas não odeia ninguém, e interpreta tudo da melhor forma. Aqueles que não estão mortos para si mesmos ficam agitados quando são desmentidos e sua paz é abalada”.

O segredo para possuir um amor que nunca falha é buscar, a todo momento, o cumprimento do desejo de Cristo, “…para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu também neles esteja” (Jo 17.26). A habitação de Jesus e a do amor divino em nós, de que o versículo fala, são interpretadas como algo único – e, de fato, são inseparáveis.

O que já foi dito sobre o amor natural e o amor divino também se aplica à paciência humana e divina. Muitas vezes, pessoas que desconhecem a arte de se apropriar da paciência de Jesus ficam perturbadas e agitadas, e isso afeta a vida daqueles que estão imediatamente ao seu redor. Se a refeição estiver uns minutos atrasada, se alguém, na última hora, não puder atender a um compromisso, se um sermão for mais longo do que o costume, se alguém que estiver sendo discipulado agir de maneira excepcionalmente perversa, a paciência humana rapidamente chega ao ponto de ruptura. Quando isso ocorre, a perda e a dor não são apenas de um indivíduo, mas de muitos, pois, como mencionamos, o espírito impaciente nunca sofre sozinho.

A manifestação de impaciência não seria a revelação de um espírito que ainda insiste em permanecer atrelado ao “eu” humano? Sem dúvida que sim, e existe somente uma solução: a persistente afirmação da morte do eu e o revestir-se diariamente da suave paciência de Jesus Cristo. Se vivermos perpetuamente no centro da vontade de Deus, nada conseguirá colocar nossa paciência à prova sem a ordem ou permissão do Senhor. Quando alguém se atrasa ou quando uma mensagem ou telefonema não chegam, temos uma oportunidade de mostrar se nossa paciência é humana ou divina, se ela pertence ao velho ou ao novo homem.

Revestir-se de Cristo

Esse processo de “revestir-se” de Cristo é frequentemente mencionado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (veja Is 61.10; Sl 132.16; Zc 3.1-5; Rm 13.14; Ef 4.22-24; Cl 3.8-14; Ap 19.8).

Precisamos ser lembrados, a todo momento, que é somente quando nos “revestimos” de Cristo que nos despimos do “eu”. Nada pode substituir nosso tirano “eu” a não ser o concorrente todo-vitorioso, Jesus. “E ele morreu por todos para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co5.15).

“Devemos ‘pôr de lado’ nosso velho eu”, escreve R. W. Dale. “Devemos nos vestir de Cristo. Precisamos nos apropriar de cada um dos aspectos individuais da sua justiça e santidade. Devemos fazer nossa a sua humildade, sua coragem, sua bondade e sua invencível integridade; sua repugnância ao pecado, sua misericórdia para com o arrependido; sua alegria na justiça de outros e a paciência para com suas enfermidades; a calma submissão pela qual suportou seu próprio sofrimento, e sua compaixão pelo sofrimento de outros; seu desapego a conforto, riqueza e honra e sua paixão pela salvação dos homens de todos seus pecados e aflições.

“Devemos fazer nossa a sua perfeita fé no Pai, sua perfeita lealdade para com a autoridade do Pai; seu prazer em realizar a vontade do Pai; seu zelo pela glória do Pai. A perfeição que devemos ter como objetivo não é um mero sonho da imaginação, mas a perfeição que a natureza humana realmente alcançou em Cristo. A perfeição humana de Cristo foi verdadeiramente humana e expressou a transferência da vida de Deus para o caráter e a história do ser humano. Ele ainda vive. As fontes da minha vida estão nele. O propósito eterno do Pai é que os ramos recebam e revelem a vida que há na videira, que eu receba e revele a vida que há em Cristo. Quando, portanto, eu procuro me “revestir” de Cristo, ou tornar minha a perfeita humanidade criada por Deus em Cristo, não estou tentando imitar uma perfeição que seria estranha em forma e em espírito ao meu caráter e temperamento moral, algo muito além da minha força. Mas estou procurando desenvolver uma vida que já recebi de Deus. Se estiver em Cristo, o poder espiritual que foi ilustrado na justiça e na santidade da vida de Cristo já estará ativo na minha própria vida.”

“…Cristo é a profecia da nossa justiça, bem como o sacrifício pelos nossos pecados”.

Adaptado originalmente de The Way of the Cross por J. Gregory Mantle.

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