30 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Os Que Esperam no Senhor

John Wright Follette (1883-1966)

“Mas os que esperam no SENHOR renovarão suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; andarão e não se fatigarão” (Is 40.31).

Essa é uma promessa muito conhecida; a maioria de nós tem prazer em repeti-la para conforto e para fortalecer um coração desfalecido. Mas as bênçãos citadas no versículo não são bastante incomuns em nossa vida? Receio que, na verdade, muitas vezes corremos e nos cansamos, andamos e nos fatigamos.

Vamos examinar a passagem novamente: “Os que esperam no Senhor…”. Aqui, encontramos uma condição da qual dependem as quatro bênçãos que se seguem. A única condição, esperar em Deus, está inteiramente ao alcance de todos, não importa a idade, condição ou ambiente. Deus fez isso propositalmente, para que todos tenham plenas condições de experimentar suas bênçãos. Nem todos serão capazes de pregar, ensinar, sair como missionários ou servir em algum ministério público, mas todo cristão pode esperar no Senhor.

Aqui está mais uma palavra de ânimo para nós: as quatro bênçãos prometidas estão no tempo futuro: renovarão, subirão, correrão, andarão, o que significa que expressam uma promessa do Senhor Deus. Isso concede poder e autoridade à palavra. Não é uma palavra ou promessa de homem, cujo cumprimento depende da fragilidade humana, mas da Palavra de Deus no céu, tão pura quanto o nome e o caráter do Senhor.

A questão, então, diz respeito à nossa parte, que é esperar em Deus. Se a única condição for atendida, temos a garantia de receber a bênção. Consequentemente, a ausência da bênção prova que ou não atendemos à condição estabelecida no início do versículo ou não compreendemos seu significado.

O que a Escritura quer dizer com “esperar” em Deus? Eu gostaria de considerar três usos da palavra e, assim, ministrar ao nosso coração o que Deus quer dizer quando nos instrui a “esperar no Senhor”.

Em primeiro lugar, vamos abandonar essa ideia, comum a todos, de que esperar no Senhor está relacionado a orar, no sentido generalizado de fazer súplicas ou interceder. Esperar nele não significa que não devemos orar. A oração tem um lugar importantíssimo e único na vida do cristão, e eu gostaria muito que entendêssemos mais plenamente sua importância e poder, mas a oração não é o tema, aqui.  Assim como a oração tem papel e lugar distintos na vida do cristão, esperar no Senhor também tem lugar e significado distintos. Que o Espírito Santo nos ajude a obter um entendimento mais claro de seu significado para que, tendo orado, saibamos esperar no Senhor com inteligência e fé. A oração precede a espera. São elementos inseparáveis.

Ao estudar esse tema, pude observar que a Bíblia nos fala muito sobre esperar. O tema é mencionado 76 vezes no Antigo Testamento, com 25 sentidos diferentes; no Novo Testamento, “esperar” aparece 21 vezes, com oito significados distintos. Os muitos usos dessa palavra podem ser divididos e agrupados em quatro segmentos, fornecendo à palavra quatro sentidos mais amplos. Eu gostaria de refletir sobre esses quatro conceitos e, assim, abrir nosso coração para o que Deus quer dizer com esperar no Senhor.

Silêncio

O primeiro significado da palavra é silêncio – ficar quieto. Isso não parece uma oração de intercessão, não é? Certamente não, pois pressupõe-se que a oração tenha precedido a espera; após a oração, a alma deve se aquietar e, em silêncio prostrar-se em fé, e esperar diante de Deus. Depois de abrir nosso coração desfalecido, nossa súplica é levada pelas asas da oração e, no silêncio, ela sobe cada vez mais e alcança o trono do Pai. E, enquanto o Pai a tudo ouve e começa a agir, a alma mergulha no silêncio, na espera. O salmista usa o mesmo significado dessa palavra no Salmo 62. “Somente em Deus a minha alma descansa, dele vem a minha salvação. Ó minha alma, descansa somente em Deus, porque dele vem a minha esperança” (Sl 62.1,5).

É como se, sob grande pressão ou numa grande provação, ele tivesse encontrado um conforto substancial na oração e encorajado seu coração com a esperança da ajuda de Deus; assim, na quietude da fé, ele se entrega a Deus. Essa espera é como o orvalho que desce do céu e refrigera nosso agitado coração.

Vivemos dias de intensa atividade. A própria atmosfera está carregada de uma sensação de pressa e afobação. Esse sentimento influencia grandemente nossa vida espiritual, prejudicando seu desenvolvimento. Nossa alma é afetada por muitos ruídos. Isso não atrapalha apenas nossa vida de oração. Quando nosso coração está muito angustiado e sobrecarregado, oramos, procurando separar um tempo para depositar nossas petições diante do trono. Mas muitas vezes, nos levantamos rapidamente, deixando a presença de Deus e, às vezes tentamos responder à oração com nossos próprios esforços. Oramos, mas não esperamos no Senhor.

Não precisamos ter medo de ficar em silêncio na presença de Deus, pensando que é tempo perdido. Ele não quer que passemos o tempo todo falando – repetindo todas as coisas que ele já sabe mais do que nós. Precisamos de tempo para nos ajustar a ele, para focar nossa visão, acalmar nosso coração e sujeitar nossa mente. Não conseguimos tudo isso por meio de oração. Orações são necessárias. São os mensageiros alados que levam nossos pedidos a Deus. Mas é naquele momento de silêncio diante dele, quando esperamos silenciosamente em sua presença, que o milagre acontece.

Expectativa e esperança

O segundo significado da palavra traz a ideia de expectativa e esperança. Esse uso da palavra aparece 22 vezes. Esperar em Deus significa esperar algo de Deus. Uma verdadeira “reunião de espera em Deus” é uma reunião de expectativa. Implica dependência. O homem natural é muito autossuficiente. Ele faz tudo com suas próprias forças, esperando que sua habilidade natural ou seus amigos ou as circunstâncias o ajudem.

A tendência nas pregações e nos ensinamentos nos dias de hoje apenas reforça essa independência. Isso impregnou o mundo religioso e, hoje, querem nos ensinar que somos nosso próprio salvador – não precisamos esperar ajuda de ninguém, somente de nós mesmos. Que contraste com o que a Palavra nos ensina! É bem verdade que, no plano natural, há ocasiões em que o homem precisa ajudar a si mesmo e não depender de outros. Mas na vida espiritual, aprendemos a desconfiar de nós mesmos e a depender do poder do Espírito Santo.

Como cristãos, talvez tenhamos aprendido essa lição no início de nossa conversão e estejamos plenamente convencidos da necessidade da ajuda de Deus naquela esfera. Porém, será que estamos plenamente convencidos da absoluta necessidade de esperar nele para obtermos tudo o que precisamos para a manutenção dessa nova vida? Lembre-se das palavras de Paulo: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18) – e das palavras de Cristo: “Não posso fazer coisa alguma por mim mesmo” (Jo 5.30).

Precisamos verdadeiramente colocar nossa expectativa em Deus. Ele é muito paciente para efetuar, pouco a pouco, essa desilusão conosco mesmos. Ele tem seus próprios métodos, mas se nos submetermos às suas ordens, ele reduzirá nossa autoconfiança, nos cercará e nos despirá até que, como o salmista, clamemos: “…dele vem a minha esperança” (Sl 62.5).

“Espera pelo SENHOR; anima-te e fortalece teu coração; espera, pois, pelo SENHOR” (Sl 27.14). Aqui, novamente encontramos Davi sob pressão e bem próximo ao desânimo. Ele se recusou a confiar em seus próprios esforços; olhou para além da fragilidade do homem natural e, com uma fé triunfante, seu coração canta para Deus: “dele vem a minha esperança”.

Ficar atento

O terceiro significado para a palavra “esperar” é aguardar, vigiar, estar atento. Isso significa que todos os nossos sentidos espirituais devem estar ativos, alertas e em expectativa. Esperar significa que devemos estar quietos e perto dele para podermos perceber até os mais imperceptíveis gestos de sua parte. Nosso coração deve ser sensível o bastante para perceber o mais tênue sinal e discernir rapidamente a voz do Senhor. O significado é claramente apresentado em Provérbios 8.34: “Feliz é o homem que me dá ouvidos e que a cada dia fica vigiando diante das minhas entradas, esperando junto ao portal de entrada”.

“Quem cuida da figueira comerá do fruto, e quem cuida de seu senhor será honrado” (Pv 27.18).

Temos aqui um homem, talvez servo ou soldado, esperando à porta ou ao portão de entrada. Ele não sabe quando seu mestre abrirá a porta para lhe dar uma missão ou, talvez, um presente. Para o homem à espera, não importa. Seu dever é esperar (aguardar, vigiar). Não é o esperar de um desocupado ou de um sonhador. É a espera confiante de quem está cingido e preparado.

Não teremos de vigiar ou observar atentamente os movimentos de Deus por muito tempo antes que ele nos entregue alguma palavra de instrução. Quando ele nos confiará algo, como uma missão, uma mensagem para falar ou escrever, uma direção para orar, visitar ou louvar? Quando estivermos perto o suficiente para sentir o que está em seu coração e capacitados, assim, a manter comunhão com ele a respeito de sua obra.

Muitos hoje não compreendem o mover de Deus no mundo e o que ele pensa sobre as condições atuais porque não estão perto ou quietos o suficiente para observar o Senhor. Como cristãos, hoje, nossa fé não deve ser abalada por causa das condições do mundo ao nosso redor, porque sabemos o que essas condições significam. Temos visto e continuamos a ver a mão de Deus em tudo e nosso coração responde com uma profunda confiança sobrenatural na certeza de que Deus se levantará e que nossa redenção está próxima.

Servir

O quarto sentido de esperar é servir, ou ministrar, e segue de perto o terceiro sentido, de vigiar. Pode-se perceber claramente essa conotação em 2 Samuel 23. Muitos homens valentes serviram Davi, mas três se destacaram. O que eles tinham de especial?

Certo dia, Saul caçava Davi “como quem persegue uma perdiz nos montes”, como ele mesmo diz, muito antes de tornar-se rei, e somente a fé o poderia ver como rei. As tropas dos filisteus estavam em Belém, e Davi disse: “Quem me dera beber da água da cisterna que está junto à porta de Belém!”

Davi não deu nenhuma ordem, mas três de seus homens ouviram o desejo que emanava do seu coração e, arriscando suas vidas, romperam pelo acampamento dos filisteus para tirar água da cisterna que ficava junto ao portão. Lutando por suas vidas, voltaram com a água para Davi. Eles estavam perto e quietos o suficiente para ouvir o suspiro de Davi; e, para eles, aquele suspiro era uma ordem.

Estamos esperando?

Bênçãos maravilhosas demais dependem dessa única condição: esperar. Nós esperamos? Estamos nos aquietando diante de Deus? Nossa expectativa está nele ou está em nós mesmos, em amigos ou circunstâncias? Estamos atentos para ver seu mover para poder servi-lo?

Como poderíamos reunir todos os significados de esperar em Deus em uma única definição?

Esperar em Deus é ter o coração quieto ou tranquilo numa atitude de expectativa, a fim de ouvir o que ele possa ter a dizer e cumprir a sua instrução.

As bênçãos de esperar em Deus

Consideremos as quatro bênçãos que resultam da espera em Deus, e que certamente acontecerão, pois foi Deus quem as declarou.

Primeiro: “renovarão suas forças”. Renovar as forças, na verdade, significa trocar de forças. É o mesmo termo usado quando falamos em troca de vestimentas. Deixarão de lado suas forças e vestirão, como um traje, a força de Deus. É muito sugestivo!

Os cristãos hoje precisam urgentemente dessa vestimenta. Muitos se acham fortes e até se orgulham disso. Na verdade, podemos ser fortes de fato na esfera do natural, mas essa força se dissolve totalmente na esfera da vida cristã. Nossa maior necessidade é nos livrarmos da nossa própria força para que Deus nos revista com a sua. E essa é a primeira bênção prometida àqueles que esperam em Deus.

Já notou que o capítulo 40 de Isaías é um contraste entre a fraqueza e fragilidade do homem e a força e grandeza de Deus? “Seca-se a relva e cai a sua flor; mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre” (v.8). “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para nela habitar” (v.22).

Enquanto eu orava sobre esse conceito de troca de forças, perguntei-me por que seria necessário fazer essa troca tantas vezes. O Senhor me fez entender que isso se devia ao crescimento espiritual normal, assim como o crescimento físico igualmente exige roupas novas, maiores. Já notaram como as crianças “perdem” roupas? Elas crescem muito rápido, suas roupas ainda estão em ótimo estado, mas precisam de roupas novas que lhes caibam. Não é que a roupa ficou gasta ou surrada, a questão é que a criança cresceu.

Da mesma forma, isso acontece no amadurecimento cristão; precisamos de muitas trocas de roupas (espirituais). Muitas experiências, bênçãos e manifestações que serviram em algum momento no nosso crescimento cristão hoje estão inadequadas. Conforme nos aprofundamos no conhecimento de Deus e com a transformação em nosso coração, surge uma demanda por mais de Deus em nossa vida, por roupas maiores e por uma revelação mais plena do seu Espírito.

Isso não significa que nos tornamos grandes demais para Deus ou que sua bênção se tornou pequena – o que seria tolice. Pelo contrário, mostra que somos cristãos saudáveis, normais, que estamos crescendo e que Deus deseja nos revestir de novas bênçãos, de novas experiências, de aperfeiçoamento e revelações. Ele é rico, seu guarda-roupa é abundante. Creiamos que ele nos revestirá de maneira nova sempre que for necessário.

Para muitos, essa não é uma ideia agradável. Eles pensam que seria preciso desistir ou negar alguma bênção ou experiência, ou voltar atrás em alguma revelação que lhes tenha trazido conforto e deleite. Tenho certeza de que Deus não quer que neguemos, esqueçamos ou menosprezemos suas bênçãos, qualquer uma delas; mas ele certamente quer nos vestir com trajes mais adequados e convenientes para nossa idade e desenvolvimento.

Se agora somos filhos “adultos”, se nos tornamos pais e mães espirituais, ele não quer que usemos mais roupas infantis. Da mesma forma, ele não quer que o cristão jovem, inexperiente e que tenha descoberto recentemente a alegria do primeiro amor use roupas (espirituais) de anciãos. Seria tolice o recém-convertido aparentar a conduta e a vida de um santo ancião, uma vez que ainda não possui tal caráter. Deixe que Deus faça sua vestimenta. Ele tem tudo para realizar a troca dessas roupas.

Você sente que, de alguma forma, está sendo despojado de antigas alegrias e disposições? Tem percebido aridez em alguma área de sua vida? Deus tem revolucionado sua vida de oração? Talvez você não esteja conseguindo servir com o mesmo poder de antes. Parece difícil ser abençoado exatamente da mesma maneira que costumava ser? Você não tem consciência de nenhum pecado ou falta e, mesmo assim, não consegue realizar as coisas exatamente como costumava antes? Ah, amigo, louve ao Senhor! Esse é um sinal muito saudável. Suas roupas ficaram pequenas e Deus quer vesti-lo com as novas.

Muitos falham nessa hora, porque é constrangedor “aquietar-se” para que Deus possa agir. Parecem desviados, frios, vazios, ou menos espirituais na opinião dos que não enxergam sob essa perspectiva. Muitos não têm fé e coragem o bastante para permanecer em pé, então fazem como a criança que sabe que sua roupa ficou pequena. Falando espiritualmente começam a puxar e esticar as mangas para fazê-las parecer mais longas. Transformam a situação num espetáculo ridículo (embora triste) para os irmãos que compreendem a situação.

Procure não se prender a uma experiência ou a uma bênção que não esteja adequada ao seu estágio de crescimento atual. Entregue tudo isso ao Senhor em oração e aquiete-se, até que ele realize a mudança. No Salmo 25.5, temos a expressão “em ti coloco minha esperança o dia todo” que, literalmente, significa “em ti espero o dia todo”. Precisamos realmente nos aquietar se quisermos trocar nossa força por outra maior. Você já tentou vestir uma criança pequena? Quantas vezes é preciso dizer “fique parado”, “fique quieto”? Deus tem os mesmos problemas com seus filhos quando ele deseja nos vestir com as lindas vestes do Espírito.

Consideremos, agora, a segunda bênção prometida, que nada mais é do que o resultado lógico de esperar em Deus e trocar de forças: “subirão com asas como águias”. Creio que o Senhor propositalmente usa a águia, aqui, como uma figura, por causa das particularidades especiais dessa ave. Acho que ele cita a águia porque essa é a única ave que voa bem alto e que consegue sustentar sua posição.

Deus “nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus”. É lá que ele nos vê em nossa vida da nova criação e onde ele nos chama para viver. Nascemos para o céu, e agora nossos afetos estão nas coisas do alto. Confiemos que o Espírito nos manterá nesse lugar alto. Enquanto permanecemos lá, nossa visão das coisas será totalmente diferente. Como a águia, passamos a ter uma visão panorâmica das circunstâncias e das condições complexas e difíceis, e quando as observamos da perspectiva de Deus, somos capazes de perceber a relação entre todas as coisas. Nosso coração está focado no todo, com o fim derradeiro, em vez de detalhes e seções isoladas ou desconexas. Assim, pela fé somos capazes de seguir em frente, pois vemos as coisas sob o ponto de vista de Deus. Recuse olhar para a situação da perspectiva terrena. Vamos subir com asas e voar impetuosamente.

A imagem da águia está associada a grandes elementos – montanhas, cânions, grandes profundidades e imensas alturas, enquanto o pardal se contenta em chilrear e interagir nas barulhentas ruas da cidade. Existe algo majestoso e distinto na natureza da águia para que ela escolha habitar em tais lugares. Verdadeiramente Deus tornou acessível para nós, cristãos, uma vida intensa com possibilidades imensuráveis.

A vida de um cristão, em contraste com a daquele que vive somente no plano natural, apresenta realidades sublimes, questões incríveis e um destino maravilhoso. Que o Espírito Santo nos leve a uma maior consciência da dignidade e maravilha de tudo isso. Não para instigar a velha criação com orgulho, mas em humildade, para que nosso coração, rendido e submisso, participe da natureza e do caráter das coisas celestiais e eternas com as quais Deus se deleita em nos ocupar. Que Deus preencha nossa visão com um pouco da profundidade, magnitude e mistério de seu plano! Teríamos menos tempo para conversa fiada e frivolidades.

A águia raramente é avistada – é o mais solitário de todos os pássaros. Todo aquele que consegue compreender melhor as coisas de Deus, que volta sua vida para o divino, aprende a caminhar a sós com Deus. Vemos Abraão sozinho nas alturas. Moisés, hábil em toda a sabedoria egípcia, passou quarenta anos no deserto a sós com Deus. Paulo, plenamente instruído na sabedoria grega – além de haver se sentado aos pés de Gamaliel –, precisou partir para a Arábia e aprendeu a viver no deserto com Deus.

Deus sabe moldar as circunstâncias para nos proporcionar experiências de isolamento. Nós nos rendemos a Deus, que então nos permite passar por algumas situações. Quando tudo passa, percebemos que ele operou mudanças em nós e que as asas de nossas almas aprenderam a alçar voos mais altos.

O isolamento produz outra marca muito característica – a quietude. Adquirimos um novo controle sobre nossa vida, que agora é movida por Deus, não por coisas visíveis. Podemos confiar que Deus controla nosso espírito nas circunstâncias mais perturbadoras.  Muitas vezes a quietude e o domínio próprio servirão como uma repreensão mais eficaz para os outros do que qualquer exortação. Vemos essa tranquilidade e majestosa calma em evidência na vida de Cristo.

Agora, consideremos as duas bênçãos finais que resultam de esperar e de alçar voo. “Correrão e não se cansarão”. Parece um rebaixamento, um estranho anticlímax. Da mesma forma, “andarão e não se fatigarão”. Não se trata de um anticlímax, mas sim do resultado lógico de esperar. A sequência, para o homem, seria andar, correr e, depois, alçar voo e concluir o crescimento gradual do cristão em poder e força. Mas aqui Deus está dizendo algo diferente. Ele está nos mostrando o propósito de tudo o que já se passou. O resultado que buscamos é a vida cotidiana vivida no poder e na energia do Espírito Santo. Nós subimos com asas para podermos servir aqui na terra.

Que Deus nos ensine, através de seu Espírito, o segredo de esperar. Então descobriremos que mãos invisíveis nos revestiram de poder e, assim, nossas almas subirão, para ficarem a sós com Deus em lugares silenciosos. Com as forças renovadas por esse voo, temos prazer em caminhar e em cumprir as missões do Senhor. Dessa forma, a vida cotidiana, prosaica, comum e sem beleza pode se tornar intensa de bênçãos, sendo vivida no poder do Espírito.

– Adaptado do livro Broken Bread de John Wright Follette.

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Uma resposta

  1. Estou feliz e grata em ter encontrado publicações da Impacto que me leva tão próximo a Deus … Não estou associada a nenhuma instituição religiosa, busquei a Deus, respostas para estar mais perto Dele e buscando mais informações sobre o tempo de Chronos e Kairós cheguei até vocês e agora me achegando mais ao Pai, que leitura maravilhosa…Gratidão!

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