19 de junho de 2025

Ler é sagrado!

O Que Fazer Quando a Fornalha Fica Cada Vez Mais Quente?

Alec Brooks

Temos ouvido falar muito sobre fé ultimamente. Dizem que, se tivermos fé o bastante, podemos receber o que quisermos. Nunca precisaremos ficar doentes e bênção material alguma nos faltará. Enfermidade ou necessidade são indicações de grande falta de fé.

A Bíblia é considerada por muitos cristãos como um talão de cheques. As promessas são os cheques, e Deus é o banqueiro celestial, pronto para descontar nossos cheques pelo valor que pedirmos.

Embora eu não deseje, de forma alguma, diminuir nem desencorajar a fé, acredito ser necessário um ensino de “contrapeso”, que enfatize a essência da fé bíblica, que evite os extremos de presunção de um lado e de incredulidade do outro. Fé não é simplesmente confessar as palavras da Bíblia ou fazer afirmações positivas. Fé é colocar nossa confiança no próprio Deus. É permitir que Deus seja para nós o que ele já é em si mesmo. É confiar que Deus será para mim o que ele acha que eu preciso que ele seja, não o que eu acho que ele deva ser.

Fé não é confiar em promessas, mas na Pessoa que fez as promessas. Fé é reconhecer que Deus é o Senhor soberano do Universo, livre para agir conforme seu amor, para fazer o que é sábio e bom para todos os seus filhos em todas as circunstâncias.

As promessas de Deus nos são dadas como uma garantia ou caução de seu propósito, que seria não apenas nos fazer felizes, mas também santos ao nos tornar semelhantes a Jesus. Ele mostra isso claramente em Romanos 8.28-39, onde promete que, conforme confiamos nele em todas as circunstâncias da vida, ele cumprirá seus propósitos – que é nos tornar parecidos com Jesus. Nos versículos 35-39, Paulo nos diz que algumas dessas circunstâncias podem acarretar tribulação, perseguição, fome ou nudez (pobreza); e ele nos garante que, não importa o que nos aconteça, sempre teremos a presença de Deus.

Vivemos em um mundo anormal. Não foi assim que Deus o criou, e não será assim quando Deus o restaurar por completo. Este é um mundo em que a pobreza, a doença e o sofrimento são realidades que afetam a todos nós, de alguma forma. Não temos garantias de que desfrutaremos de saúde perfeita nem de que estaremos livres de escassez até que o reino de Jesus esteja inteiramente estabelecido. Até que isso aconteça, nós, como cristãos, fazemos parte de um mundo em que o pecado, o egoísmo e a injustiça social produzem incontáveis sofrimentos.

Rejeitamos o evangelho social que coloca sua confiança em homens ou em projetos humanos como a resposta final para os problemas do mundo. Mas também devemos rejeitar o evangelho da fartura, que promete que Deus concedeu livramento de sofrimento e escassez a uns poucos, aos que tiverem fé o bastante.

A glória de Deus é vista não apenas por sua habilidade intrínseca para realizar grandes feitos, mas também por seu caráter, que é o amor santo. Ele é glorificado por meio de seu povo, como foi com Jesus – não porque nada lhes faltasse, mas por sua obediência e confiança no Pai em todas as circunstâncias da vida, seja na fartura ou na escassez, no sofrimento ou na riqueza.

Podemos ver isso expresso de uma forma maravilhosa em Habacuque 3.17-19: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas videiras; ainda que o produto da oliveira falhe, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado do estábulo e não haja gado nos currais; mesmo assim, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força! Ele fará os meus pés como os da corça e me fará andar sobre os meus lugares altos…”.

O testemunho do cristão que glorifica o Pai não é aquele em que ele caminha pelo mundo intocável, longe de problemas, mas aquele em que ele vive no mundo sem medo, sabendo que, não importa o que aconteça, ele tem a presença de Deus para confortá-lo e sustentá-lo.

Isso fica claro em Hebreus 11, onde Deus nos ensina o que é fé – e o que ela faz. Lemos ali sobre homens e mulheres que encontraram livramento e experimentaram milagres, mas também temos aqueles que sofreram e morreram. Apesar das suas circunstâncias, eles tinham algo em comum: conheciam a Deus, confiavam plenamente nele e foram aprovados por ele.

Fé não se baseia apenas nas promessas de Deus, mas na pessoa de Deus. A fé cresce com o conhecimento de Deus. Fé é a reação normal daquele que conheceu Deus como ele realmente é.

Quando Deus apareceu a Abraão, em Gênesis 17, ele fez várias promessas. Mas antes de dizer a Abraão tudo o que faria, ele disse que era o Deus suficiente para realizar tudo o que prometera fazer em e por meio de Abraão.

Deveríamos agradecer a Deus por todas as promessas que ele nos deixou em sua Palavra. Deveríamos orar pelo enfermo e confiar em Deus pela cura. Deveríamos continuar, de todo o coração, a crer que Deus supre todas as nossas necessidades. Contudo, quando a cura não acontece ou quando nossas orações não são respondidas da maneira que gostaríamos, nossa atitude deveria ser a de Sadraque, Mesaque e Abednego, em Daniel 3, quando eles dizem ao rei: “O nosso Deus, a quem cultuamos, pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei. Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não cultuaremos teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (v. 17,18).

O compromisso deles era com Deus, a quem eles reconheciam como soberano e que fazia o que era certo e bom, e eles estavam dispostos a confiar nele sem se importarem com as consequências. Foi na fornalha que eles encontraram Deus e o livramento. Como resultado de sua fé, o nome de Deus foi honrado em uma nação pagã.

Deus se alegra naqueles que confiam nele nos dias bons e nos dias difíceis. Ele se faz conhecido a eles e é glorificado por eles. O que capacitou Davi a enfrentar Golias sendo que os outros fugiam de medo do gigante? A diferença era a perspectiva. Os outros se comparavam com Golias; Davi via Golias como uma gota diante de Deus, de sua fidelidade e de seu poder. Os outros estavam preocupados com sua própria segurança; a principal preocupação de Davi era a glória de Deus.

Davi não estava sendo presunçoso quando atacou Golias. Ele havia passado muitas horas a sós na presença de Deus, e havia provado do poder de Deus.

Quando Jesus foi pregado à cruz, ele clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” Ele estava sofrendo por nós para que jamais precisássemos nos separar do Pai. Não importa quão quente esteja a fornalha, sabemos que aquele que disse: “Nunca te deixarei, jamais te desampararei” (Hb 13.5) está conosco. Porque ele e seu propósito são imutáveis, sairemos mais puros e fortes do que nunca. “Tende fé em Deus” (Mc 11.22).

    – Extraído de Message of The Cross.  Reeditado de uma edição anterior de Herald of His Coming.

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