22 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

O caminho para o avivamento

Por Ted S. Rendall

Leitura Bíblica: Oseias 14

“Serão vivificados …” (Os 14.7). Esta é a chave que abre para nós os tesouros do verdadeiro avivamento que encontramos no capítulo final de Oseias. É o desejo de Deus que seu povo castigado, estéril e apóstata seja gloriosamente reavivado, e essa promessa preciosa garante que, com o avivamento, virá um crescimento garantido e abundante.

O profeta Oseias ministrava em Israel, a nação que era composta de dez tribos, a maior das quais era Efraim. Como aprendemos em Gênesis 41.52, Efraim significa “frutífero”. É por isso que Oseias incorpora muitas referências em sua pregação à ideia de ser frutífero ou infrutífero. Como exemplo de uma imagem de infrutífero, veja Oseias 9.16: “Ferido está Efraim [o frutífero], secaram-se as suas raízes; não dará fruto …”.

Por outro lado, pense na frutificação. Em outro grande texto sobre avivamento, Oseias anuncia as exigências de Deus: “Semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio [terra dura, não cultivada]; porque é tempo de buscar ao Senhor” (Os 10.12). Agora você pode ver por que, no capítulo 14, Oseias expressa a mensagem de restauração em termos agrícolas. A promessa divina é que aquele que ficou estéril por causa do pecado pode ser abençoado e retornar à vida abundantemente frutífera que Deus planejou para nós desde o princípio.

Se esse é o seu anseio neste momento, quero mostrar-lhe como você pode ser avivado e restaurado a uma condição na qual, de acordo com os ensinamentos de Jesus, você dará frutos, mais frutos, muitos frutos e frutos que permanecerão (ver João 15.2-5,16). Para experimentar essa transformação de esterilidade para frutificação, precisamos entender o que o profeta nos disse sobre o caminho de restauração, incluindo o avivamento como chave para crescimento sobrenatural.

A oferta de avivamento

Primeiro, devemos aceitar a oferta de avivamento. Em Oseias 14.1-3, o Deus da graça oferece a seu povo um plano de bênção. Deixe-me enfatizar essa significativa verdade: em nossa fraqueza e infertilidade, Deus vem até nós com uma oferta para restaurar-nos ao lugar de utilidade e fecundidade. Como Norman Grubb explicou: “O próprio Deus é o grande Avivador”. O verdadeiro avivamento consiste em relacionar-se corretamente com ele.

Essa oferta de avivamento incorpora duas características essenciais do caminho para a bênção. Em primeiro lugar, a oferta divina reconhece a seriedade do nosso pecado. Veja como o profeta começa: “Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído” (v.1). Visto que Deus é capaz de nos impedir de tropeçar (Jd 24), então é só o pecado que é responsável pela nossa queda no caminho da luz. Você tropeçou recentemente? Então identifique imediatamente qual iniquidade o fez tropeçar e cair.

No caso de Israel, era sua paixão por deuses falsos, por ídolos, que os fez tropeçar constantemente. O apóstolo João fechou sua primeira carta com um aviso e um apelo: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21). Por ídolos, ele não estava necessariamente se referindo a imagens de ouro, prata e pedra. Um ídolo para um cristão pode ser uma ambição, uma diversão, uma associação, uma afeição ou um vício que fique entre si mesmo e Deus, tornando-o infrutífero.

Infelizmente, muitos cristãos não estão reconhecendo a seriedade de seus pecados contra ele. Alguns dizem levianamente: “Oh, não é nada sério, Deus nem o levará em consideração”. E, ainda mais lamentavelmente, estão sendo ensinados que não é preciso confessar seus pecados. Porém, não é o que Deus disse a seu povo aqui. Pelo contrário, ele alertou: “… pelos teus pecados, estás caído” (Os 14.1).

Mas, observe, em segundo lugar, que essa oferta divina revela os passos a serem dados para avivamento e crescimento. Este é o caminho de volta para o cristão que caiu por causa de pecado. Há cinco simples etapas aqui:

  1. Retorne

Devemos voltar ao Senhor nosso Deus. “Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus …” (v.1). À medida que ouvimos esse apelo, precisamos captar um pouco da paixão e da compaixão do Senhor ao convidar seu povo de volta à comunhão e frutificação. Quando tropeçamos no caminho da santidade, Deus não nos deixa sozinhos para nos recompor e levantar; em vez disso, ele nos levanta e nos fortalece para a próxima etapa da jornada.

  1. Peça purificação e aceitação

“Tende convosco [ou “tomai convosco”] palavras de arrependimento e convertei-vos ao Senhor; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom …” (v.2). Aqui Deus está nos dando uma oração padrão para fazer quando nos apresentamos diante dele. “Perdoa toda iniquidade …”. Você está preparado para isso? Você está pronto para ser liberto não apenas da culpa da sua iniquidade, mas do fascínio com ela?

Considere como Miqueias, o profeta, descreve o que Deus pode fazer. Ele começa: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança?” (Mq 7.18). Isso resolve a questão da culpa do pecado. Miqueias continua: “O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades…” (vv.18-19). Agora, temos a solução para o fascínio ou o poder das iniquidades sobre nós. Graças a Deus! Estamos livres tanto da condenação quanto do domínio do pecado!

  1. Decida dar louvor a Deus

“Ofereceremos (…) os sacrifícios dos nossos lábios” (Os 14.2, AL21). Esta é uma frase muito interessante: “os sacrifícios de nossos lábios” – literalmente, os novilhos de nossos lábios. O que isso significa? Bem, Deus está comparando o louvor e agradecimento de nossos lábios com os novilhos que eram oferecidos no altar do sacrifício. E, como Deus não se contenta com sacrifícios de animais, o povo é exortado a oferecer o sacrifício de seus lábios. Deus ainda quer os sacrifícios de nossos lábios. Em Hebreus 13.15 lemos: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome”.

  1. Renuncie

Há um quarto passo que é essencial. Ao retornar a Deus, devo renunciar a todas as outras fontes de ajuda. “A Assíria já não nos salvará, não iremos montados em cavalos e não mais diremos à obra das nossas mãos: tu és o nosso Deus…” (Os 14.3). É importante ver essas palavras como uma completa renúncia por parte do povo de Deus de tudo em que tinham confiado durante sua apostasia. Na época de Oseias, eles estavam confiando em duas coisas: 1) alianças com potências mundiais, como a Assíria; e 2) ídolos, especialmente os vários baalins. E aqui eles estão sendo chamados a renunciar a esses recursos frágeis e falsos de uma vez por todas.

  1. Reconheça a misericórdia paternal de Deus

O último passo aparece no final do versículo três: “… por ti o órfão alcançará misericórdia”. Aqui está a razão por que alegremente descartamos os falsos deuses. Às vezes, pensamos que a revelação de Deus como Pai tenha sido a partir do Novo Testamento e, certamente, nosso Senhor Jesus aprofundou essa verdade em seus ensinamentos. Entretanto, há sugestões dela já no Antigo Testamento. Aqui está uma das pistas que foram escondidas lá. Visto que Deus é o Pai de seu povo, “o órfão alcançará misericórdia” nele. Há uma bela imagem de Deus como o Pai de seu povo em Oseias 11.3: “Ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braços”. Você pode imaginá-lo, persuadindo, treinando e abraçando seus filhos? Oh, quão misericordioso ele é para conosco apesar de o deixarmos tão frequentemente!

A origem do avivamento

Depois de aceitar a oferta de avivamento e renovação, devemos reconhecer a origem do avivamento. Lemos na mensagem que Oseias recebeu do Senhor: “Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles. Serei para Israel como orvalho…” (14.4-5).

Agora, é essencial que pensemos cuidadosamente nessas promessas, pois muitas pessoas têm a ideia de que o avivamento é, de alguma forma, produzido pelo homem. Há aqueles, por exemplo, que acreditam que se nós pudéssemos criar um novo plano ou programa, uma nova fórmula ou formato, poderíamos trazer o avivamento que desejamos. Há aqueles que procuram pregadores e evangelistas para comover e encorajar o povo de Deus até alcançarem a bênção do avivamento. Mas observe que nesses versículos de Oseias, a ênfase está na parte de Deus, na ação que vem dele. Aqui, o avivamento é visto como a obra de Deus. Três vezes, ele diz: “Eu farei”, confirmando isso sem margem de dúvida. Vamos examinar cada uma dessas afirmações e observar a imagem de Deus que as acompanham.

  1. O grande médico

A primeira imagem de Deus o revela como o grande médico. Deus diz: “Curarei a sua infidelidade”. Por que “curar” a sua apostasia? Porque infidelidade resulta em todos os tipos de contusões e feridas e machucados que precisam “do bálsamo de Gileade” (Jr 8.22). Há uma imagem notável de Deus em Oseias 5.14-15, na qual ele diz: “Porque para Efraim serei como um leão e como um leãozinho, para a casa de Judá; eu, eu mesmo, os despedaçarei e ir-me-ei embora; arrebatá-los-ei, e não haverá quem os livre. Irei e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão”.

A resposta de Israel e de Judá vem logo em seguida: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará…” (6.1-2). Você já ouviu falar de alguém que foi seriamente atacado por um leão e, depois, levantado e curado completamente em três dias? Essa é uma cura sobrenatural, e quando Deus nos cura espiritualmente, ele nos levanta depois para uma vida abundante.

  1. O pai amoroso

Juntamente com a primeira promessa graciosa de curar a nossa apostasia, o Senhor dá uma segunda promessa: “Eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles” (v.4). Aqui está a resposta do pai amoroso. O Senhor acaba de convidar seu povo arrependido para voltar a ele, pois em Deus “o órfão alcançará misericórdia”. E, depois, vem a promessa do Pai: “Eu de mim mesmo os amarei”.

Uma boa ilustração disso é a história do filho pródigo que voltou para casa. Quando ele balbuciou a sua confissão: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho…”, seu pai o amou sem restrições e ordenou a seus servos que trouxessem o melhor manto, o anel de ouro e as sandálias confortáveis – que simbolizavam sua posição como um membro da família. Em seguida, realizou uma grande festa em seu favor (ver Lc 15.11-32). Quando o desviado retorna, o Senhor o ama incondicionalmente. Por que não vir e experimentar sua bênção e generosidade?

  1. O poderoso preservador

Vimos a atuação do Senhor como o grande médico e pai amoroso, mas tem mais. Nós o veremos agora como o poderoso Preservador: “Serei para Israel como orvalho” (v.5). Há uma mensagem importante nessa promessa. A seguir, veja um resumo do que a Bíblia diz sobre o orvalho, tanto como um fenômeno físico, quanto como uma imagem poderosa de influência espiritual:

  • A agricultura, como sabemos, na terra de Israel dependia não somente das chuvas sazonais, mas também dos abundantes e recorrentes orvalhos.
  • Isaque orou por uma bênção sobre aquele que pensava ser Esaú: “Deus te dê do orvalho do céu, e da exuberância da terra, e fartura de trigo e de mosto” (Gn 27.28).
  • Quando o favor de Deus dava lugar a desaprovação, ele retirava o orvalho dos campos de seu povo. Elias anunciou: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra” (1 Rs 17.1).
  • Quando Deus sorriu sobre seu povo após o exílio, o orvalho foi restaurado, como vemos na promessa em Zacarias 8.12: “Haverá sementeira de paz; a vide dará o seu fruto, a terra, a sua novidade, e os céus, o seu orvalho… “ (veja também Dt 33.28).
  • O povo de Deus viu na bênção do orvalho uma imagem de várias qualidades agradáveis. “Como o bramido do leão, assim é a indignação do rei; mas seu favor é como o orvalho sobre a erva” (Pv 19.12). Moisés diz em Deuteronômio 32.2: “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva”.

Agora podemos ver por que Deus diz ao seu povo arrependido: “Serei para Israel como orvalho…”. Ele prometeu conceder-lhe o seu favor, e sua palavra atuaria como um agradável orvalho em suas mentes e corações.

Uma das consequências da apostasia é a esterilidade causada pela falta de chuva, quando tudo está espiritualmente seco. Mas quando voltamos ao Senhor, experimentamos seu favor como orvalho sobre a relva. Que imagem e que promessa! Herbert Lockyer, professor bíblico da Inglaterra, o diz assim: “Aqui temos, representada no orvalho, a obra secreta, despercebida porém eficaz, do Espírito”.

Usado com permissão. Ted S. Rendall é chanceler emérito do Prairie Bible Institute e professor no Stephen Olford Centre.

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