Por: David Bryant
A Bíblia ensina que no final da história todo o universo experimentará a consumação, quando Cristo retornará e convergirá em si todas as coisas, no céu e na terra (Ef 1:9-10). Cristo será manifestado como Senhor e tomará seu lugar de direito como foco central de todo o cosmos. Este tempo, descrito em centenas de versos ao longo das Escrituras, poderia ser apropriadamente chamado de Avivamento Final.
Sendo assim, todo outro avivamento precisa ser uma prévia deste avivamento final. Se (analisando bíblica e historicamente) pudermos mostrar que todo avivamento anterior foi, na verdade, Deus comunicando muito mais de Cristo à sua Igreja do que aquela geração até então havia experimentado, se se puder provar que avivamento é quando Deus intervém em favor de um povo que de outra forma estaria totalmente sem esperança, e se o próprio Cristo reúne em si mesmo toda e qualquer esperança que o avivamento pode oferecer à Igreja e às nações em qualquer geração (conforme se vê em Colossenses 1:27), então podemos concluir que o avivamento pode ser apropriadamente considerado uma aproximação da consumação.
Avivamento é quando Deus age maravilhosamente para desvendar seu Filho perante o mundo – seja de forma mais completa na consumação, seja em graus menores nas aproximações da consumação. Os temas centrais do avivamento final (ou consumação) são revelados em princípio por meio de Cristo em todos os outros avivamentos que o antecedem.
No avivamento final os anciãos, que já terão colocado suas coroas diante do Trono, curvar-se-ão diante do Cordeiro por ele ter redimido pessoas de todas as línguas, tribos e nações, para fazer delas um Reino de sacerdotes para Deus (Apocalipse 5). Do mesmo modo, em todo avivamento nós experimentamos, antecipadamente, desta preeminente coroação. Confrontada com a presença manifesta do Rei Jesus, a Igreja em todos os avivamentos se rende novamente a ele, renunciando as muitas lealdades a outras coisas, abandonando-as a fim de dar toda sua devoção ao Cordeiro que está no trono. Num sentido, nós o coroamos com nossas orações em busca de avivamento e depois o coroamos com nossa obediência quando chega o avivamento.
É este mesmo enredo que podemos ver em 2 Samuel 5, quando Davi foi finalmente consagrado rei em Israel. Existem alguns paralelos entre a coroação de Davi e o avivamento esperado para o século XXI, quando Cristo assumirá mais abertamente seu papel de Senhor da Igreja e esperança das nações, através do derramamento do Espírito.Santo.
Ilustrações de 2 Samuel 5:1-12
“Então, todas as tribos de Israel vieram a Davi, a Hebrom, e falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos. E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel; e também o SENHOR te disse: Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel.
“Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram ao rei, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram a Davi rei sobre Israel…
“E partiu o rei com os seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra e que falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui…
“Porém Davi tomou a fortaleza de Sião; esta é a cidade de Davi…
“Assim, habitou Davi na fortaleza e lhe chamou a cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor, desde Milo até dentro. E Davi se ia cada vez mais aumentando e crescendo, porque o SENHOR, Deus dos Exércitos, era com ele…
“E entendeu Davi que o SENHOR o confirmava rei sobre Israel, e que exaltara o seu reino por amor do seu povo.”
Vejo nesta coroação as seguintes características de todo avivamento genuíno:
1. Eles haviam chegado ao fim de si mesmos. As tribos de Israel haviam tentado de todas as maneiras saber os propósitos de Deus para a nação. Eles estavam em uma encruzilhada. A nação estava se desintegrando. Tudo parecia sem esperança. Eles estavam derrotados. Era tempo de um novo começo.
A igreja em geral não está na mesma situação atualmente? Não estamos vivendo a expectativa de dias difíceis do lado de fora, e ao mesmo tempo num estado preocupante de paralisia do lado de dentro que nos torna incapazes de agir em tantos sentidos?
2. Buscaram a única esperança que tinham, e o fizeram em unidade. Eles sabiam que o avivamento nacional que Davi lhes poderia proporcionar somente viria assim que ele assumisse a liderança de todas as tribos – de todo o povo de Deus. Fosse o que fosse que o futuro trouxesse sobre toda a nação, seria sobre todos eles juntos. Nenhuma tribo sobreviveria por muito tempo sozinha.
Da mesma maneira, precisamos buscar Jesus todos juntos, como nossa única esperança na plena expectativa de que quando o avivamento vier, trará bênçãos sobre todo o Corpo de Cristo e nos guiará como seu povo rumo à missão que ele só poderá cumprir quando estiver reinando sobre todos nós juntos.
3. Os líderes mostraram o caminho. Foram os líderes que precisaram tomar a iniciativa. Somente quando caíram em si, tomaram posse da esperança que Davi lhes oferecia, e deram o exemplo no sentido de instituir seu reinado sobre si, foi que o resto da nação se reuniu em torno de Davi, respondendo ao seu comando.
É assim que deve ser em todo avivamento. Pessoas determinadas que vêem a esperança às portas tornam-se modelos que marcam o ritmo, estimulando, unindo e atraindo as pessoas. Mas os anciãos e líderes espirituais em todos os níveis da igreja precisam abrir o caminho da linha de frente através de suas orações e através da maneira como proclamam a esperança para a qual estamos orando. Para a glória de Deus, já vemos hoje um aumento espontâneo deste tipo de liderança.
4. O foco estava em Davi, somente. Eles estavam esperançosos de que Davi, sob o comando de Deus, fosse capaz de reverter seu destino como nação – para eliminar as divisões e guiá-los com triunfo ao encontro de seus inimigos. Não havia mais ninguém a quem recorrer. Ele era a única esperança de Israel, sua própria vida. Ele era, assim como disseram, “osso de seus ossos e carne de sua carne”. Eles refletiam sobre aquilo que Davi lhes havia sido no passado, nas maneiras em que lhes dera vitória em outros tempos. Queriam ver isto acontecer novamente, mas de uma maneira ainda mais abrangente.
Assim é em todo avivamento genuíno: é preciso que toda atenção do povo de Deus esteja naquele que é nosso líder, aquele que é osso de nossos ossos, nossa vida, nossa saúde, nossa esperança. A centralidade de Cristo em qualquer avivamento, assim como na busca do mesmo, é imprescindível. Ele, e somente ele, é a resposta para nossos clamores por um amplo despertamento espiritual e mundial.
5. A Palavra de Deus foi a base de sua fé. Eles sabiam o que Deus havia falado anteriormente sobre o papel que Davi havia de cumprir, e não aceitariam nada que fosse inferior. Da mesma forma, em todo os avivamentos a Palavra de Deus precisa ser proclamada através de todo o Corpo de Cristo, particularmente a mensagem de quem Jesus Cristo é em nosso meio, como a esperança de todas as coisas gloriosas porvir (Colossenses 1:27). Só assim será formada em nós uma visão forte suficiente para levar as pessoas a orar e a se preparar para um avivamento com confiante expectativa e perseverança.
6. Eles nomearam Davi para cumprir somente um propósito: liderá-los. Eles estavam realmente prontos para se submeter à total liderança de seu senhor, não importando o que isto significasse. Com as mesmas palavras da oração do reformador escocês, Samuel Rutherford, eles estavam dizendo: “Venha e nos conquiste”. Depois esperaram sua resposta. Consagraram-se a ele como súditos do rei a ponto de entrarem em aliança com ele. Disseram que se ele os liderasse, unindo-os e guiando-os à vitória, eles o seguiriam onde quer que ele os levasse, fosse qual fosse o preço. Colocaram suas vidas à disposição até a morte, e o declararam corajosamente.
Finalmente veio a coroação. Ungiram-no com óleo. Mais do que isso, ungiram-no com seus anseios, com seu amor para com ele e com sua fé naquilo que Deus faria através dele. Eles o confirmaram como rei quando abriram as portas de seus corações e de suas tribos, convidando-o a liderar a nação como um todo. E assim ele fez. Ele assumiu seu lugar de direito como rei, manifestando-se a eles como o foco central para o futuro da nação. De fato, a aliança que foi feita foi uma iniciativa do rei.
E esta é a mais vívida aplicação desta passagem a todos os despertamentos espirituais: apenas quando o Rei soberanamente inicia um novo relacionamento com seu povo é que o avivamento vem sobre nós.
Claro que cada um de todos os outros passos são igualmente necessários para que o avivamento venha. Nós precedemos o avivamento com orações que clamem ao Pai para que Cristo reine sobre nós de uma maneira nova e mais poderosa. Estas orações são na verdade uma unção do nosso Rei. Você já havia pensado sobre isto antes? Nossa vida derramada em oração é uma maneira muito especial de coroar Cristo como o Rei dos reis. Também o são todas as respostas de Deus às nossas orações por avivamento. À medida que buscamos sua face, Deus nos leva a uma aliança com seu Filho para sermos totalmente seus no avivamento que está para vir e em todos os seus efeitos em todas as nações.
7. Eles não estavam mais paralisados diante de seus inimigos: Imediatamente Deus começou a responder suas muitas necessidades. Eles marcharam rumo ao cumprimento do propósito de Deus para sua geração. Não estavam mais na defensiva. Não estavam mais intimidados pelo escárnio do inimigo. Eles estavam agora na ofensiva, e atacaram a situação com muita ousadia e coragem. Tudo porque Davi reinava sobre eles, unindo-os, satisfazendo-os com sua presença e indo adiante deles para a batalha.
Os paralelos para com o avivamento são óbvios: em um avivamento genuíno, Deus libera e reanima seu povo para nada menos do que o cumprimento da Grande Comissão.
8. As fortalezas que o inimigo havia edificado contra a obra de Deus foram destruídas. A fortaleza de Sião foi totalmente tomada das forças das trevas que a haviam mantido sob seu domínio, a ponto de mudar seu nome em homenagem ao rei que lhes dera a vitória. Da mesma forma, o avivamento é o maior ato de batalha que o mundo pode testemunhar! Através da presença manifesta de Cristo em sua Igreja, Deus destrói as fortalezas que foram erguidas contra o conhecimento de Cristo e leva os pensamentos (assim como instituições e pessoas) à obediência de Cristo.
9. A cidade (assim como toda a nação) foi transformada. Em primeiro lugar, foi edificada para ser aquilo que Deus queria que fosse. Foi restaurada e também reavivada. Davi tomou a cidade como sua residência permanente, manifestando sua presença a toda a população, de tal maneira que Sião veio a ser conhecida como a “Cidade de Davi”, ou seja, a cidade onde Davi habita, onde ele é ativo, onde ele é o ponto central.
Deus tem o mesmo desejo para nossas comunidades, que Cristo possa ser o foco de nossa atenção em resposta às nossas orações para que sua coroação através do avivamento possa literalmente transformar nossas cidades e torná-las nos lugares onde Cristo habita, age e prevalece.
10. Deus confirmou sua coroação diante das nações. Deus trabalhou através do rei Davi para expandir seu reinado a toda terra. As forças pagãs se submeteram a ele, honraram-lhe e se juntaram a ele. Isto prefigura as muitas maneiras pelas quais o reinado de Cristo triunfou mundialmente nos grande avivamentos do passado, especialmente através de empreendimentos missionários e através de reformas sociais. Deus não tem menos em mente para nossa geração – de fato, muitos sentem que esta ênfase missionária pode ser o avanço final.
Desperte e Coroe-O Rei!
Cada um destes passos na coroação de Davi tem paralelos de aplicação no tipo de coroação que faz parte de todos os avivamentos. É exatamente o que desejamos para este momento. Esta é nossa esperança, que está às portas.
Determinemos em nossos corações nada menos que uma nova coroação de Davi, e que seja uma aproximação da coroação de Apocalipse 5. Que o avivamento mundial para o século XXI seja um ensaio dinâmico da última coroação, pelo poder do Espírito Santo que mobilizará líderes com uma nova visão de guiar pessoas à causa de Cristo. Que venha unir o Corpo de Cristo em apenas um propósito e devoção. Que nos leve à plena consagração e obediência ao Senhor, adorando-o e servindo-o com apenas um coração e voz. Que nos ofereça novas ordens de marcha rumo à missão de Cristo, destruindo as fortalezas inimigas, manifestando a presença de Deus em nossas cidades e nações, trazendo o testemunho de sua obra salvífica diante de todos os povos.
De “The Hope at Hand” (A Esperança às Portas) de David Bryant. Copyright 1995. Usado com permissão por Baker Book House Company.