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Olhando para Jesus!

J. C. Ryle (1816-1900)

O segredo para um cristianismo diário que tenha dinamismo e poder é ter sempre “os olhos fitos em Jesus” (Hb 12.2). A gloriosa companhia dos apóstolos, o nobre exército de mártires e os santos de todas as épocas e regiões que deixaram sua marca na humanidade e transtornaram o mundo – todos, todos eles tinham uma mesma marca em comum. Eram pessoas que viveram com “os olhos fitos em Jesus!”

Na frase “olhos fitos em Jesus”, é útil e interessante lembrar que a palavra em grego traduzida para nossas Bíblias como “fitar” só é encontrada no Novo Testamento nesse versículo. Uma tradução literal seria “olhar para algo muito distante”, desviar o olhar de outras coisas para um só objeto, contemplando-o, encarando-o, fixando nele os olhos. E o que temos que olhar, veja bem, é uma PESSOA – não é uma doutrina, não é um dogma teológico abstrato, mas uma pessoa viva; e essa pessoa é Jesus, o Filho de Deus!

O primeiro e mais simples modelo de cristão era de alguém que amava uma pessoa divina e confiava nela. Os primeiros crentes conheciam, criam, amavam e teriam morrido por um Salvador vivo, um verdadeiro Amigo pessoal dos céus, o próprio Jesus, o Filho de Deus crucificado e ressurreto. As igrejas de hoje fariam bem se praticassem mais esse cristianismo simples, se conseguissem conhecer melhor a Pessoa de Cristo.

Se ter “os olhos fitos em Jesus” é o verdadeiro segredo para um cristianismo saudável e vigoroso, o que essa frase significa?

Contemple sua morte

Se quisermos olhar para Jesus da forma certa, deveremos fitar sua morte todos os dias como a única fonte de paz interior. De fato, existe somente uma fonte de paz revelada nas Escrituras: o sacrifício da morte de Cristo e a expiação do pecado que ele proporcionou pela morte na Cruz no nosso lugar. Para obter uma parcela dessa grande paz, precisamos apenas, pela fé, “fitar os olhos” em Jesus como nosso Substituto e Redentor, aquele que levou, no madeiro, nosso pecado em seu próprio corpo, lançando todo o peso da nossa alma sobre ele.

Para desfrutar dessa paz regularmente, devemos continuar a olhar para o ponto lá atrás onde começamos e levar diariamente a ele todas as nossas iniquidades, lembrando todos os dias que “o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53.6). Sigamos com ousadia, “os olhos fitos em Jesus”, dizendo a ele diariamente: “Jesus, ainda sou falho – mas o Senhor sofreu em meu lugar! Eu creio em tua palavra e descanso a minha alma em ti”.

Contemple a intercessão de Cristo

Em segundo lugar, para olhar corretamente para Jesus, devemos confiar diariamente em sua vida de intercessão nos céus como nossa principal fonte de força e socorro. Certamente, como verdadeiros cristãos, sentimos que precisamos da ajuda do Todo-Poderoso diariamente em nossa vida.

Quando começamos a seguir o caminho estreito – com perdão, graça e um novo coração –, logo descobrimos que, se dependesse de nosso esforço, jamais chegaríamos ao nosso verdadeiro alvo. Cada manhã traz consigo tanta coisa para fazer, suportar e sofrer que nos sentimos tentados a nos desesperar. Tão fraco e traiçoeiro é o nosso coração, tão empenhado é o diabo, tão opressor e enganoso o mundo, que às vezes nos sentimos meio inclinados a olhar para trás e voltar para o Egito.

Creio que o grande conselho bíblico para todos os que se sentem impotentes diante dessa situação seja olhar para o alto, para Cristo nos céus, mantendo firmemente diante de nossos olhos sua intercessão, à direita de Deus. Devemos aprender a olhar para cima, para longe de nós e da nossa fraqueza, fitando a Cristo nos céus. Devemos procurar manter sempre em mente que Jesus não apenas morreu por nós e ressuscitou, mas que ele também vive como nosso advogado junto ao Pai e nos representa nos céus.

Isso, certamente, estava na mente de Paulo quando ele disse: “Se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!” (Rm 5.10).

E foi o que ele quis dizer quando fez a seguinte afirmação: “Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, que ressuscitou e está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34).

Foi isso, acima de tudo, o que o autor de Hebreus tinha em mente quando disse: “Portanto ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles” (Hb 7.25).

Que fonte de conforto diário obtemos no pensamento de que temos um advogado junto ao Pai, um advogado que nunca dorme nem cochila, cujos olhos estão sempre sobre nós, que pleiteia continuamente nossa causa e nos concede novos suprimentos da graça, que nos vigia em cada momento e em todo lugar, que nunca se esquece de nós, mesmo que nós, em nossas idas e vindas, entre afazeres e tarefas do dia a dia, nem sempre nos lembremos dele! Quando lutamos no vale contra Amaleque, temos alguém que é maior do que Moisés e que está sempre com as mãos estendidas por nós nos céus. É por meio de sua intercessão que vamos prevalecer.

Contemple seu exemplo

Em terceiro lugar, se vamos olhar para Jesus da forma correta, devemos diariamente observar seu exemplo como nosso principal padrão de conduta.

Talvez tenha sido isso o que nosso Senhor quis dizer quando afirmou: “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz” (Jo 13.15). E também o que Paulo queria dizer quando escreveu: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1 Co 11.1). E o que João pensava quando disse: “Aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou” (1 Jo 2.6).

O objetivo principal da predestinação de cada um de nós é “para ser conforme à imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Que nós, cristãos, sigamos todos os passos da caminhada de nosso Mestre, desde a carpintaria de Nazaré até à Cruz do Calvário. Ele é sempre o mesmo – sempre santo, inofensivo e imaculado; sempre perfeito em palavras e ações.

Veja a maravilhosa combinação de características aparentemente opostas que podemos observar no caráter de Jesus. Ousado e sincero quando se posicionava contra a hipocrisia e o farisaísmo; sensível e compassivo quando recebia o maior dos pecadores. Profundamente sábio quando debatia diante do Sinédrio; simples a ponto de uma criança poder compreendê-lo, ao ensinar aos humildes. Paciente com seus discípulos mais fracos, sereno diante de provocações mordazes. Atencioso para com todos a seu redor; compreensivo, solidário, desprendido, dependente do Pai, transbordante em amor e compaixão, extremamente altruísta, focado nos interesses do Pai, sempre pronto para fazer o bem, incessante no servir a outros e nunca esperando que outros o servissem. Que outra pessoa no mundo portou-se como Jesus de Nazaré?!

Que possamos cultivar o hábito de olhar para Cristo como nosso modelo, assim como nossa salvação. Vamos nos empenhar e orar para fazer da disposição e do temperamento de Jesus a nossa referência e padrão de conduta diária.

Contemple a sua segunda vinda

Em quarto lugar, a fim de olhar para Jesus corretamente, devemos ansiar pela chegada da sua segunda vinda como a mais verdadeira fonte de esperança e consolo. Que os primeiros cristãos aguardavam a segunda vinda do seu Mestre ressurreto é um fato incontestável. Não conseguimos ler as epístolas sem notar que uma das principais fontes de consolo era a esperança do seu retorno. Eles se agarravam firmemente na antiga promessa: “Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir” (At 1.11).

Em todas as provações e perseguições, sob imperadores romanos e soberanos pagãos, eles confortavam uns aos outros com o pensamento de que seu próprio Rei em breve voltaria e defenderia sua causa. Seus perseguidores e opressores logo seriam varridos e o grande Pastor daquelas ovelhas reuniria o rebanho em segurança. “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador”; “…e esperar dos céus a seu Filho”; “pois em breve, muito em breve ‘Aquele que vem virá, e não demorará…’”; “sejam pacientes até a vinda do Senhor” (Fp 3.20; 1 Ts 1.10; Hb 10.37; Tg 5.7).

Creio firmemente que, no plano de Deus, a expectativa da segunda vinda deveria ser a esperança da Igreja de todas as épocas. Isso deveria ser o consolo dos cristãos nestes últimos dias tanto quanto foi nos dias da igreja primitiva. E eu duvido que tenha havido um período na história em que foi tão essencial ter em mente a chegada da segunda vinda quanto o é nos dias de hoje. Quem consegue olhar para os acontecimentos globais e não ter a sensação de que este mundo velho e falido precisa de uma reforma, de uma nova ordem?

O cimento que manteve firmes, até hoje, as colunas da estrutura da sociedade humana parece estar se desfazendo. Em todo lugar ouvimos que há inquietação, anarquia, ilicitudes, inveja, ciúme, desconfiança, suspeita, desgosto, persistência de todo tipo de mal – guerras, fome, pestilência, imoralidade, uma relativa apatia em igrejas e uma aflição universal de nações em perplexidade.

E quem consegue examinar seu círculo pessoal de amizades, seja ele grande ou pequeno, e não enxergar tantas coisas tão dolorosas e desoladoras? Onde está o atento cristão que deseja que as coisas melhorem e que se pergunta: “Até quando, Senhor, fiel e verdadeiro, quanto tempo mais continuaremos a semear com lágrimas, a cuidar de feridas e a beber de cálices amargos, disciplinando e partindo, sepultando e pranteando? Quando será o fim dessas coisas?”

Agora, eu creio que a verdadeira fonte bíblica de consolo diante de tudo o que nos aflige, seja na vida pública ou privada, é manter firmemente nossos olhos voltados para a Segunda Vinda de Cristo. Reitero que devemos “esperar ansiosamente por Jesus”. Devemos compreender e nos apegar ao fato de que o justo Rei deste mundo retornará em breve e receberá de volta aqueles que lhe pertencem; devemos entender que Jesus derrotará o velho usurpador, o diabo, e removerá a maldição de sobre a terra.

Vamos cultivar o hábito diário de ansiar pela ressurreição dos mortos, pela reunião dos santos, pela restituição de todas as coisas, pela dissipação da tristeza e do pecado – e pelo novo Reino, com seu governo de justiça.

Precisamos aprender a firmar nossas esperanças na Segunda Vinda de Cristo, precisamos aprender a trabalhar, a observar, a esperar confiantemente – como quem espera pelo amanhecer –, sabendo com toda a certeza que, no tempo determinado pelo Pai, “o Sol da justiça se levantará trazendo cura em suas asas”.

Que o tom de seu cristianismo seja a frase do nosso texto – “os olhos fitos em Jesus!” Jesus morrendo, Jesus intercedendo, Jesus como exemplo, Jesus voltando. Fixe os olhos firmemente nele, se de fato estiver correndo com o objetivo de obter o prêmio. Façamos um pacto conosco mesmos no qual, a partir de agora, tentaremos correr nossa corrida, lutar nossas batalhas, desempenhar nosso ofício, servir nossa geração como pessoas que nunca deixam de manter “os olhos fitos em Jesus”. Olhemos para ele enquanto vivermos até que o vejamos face a face, quando morrermos. Então, na última grande assembleia, com grande alegria a fé será finalmente substituída pela visão, veremos como somos vistos e conheceremos como fomos conhecidos!


 

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