Andrew Murray
“E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés… Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15.24-28).
Essa será a magnífica conclusão do grande drama da história do mundo e da redenção de Cristo. Haverá um dia em que a glória do Reino de Deus será tamanha que nenhuma mente humana conseguirá concebê-la. O mistério disso é tão profundo que vai além da nossa capacidade de compreensão.
É para isso que Jesus tem trabalhado. É para isso que está trabalhando em nós hoje. Foi para isso que deu o seu sangue. É para isso que seu coração anseia em cada um de nós. A própria essência e glória do cristianismo são: “que Deus seja tudo em todos”.
Se é isso que enche o coração de Jesus, se é o que expressa a única finalidade de sua obra e se é para isso que o Espírito de Cristo habita em mim, então o lema da minha vida deve ser: Que tudo seja sujeito a Jesus e absorvido por ele, para “que Deus seja tudo em todos”.
Que triunfo seria se a igreja realmente estivesse batalhando com essa bandeira, sob esse grande propósito! Como seria diferente a nossa vida se essa fosse a nossa bandeira pessoal! Servir a Deus plena e inteiramente, tendo como único objetivo contribuir para ele fosse tudo em todos! Como isso enobreceria, ampliaria e estimularia todo o nosso ser!
Eu passaria a trabalhar, a batalhar para apressar a vinda do dia de glória em “que Deus será tudo em todos”. Oraria à medida que o Espírito Santo achasse espaço para gerar dentro de mim gemidos inexprimíveis para “que Deus seja tudo em todos”.
Quem dera que nós cristãos pudéssemos perceber a grandeza da causa em que estamos empenhados e para a qual estamos orando! Quem dera que tivéssemos uma concepção do Reino ao qual fomos chamados e da manifestação de Deus para a qual estamos nos preparando!
Povo de Deus, se fôssemos despertados para acreditar que pertencemos ao Reino que Cristo está preparando para entregar ao Pai a fim de que Deus seja tudo em todos, quanta glória encheria nosso coração, tomando o lugar de tudo o que é inferior, baixo e terreno! Como seríamos sustentados poderosamente por essa bendita fé!
Eu estou vivendo para que Cristo receba o Reino a fim de entregá-lo ao Pai. Estou vivendo para ele e estarei lá, não apenas como testemunha, mas como participante de todo o glorioso projeto.
Guardemos este pensamento no coração para que passe a governar nossa vida. Que seja apenas um pensamento, uma fé, um alvo e uma alegria: Cristo viveu, morreu e ressuscitou, e eu também vivo, morro e reino no poder dele por uma só coisa – para “que Deus seja tudo em todos”.
Que isso tome conta de todo o nosso coração e a nossa vida. Como podemos fazer isso?
Em primeiro lugar: permita que Deus tome o lugar dele no seu coração e na sua vida. Permita que Deus seja tudo em toda sua vida, desde a manhã até a noite. Deus deve reinar, e eu devo obedecer. Não é que Deus seja o primeiro e eu, o segundo. Deus é tudo, e eu sou nada. Paulo disse, com efeito: “Trabalhei mais abundantemente do que todos, embora eu não seja nada” (1 Co 15.9,10). Procure dar a Deus o seu lugar – começando no lugar secreto de oração e adoração.
Em segundo lugar, aprenda a aceitar a vontade de Deus em tudo! Aprenda a dizer em cada prova, sem exceção: “Foi o Pai que a enviou; aceito-a como mensageiro dele”. Dessa forma, nada na Terra ou no inferno poderá separá-lo de Deus.
Terceiro, confie no poder dele. Querido amigo, é “Deus que efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”. É o “Deus da paz”, de acordo com outra passagem, que nos “aperfeiçoa em todo o bem, para cumprir a sua vontade, operando em nós o que é agradável diante dele”.
Você reclama de fraqueza, debilidade e incapacidade. Não se preocupe. Foi para isso que ele o criou – para ser um vaso totalmente vazio, no qual Deus possa derramar sua plenitude e força. Muito depois de Paulo ter sido enviado como apóstolo, o Senhor Jesus precisou usar um meio muito especial para ensiná-lo a dizer: “Eu nunca soube disso antes, mas daqui em diante gloriarei nas minhas enfermidades; pois quando estou fraco, aí é que estou realmente forte”.
Você realmente deseja que Deus seja tudo em todos? Aprenda a gloriar-se nas suas fraquezas. Tire tempo para dizer todos os dias, enquanto se encurva diante de Deus: “O poder infinito de Deus que opera no sol, na lua, nas estrelas e nas flores está operando em mim. Eu só preciso me humilhar e ficar quieto. Preciso ser mais submisso e rendido à sua vontade. Preciso confiar mais nele e permitir que Deus faça comigo o que ele quer”.
Dê espaço a Deus para que o dirija e opere na sua vida, e ele fará isso poderosamente. A mais profunda quietude muitas vezes tem sido fonte de inspiração para as ações mais elevadas. Isso já foi evidenciado na experiência de muitos santos de Deus e é justamente aquilo de que precisamos – render-nos em quietude e fé para que a operação de Deus seja mais manifesta.
Em quarto lugar, sacrifique tudo em favor de seu Reino e sua glória. “Para que Deus seja tudo em todos.” Este é um alvo tão nobre, glorioso e santo que Jesus disse: “Para isso, darei minha própria vida. Darei tudo o que tenho, até à morte de cruz”.
Se valeu a pena para Cristo, valerá menos para você? Se alguém tivesse perguntado para Jesus de Nazaré: “Para que você tem um corpo? Qual a utilidade mais sublime para ele?”, ele teria respondido: “O melhor uso do corpo e sua maior glória é que seja oferecido como sacrifício a Deus. Não há outra finalidade”.
Qual o objetivo de ter uma mente? De ter dinheiro? Para que alguém deseja ter filhos? Para poder entregá-los a Deus. Deus precisa ser tudo em todos.
Minha oração é que Deus nos dê tal visão do seu Reino e da sua glória que todas as demais coisas fiquem totalmente obscurecidas. Então, caso fosse possível ter dez mil vidas, você diria: “A beleza e o valor da vida é que Deus seja tudo em todos para mim e que eu possa provar aos homens que Deus é mais do que tudo, que a vida só vale a pena viver quando é rendida para ser preenchida por Deus”.
Sacrifiquemos todas as coisas em favor do seu Reino e da sua glória. Comece a viver dia por dia com a oração: “Meu Deus, eu sou teu. Sê tudo para mim”.
E, em último lugar, se Deus será de fato tudo em todos, espere continuamente nele o dia todo. Espere em Deus por direção, e ele, diante disso, o levará a servi-lo com mais poder e com uma nova alegria de comunhão íntima com ele. Também o levará a mais ousadia e muito mais confiança no seu amor e na sua palavra. Ele o preparará para esperar coisas novas como fruto dessa comunhão.
Amados, nem podemos imaginar o que Deus fará por alguém que esteja totalmente rendido a ele. Louvado seja o seu nome! Que cada um de nós diga: “Que minha vida tenha o propósito de viver e morrer, de trabalhar e orar continuamente em favor de uma única coisa: para que na minha vida, nas pessoas ao meu redor, na igreja e em todo o mundo Deus seja tudo em todos”.
Extraído de “The Master’s Indwelling” (A Habitação Interior do Mestre), por Andrew Murray.
Uma resposta
Abriu muito minha compreensão sobre o Pleroma explicado por São Paulo em 1 Cor. 15.26-28.
Satisfeito pelo avanço acrescido nessa compreensão.Estou agradecido. AMÉM