3 de dezembro de 2024

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Negar a Si Mesmo

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Negar a Si Mesmo

Andrew Murray (1828-1917)

Então Jesus disse aos discípulos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt. 16.24).

Negar a si mesmo é um exercício ao qual o Senhor Jesus se referiu frequentemente. Diversas vezes ele o mencionou como uma característica indispensável do verdadeiro discípulo. Ele o associa ao ato de tomar sua cruz e perder sua vida. Nossa velha natureza é muito pecadora, e permanece assim até o fim, de forma que nunca se encontra em condição de produzir o bem. Deve ser, portanto, negada e mortificada, para que a nova vida, a vida de Deus, possa ter liberdade total em nós. O cristão recém-nascido deve decidir, desde o início, negar a si mesmo completamente, em obediência ao mandamento do seu Senhor. No começo, parecerá algo severo, mas ele verá que essa é uma fonte inimaginável de bênção.

Permita que o negar a si mesmo alcance seu entendimento carnal. Quando Pedro falou segundo a linha do entendimento natural, o Senhor precisou lhe dizer: “…não pensas nas coisas de Deus, mas, sim, nas que são dos homens” (Mt 16.23). Você precisa negar-se a si mesmo e aos seus próprios pensamentos. Em nossos esforços de buscar conhecer qual é a vontade de Deus, devemos ter cautela para que nosso entendimento da Palavra e nossa oração não nos levem a realizar uma obra pensando ser de Deus, mas que, de fato, não está de acordo com seu Espírito e com a verdade. Renuncie seu entendimento carnal. Não lhe dê voz – em santo silêncio, dê lugar ao Espírito Santo. Que a voz de Deus seja ouvida em seu coração.

Além disso, negue sua própria vontade, com todas as suas cobiças e desejos. De uma vez por todas, que a vontade de Deus seja sua escolha inconteste em tudo. Todo desejo, portanto, que não estiver de acordo com isso, deve ser rejeitado. Acredite: na vontade de Deus encontramos felicidade celestial; logo, negar a si mesmo parece severo apenas no começo. Quando você se exercita nisso com sinceridade, torna-se uma fonte de grande alegria. Que seu corpo e sua conduta permaneçam sob a lei da abnegação.

Negue, também, sua própria honra. Busque honrar a Deus. Isso traz um descanso indescritível para a alma. “Como podeis crer, vós”, disse Jesus, “que recebeis glória uns dos outros?” (Jo 5.44). Embora sua honra possa ser ferida ou ultrajada, peça a Deus que cuide dela. “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino do céu” (Mt 5.3).

Do mesmo modo, negue sua própria capacidade. Cultive a profunda convicção de que são os fracos, os insignificantes, que Deus consegue usar. Mantenha sempre temor quando estiver realizando algum trabalho para o Senhor, não importa o quão sincero possa ser. Mesmo que sinta que tem alguma capacidade, declare a Deus que você não possui poder algum, que sua própria capacidade não tem valor. Recusar continuamente a sua habilidade natural é o caminho para desfrutar o poder de Deus. É no coração daquele que nega seu próprio poder que o Espírito Santo decide viver e conceder o poder de Deus.

Principalmente, negue seus próprios interesses. Não viva para agradar a si mesmo, mas ao próximo. Aquele que procura sua própria vida, a perderá. Aquele que vive para si mesmo, não encontra a vida. Mas aquele que verdadeiramente imitar Jesus, a fim de compartilhar da alegria do Senhor, deve dar sua própria vida, como Jesus o fez. É necessário sacrificar seus próprios interesses.

Amado cristão, quando se converteu, você precisou fazer uma escolha entre seu eu e Cristo. Você disse: “Não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim” (Gl 2.20). E essa escolha precisa ser confirmada todos os dias. Quanto mais deixar Cristo viver em você, coisas como negar seu eu pecaminoso, abandonar as obras inúteis da vida natural e deixar que Jesus seja tudo para você lhe trarão mais alegria e contentamento. O caminho de negar sua vida natural é o caminho da profunda felicidade celestial.

Poucos cristãos compreendem esse caminho. Querem que Jesus os liberte do castigo, mas não de si mesmos, de sua própria vontade. Mas o convite para o discipulado sempre declara: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Encontramos a razão e o poder para a renúncia de si mesmo nas pequenas palavras mim, me. “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. A velha vida está em nós. A nova vida está em Jesus. A nova vida não pode tomar seu devido lugar se não nos livrarmos da velha. Antes, nosso eu tinha a última palavra; agora, ele não deve ter nenhuma. Contudo o eu carnal não quer aceitar essa nova realidade.

Por isso, é necessário negar a si mesmo e imitar a Jesus o dia inteiro. É ele, com seu ensino, sua vontade, sua honra, seus interesses, que deve preencher nosso coração. Aquele que o tem e o conhece nega a si mesmo com prazer. Cristo lhe é tão precioso que sacrifica tudo, até a si mesmo, para pertencer a Jesus.

Essa é a verdadeira vida de fé. Não é viver segundo o que sua natureza vê ou considera aceitável, mas segundo o que Jesus diz e gostaria que fizéssemos. Todos os dias, todas as horas eu confirmo o maravilhoso pensamento: “Não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim” (Gl 2.20). Não sou nada, Cristo é tudo. “Pois morrestes”, e não têm mais poder, vontade ou honra, “e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.3). Apenas o poder e a vontade de Cristo prevalecerão. Cristãos, neguem, com alegria, seu infeliz e pecaminoso eu, para que o glorioso Cristo possa habitar em você.

Precioso Salvador, ensina-me o que é negar a mim mesmo. Ensina-me a desconfiar do meu coração para que eu não ceda aos seus caprichos. Ensina-me a te conhecer, Senhor, para que me seja impossível fazer qualquer outra coisa além de entregar a minha vida a ti e à tua vontade. Amém.

    – Extraído de The New Life.

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