9 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

O coração preparado para o avivamento

Arthur Wallis

“Arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós” (Os 10.12).

Embora Deus seja a fonte de todo o avivamento, existem condições que ele espera que seu povo cumpra antes de estarem prontos para receber o derramamento do Espírito. Oseias nos põe diante delas em uma das declarações mais completas sobre o caminho para o avivamento nas Escrituras. “Arai o campo de pousio [terra dura, não cultivada]” – referindo-se ao preparo do coração; “porque é tempo de buscar ao Senhor, até que…” – oração perseverante; “…ele venha, e chova a justiça sobre vós” – o resultado, que é avivamento espiritual.

Temos aqui, portanto, as duas condições mais abrangentes para o avivamento: preparo do coração e oração que prevalece. Certamente não podemos separá-las, porque, como o versículo sugere, as duas estão intimamente relacionadas entre si. Às vezes, quando as pessoas buscam a Deus de coração, ele lhes mostra seus pecados e esterilidade e, em seguida, vem o quebrantamento. Com outros, é a partir do quebrantamento que eles começam realmente a orar.

Neste artigo vamos considerar o coração preparado para a visitação divina.

Campo de pousio

“Arai o campo de pousio” é a figura que o profeta usa para transmitir essa necessidade do preparo do coração. O que é um campo de pousio? É simplesmente o terreno que, anteriormente, rendeu frutos, mas depois tornou-se, em grande parte, improdutivo por falta de cultivo; em outras palavras, é uma terra que ficou ociosa. A semente pode ser semeada sobre ele em abundância, os céus podem derramar uma chuva copiosa, mas o que adiantaria tanto uma coisa quanto a outra, já que o solo está neste estado de abandono?

Ao olharmos para fora de nós para o estado da Igreja hoje, ao olhar para dentro à condição de nossos próprios corações, não podemos deixar de admitir a precisão da figura de Oseias. Vastas extensões de terra ociosa e endurecida nos corações de cristãos professos certamente constituem a maior barreira para a chuva de avivamento.

As características do campo de pousio devem agora ser examinadas mais de perto.

Em primeiro lugar, é uma terra dura. O solo tornou-se fortemente compactado; os torrões são grossos e ásperos; homens e animais desatentamente o atravessaram formando uma crosta dura e quebradiça. Esta é a maneira como Deus descreve os corações dos crentes quando se tornaram insensíveis aos pecados que entristecem o Espírito Santo, desatentos à sua voz mansa e suave. São corações que se esfriaram em relação ao Senhor e ao seu povo e indiferentes para com os perdidos. São marcados por formalidade no seu cumprimento de obrigações espirituais e por fria ortodoxia em sua defesa da fé.

Esse estado de coração, muitas vezes, leva a uma defesa agressiva e legalista de pontos menores da doutrina ou a um apego inflexível a tradições antigas. Esses são os “que coam o mosquito e engolem o camelo!” (Mt 23.24); “dão o dízimo da hortelã (…) e desprezam a justiça e o amor de Deus” (Lc 11.42). Eles professam muito e possuem pouco; têm todas as expressões corretas, mas poucas experiências certas.

Nesse estado, cristãos podem diligentemente assistir a ministrações da Palavra de Deus, o coração pode ser semeado continuamente com a semente incorruptível, porém não haverá nenhum fruto para santificação, pois, como na parábola, ela caiu à beira do caminho e ficou na superfície, onde é rapidamente devorada pelos agentes do maligno (Mt 13.4). Tais são os “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento [experimental] da verdade” (2 Tm 3.7).

Talvez essa seja a principal razão pela qual parece haver tão pouco resultado efetivo de tantas ministrações da Palavra. Isso tudo é muito verdadeiro na Igreja de hoje: “Tendes semeado muito e recolhido pouco” (Ag 1.6).

Tal dureza de coração também é revelada pela descrença na manifestação do poder de Deus (por exemplo, ver Marcos 3.5; 6.52; 8.17; 16.14). Será que nós que professamos ser seus discípulos estamos escondendo nossa incredulidade sobre a possibilidade de um avivamento sob o disfarce de murmurações sobre “um dia de coisas pequenas”, “fim dos tempos”, ou “era de Laodiceia”? Sondemos nossos corações antes que ele diga sobre nós: “Errais, não conhecendo… o poder de Deus” (Mt 22.29).

Não é evidente que esse estado de coração deve ser tratado antes que possa haver uma manifestação do poder de Deus em avivamento? Com a lição de Israel diante de nós (Hb 3), do povo que não entrou na terra prometida porque seus corações eram endurecidos em incredulidade e desobediência (Hb 3.18-19), fazemos bem em prestar diligente atenção a estas palavras do Espírito Santo: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração …” (v.15).

Em segundo lugar, o campo de pousio é coberto por ervas daninhas. Um dos principais objetivos do cultivo da terra é eliminar ervas daninhas que poderiam sufocar a boa semente ou as plantas em crescimento. Espinhos e cardos fazem parte da maldição e tipificam o pecado (Gn 3.18). Tais ervas daninhas são abundantes no campo de pousio, por isso Jeremias exorta o povo: “Lavrai para vós outros campo novo e não semeeis entre espinhos” (4.3).

Evidentemente, eles não deram atenção às suas palavras, porque ele disse mais tarde: “Semearam trigo e segaram espinhos” (12.13). Cristo também descreveu o terreno, na parábola do semeador, em que espinhos cresceram e sufocaram a boa semente. Onde o cultivo diligente do coração está faltando, pode-se ter certeza de que espinhos e abrolhos abundam. Como o jardineiro sabe muito bem, as ervas daninhas não precisam ser deliberadamente encorajadas a fim de florescer; elas são o produto de preguiça, indiferença e negligência. Um que é maior do que Salomão, aquele que sonda os corações, pode ter que dizer sobre muitos: “Passei pelo campo do preguiçoso… eis que tudo estava cheio de espinhos” (Pv 24.30,31).

Há apenas uma maneira de começar a lidar com tudo o que sabemos que está entristecendo a Deus, obstruindo o nosso crescimento e impedindo o avivamento: arar o solo endurecido. É hora de deixar de desculpar os nossos pecados, chamando-os de defeitos ou fraquezas naturais, ou atribuindo-os a temperamento ou ambiente. É hora de deixar de justificar nossos caminhos carnais e perspectivas materialistas, apontando para outros que se encontram na mesma situação. Os que estão “medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez” (2 Co 10.12).

Devemos encarar nossos pecados honestamente à luz da Palavra, vê-los como Deus os vê e lidar com eles na sua presença. Até que o façamos, é melhor mesmo que Deus retenha a chuva de avivamento: “Porque a terra que absorve a chuva que frequentemente cai sobre ela… se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (Hb 6.7,8).

Em terceiro lugar, o campo de pousio é necessariamente infrutífero. Apesar de abundante semeadura e copiosas chuvas, a terra permanece em grande parte estéril por causa de sua condição. O fruto que Deus espera que o crente produza não é uma questão de atividade religiosa, ou nem mesmo de serviço cristão zeloso, mas de semelhança com o caráter de Cristo: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5.22,23). O fruto é santidade prática em pensamento, palavra e ação; é semelhança com Jesus Cristo. É possível ser zelosamente ativo no serviço cristão e, ainda assim, quando Cristo vem a nós como chegou à figueira, ansiando por fruto, ele não encontrar nada senão folhas.

Quem pode avaliar o intenso anseio de Jesus por achar fruto naqueles que são “lavoura de Deus” (1 Co 3.9)? Todas as ações de Deus conosco, em misericórdia ou em juízo, são projetadas para produzir “frutos”, “mais frutos”, “muito fruto” (Jo 15.2,5). Quanto ele realmente encontra? Quanto é sufocado por ervas daninhas? Pedro explica claramente como devemos fazer para não nos tornar um campo de pousio infrutífero: “reunindo toda a vossa diligência” para produzir o fruto da justiça, para que, segundo ele, “estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, façam com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pe 1.5-8).

Aração da terra

Se a figura do campo de pousio de Oseias é uma descrição precisa do nosso coração, e se estamos profundamente preocupados em remediar tal condição, então devemos enfrentar esta ordem: “Arai o campo de pousio”. Há um sentido em que Deus pode nos quebrar a fim de nos abençoar, mas aqui ele coloca o ônus sobre nós, ordenando que nós mesmos façamos o trabalho de arar a terra. Esperar que Deus, por algum ato soberano, faça por nós o que ele mandou que nós mesmos fizéssemos é tão perigoso quanto nos esforçar, por nós mesmos, a fazer o que ele prometeu fazer em nosso favor.

No caminho do progresso espiritual, as Escrituras colocam grande ênfase no papel que o cristão precisa desempenhar. Lemos: “Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração” (Tg 4.8). E, novamente: “Purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co 7.1). Da mesma maneira, na questão do preparo do coração existe uma responsabilidade que é nossa.

Deus contendeu com Israel, exortando o povo a não ser como os pais: “geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante” (Sl 78.8). Se quisermos ter avivamento, certamente terá de vir do céu, terá de ser o resultado de intervenção divina; no entanto, como podemos esperar que Deus derrame a justiça sobre nós, se antes não ararmos o campo de pousio? As palavras de Samuel devem vir como um desafio para o povo de Deus hoje: “Preparai o coração ao Senhor, e servi a ele só, e ele vos livrará das mãos dos filisteus” (1 Sm 7.3). Você está pronto para atender?

“Arar o campo de pousio” do nosso coração significa trazê-lo a um estado de humildade e contrição diante de Deus, pois esse é o único estado de coração que Deus pode avivar, o único estado que está pronto para a chuva de avivamento. “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).

O humilde

Foi sob a forma de orgulho que o pecado entrou pela primeira vez no universo, por meio do coração de Satanás, e produziu frutos imediatos de voluntariosidade e rebelião (Is 14.12-14; Ez 28.12-17). Foi por meio da tentação do orgulho que Satanás primeiro seduziu Eva (Gn 3.6) e, assim, soprou esse veneno mortal na raça humana. O orgulho se manifesta na exaltação e justificação de si mesmo diante de Deus e do homem. É a sutil e evasiva influência por trás de muitas das obras da carne. Leva rapidamente à desobediência a Deus. Quando contrariado ou humilhado, dá lugar a inveja e amargura. A fim de justificar-se, não hesitará em caluniar ou falar mal dos outros. Para atingir seus fins, pode facilmente rebaixar-se a hipocrisia e engano.

O orgulho é fecundo em todos os tipos de distúrbio e divisão entre o povo de Deus. É, talvez, o maior inimigo do avivamento e o mais difícil de diagnosticar e tratar. A coisa mais enganosa no mundo é o coração do homem, e só Deus pode realmente conhecê-lo. O orgulho está na constituição, no DNA da natureza humana, e somente o Espírito de Deus pode expô-lo. Não adianta tentar sondar o próprio coração, mas só clamar a Deus como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23,24).

Muitas das aflições que surgem no nosso caminho, quer espirituais, quer mentais ou físicas, são apenas a poderosa mão de Deus sobre nós com o objetivo de nos quebrantar diante dele. “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou… para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração…” (Dt 8.2). Se tais experiências de deserto servirão a esse propósito divino ou não vai depender da nossa atitude para com a mão que nos aflige. Se nós pudermos beijar essa mão e dizer: “e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119.75), seu propósito será, seguramente, alcançado. Mas a mão que amolece um coração pode endurecer o outro, assim como o sol que derrete a cera endurece, ao mesmo tempo, a argila.

Você está resistindo ao tratamento de Deus na sua vida? Lembre-se, os poderes de resistência divinos são infinitamente maiores do que o seu. “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus” (Tg 4.6-7). Se você está consciente de qualquer espírito de orgulho, agora é a hora de lidar com ele. Antes de ler mais um parágrafo, curve os joelhos diante do Pai e confesse tudo o que sabe sobre isso. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1 Pe 5.6).

Tiago nos lembra que deve haver honestidade transparente, sinceridade e abertura sobre este passo, pois diz: “Humilhai-vos na presença do Senhor” (Tg 4.10). Se nós simplesmente fizéssemos isso perante os homens, poderíamos ser secretamente orgulhosos da nossa humildade; mas não se pode brincar com Deus, pois “o homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1 Sm 16.7), e ele “pesa todos os feitos na balança” (1 Sm 2.3).

Humilhar a si mesmo não é tomar um lugar mais baixo do que o que nos convém, mas simplesmente tomar o lugar que nos é adequado diante de Deus; não pensar de nós mesmos mais do que devemos pensar, mas pensar “com moderação” (Rm 12.3). Isso significa que ocupamos aquele espaço que nos convém como criaturas diante do nosso Criador, como pecadores diante do Deus Salvador, como filhos diante do Pai Celestial. Será que estamos dispostos a tomar esse lugar? Este é o lugar onde arar o solo endurecido começa. Este é o primeiro passo, dispendioso mas indispensável, para que venha o avivamento; e aqueles que estiverem indispostos a enfrentá-lo devem também deixar de pensar ou falar mais sobre buscar o avivamento.

Você reconhece a importância do passo, mas sente que a exortação não se aplica a você? Então, você pode ser um dos que mais precisam dar atenção à ordem: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar… então, eu ouvirei dos céus, perdoarei… e sararei.” (2 Cr 7.14). O avivamento sob Josias ocorreu quando o rei teve a iniciativa de humilhar-se perante Deus: “Assim diz o Senhor, porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus…também eu te ouvi, diz o Senhor” (2 Cr 34.26,27). Esse tem sido sempre o caminho para a bênção. Quando o povo de Deus se humilha em arrependimento, ele os exalta em avivamento.

O contrito

Deus não apenas aviva “o espírito dos humildes”, mas também “o coração dos contritos”. Quando em humildade tomamos nosso devido lugar diante de Deus, ele pode, então, trabalhar conosco de uma maneira que teria sido impossível antes. O coração fica preparado para esse quebrantamento (ou aração) que gera o avivamento. Para o coração humilhado diante de Deus ou, pelo menos, pronto para ser humilhado, chega uma nova revelação da infinita santidade de Deus e da excessiva maldade do pecado.

A luz que emana do trono ilumina a cruz. O coração é derretido por esse amor incomensurável manifestado no sacrifício do Redentor. O pecado – o nosso pecado – que o pregou ali é visto num terrível contraste.

Nada pode, de forma mais eficiente, trazer uma pessoa a esse estado de coração do que uma visão da cruz. É nessa experiência especial com Deus que o coração é quebrantado em relação ao seu pecado, à sua incredulidade e frieza, e é levado ao arrependimento. O canal que Deus usa em avivamento é o canal de um coração quebrantado.

A tradução da palavra hebraica “contrito” tem o significado original de “ferido” ou “quebrado em pedaços”. Jó a usa ao se defender contra as acusações de seus amigos: “Até quando afligireis a minha alma e me quebrantareis com palavras?” (19.2). Seria bom se as palavras do Todo-poderoso tivessem esse efeito sempre em nossos corações, mas isso não pode acontecer até que haja uma nova experiência com Deus, como muitos exemplos nas Escrituras revelam. O coração contrito é aquele em que tudo o que é pétreo e resistente à vontade de Deus foi reduzido a pó, devido à submissão à ação de sua palavra e de providências divinas. “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17).

Contrição envolve arrependimento diante de Deus, pois todo o pecado é, principalmente, contra ele (Sl 51.4). Deve haver confissão, sem a qual não pode haver perdão ou limpeza (1 Jo 1.9), e confessar significa identificar-nos com o nosso pecado diante dele, apontar para ele e reconhecer: “Senhor, isto foi culpa minha”.

Muitas vezes, nosso pecado pode não ter sido um assunto particular entre Deus e nós; outros também foram envolvidos. Por exemplo, o pecado que o Espírito está trazendo à consciência pode ser algo que prejudicou outrem por algum ato fraudulento ou indelicado. Pode ser que palavras amargas e prejudiciais foram ditas para alguém ou sobre ele. Pode ser que tenhamos criticado duramente outras pessoas, destruindo por trás seu caráter, exagerando os seus defeitos aparentes ou apresentando-os sob a pior luz possível. Pode ser que não tenhamos dito ou feito tal coisa, mas que tenha sido a atitude que assumimos para com os outros: que tenhamos nos recusado a perdoar de coração alguém que nos ofendeu; ou que um espírito de inveja, amargura, ou malícia tenha dominado o nosso pensamento em relação a essa pessoa. Onde o Espírito Santo nos convence de tais pecados contra os outros, confissão a Deus por si só não resolve e não poderá resolver a situação.

O Senhor Jesus disse: “Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt 5.23,24). Deus não pode aceitar e abençoar nossas ofertas de culto, de serviço ou de substância, nem pode conceder a seus filhos o perdão paternal até que, antes, tenhamos lidado com tais relacionamentos errados. Os termos do mandamento de Cristo são simples: “vai primeiro reconciliar-te” e, em seguida, aproxime-se de Deus.

Já que todo pecado é primariamente contra o Senhor, deve haver sempre confissão a ele. Nos casos em que os outros foram afetados ou injustiçados, o Espírito de Deus indicará qualquer confissão que precise ser feita. A sensibilidade do Espírito Santo é necessária ao confessar para alguém contra quem tenhamos errado, para que não o firamos ainda mais por meio de nossa confissão. Às vezes, a confissão deve ser acompanhada de restituição, isto é, a restauração daquilo que temos indevidamente obtido ou retido. Trata-se de desfazer, na medida do possível, do resultado de todo erro que tenha afetado os outros.

É uma questão profundamente solene buscar a face de Deus para o avivamento, pois ele pode não tratar conosco da mesma maneira como trata com os outros. Nenhum sacrifício feito para o bem do avivamento pode ser aceito como um substituto para a implícita e inquestionável obediência de todo o coração. “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22). Finny colocou o dedo na raiz da questão quando descreveu avivamento como “um novo começo de obediência a Deus”. “Ah! Se o meu povo me escutasse, se Israel andasse nos meus caminhos! Eu, de pronto, lhe abateria o inimigo e deitaria mão contra os seus adversários” (Sl 81.13,14).

O caminho para o avivamento

Aqui, então, está a primeira grande condição para o avivamento: um quebrantamento de coração, que o torne sensível ao menor toque do Espírito, e que só precise conhecer a vontade de Deus para fazê-la. Quando você atravessa o campo de pousio, não dá para ver as pegadas dos pés – nenhuma impressão foi feita. Mas quando o arado e a grade tiverem feito o seu trabalho e o solo for macio, a pegada do pé passa a ser claramente visível. Quando nossos corações são sensíveis, receptivos e impressionáveis para os movimentos de Deus em qualquer ponto da nossa vida, podemos estar certos de que o solo endurecido já foi arado.

Caro leitor, você já chegou a este ponto? Está disposto a permitir que Deus o leve para lá? Se assim for, o primeiro passo dependerá de você. Deve haver, nas palavras do santo Robert Chapman: “um olhar para trás e uma nova disposição diante de Deus para lidar com iniquidades passadas”. Esse é o caminho para um coração humilde e contrito.

Tendo visto o que está implícito neste mandamento de arar o campo de pousio, vamos, ao mesmo tempo, lembrar que arar não é colher; que arar o campo de pousio não é a vinda da chuva; e que arrependimento não é avivamento. O primeiro é o caminho para o segundo. O agricultor não tem interesse em arar, senão como preparação indispensável para a colheita.

Fazer do quebrantamento um fim em si mesmo, em vez de um meio, não é somente perder o efeito mais completo que Deus deseja, mas também um possível caminho para introspecção doentia ou, até mesmo, escravidão definitiva. Mas como é que vamos saber quando a aração foi feita de acordo com o desejo de Deus? Somente ele o pode revelar a nós, como Isaías afirma: “Pois o seu Deus assim o instrui devidamente e o ensina” (Is 28.26).

Não podemos, é claro, colocar esses diferentes processos de preparação em compartimentos estanques, pois são muito intimamente relacionados e dependentes um do outro. Assim como o homem que está semeando ou colhendo irá, dentro de alguns meses, arar mais uma vez, da mesma maneira Deus muitas vezes precisa levar o servo quebrantado de volta das etapas de semear e colher para um processo de aração mais profundo e completo. Mas com todos esses ciclos divinos deve haver progresso. Se um movimento não leva à colheita, pode-se questionar se é avivamento no sentido pleno da palavra.

Condensado de “In The Day Of Thy Power” (No dia do teu poder), por Arthur Wallis, © 1956 por Arthur Wallis. Usado com permissão de sua família.

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Respostas de 8

  1. Gloria a Deus!!! Precisamos viver a vida de Jesus Cristo, este estudo nos leva uma vida prática do cristianismo. Muito obrigado.

  2. Pousio era um tempo que a terra permanecia sem cultivo, para descanso da terra e recuperação da mesma. Evidentemente, cresce mato e espinho, além de outras coisas, mas ficava se recuperando para voltar produzir.

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