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Permanecei firmes contra as crescentes trevas

Erwin Lutzer

“Quando Deus chama um homem, ele o convida a vir e morrer”, escreveu Dietrich Bonhoeffer, durante os dias sombrios quando a igreja na Alemanha estava sendo nazificada. E, com a idade de trinta e nove anos, ele praticou o que pregou; foi enforcado e morreu.

Bonhoeffer não era apenas um herói comum, mas um que foi extraordinário, tanto na sua estatura como líder quanto como cristão intelectual. Milhares de pessoas menos conhecidas foram inspiradas por seu exemplo e trouxeram honra ao Cristo que serviam. Graças ao seu corajoso testemunho, centenas de pastores acabaram em campos de concentração dispostos a sofrer e morrer por sua fé. Se cada pastor tivesse sido como um Bonhoeffer ou um Niemöller, Hitler não teria conseguido concretizar seus planos. Os pastores e suas congregações teriam simplesmente dito “não” à doutrina nazista de superioridade da raça ariana e suas terríveis implicações.

Hoje, no Ocidente, precisamos de um exército de heróis comuns para tomar posição contra as trevas que se avolumam no mundo. Precisamos de pessoas que defendam a verdade com coragem, de forma consistente e com humildade e graça. Precisamos de milhões de crentes que representem Cristo em cada uma das variadas vocações da sociedade. Precisamos mobilizar as pessoas que sabem no que acreditam e por que acreditam, e que vivem suas convicções em seus contextos cotidianos. Precisamos daqueles que estão dispostos a pagar o preço do discipulado e da obediência, e a fazê-lo com alegria.

Sem dúvida, uma encomenda difícil, porém possível.

É claro que não estou dizendo que nós, no Ocidente, estamos sendo chamados para sofrer da mesma forma que os cristãos da Alemanha daquela época. Um dia, isso pode vir a ser a nossa realidade, mas, por enquanto, só estamos sendo confrontados com uma crescente hostilidade contra a fé cristã, tanto na cultura popular quanto no nosso sistema legal, que parece decidido a criar leis que limitem as nossas liberdades. Precisamos, individualmente, traçar um limite, tomar uma decisão de não comprometer os nossos princípios, mesmo que isso nos cause grande custo pessoal.

Eu acredito que o clima espiritual nos países do Ocidente nunca será alterado a menos que tenhamos um avivamento no meio daqueles que chamamos de “leigos comuns”. Ou seja, precisamos de pessoas comuns que vivam autenticamente para Cristo em suas vocações, entre seus vizinhos e em suas posições de influência. Devemos olhar muito menos para o líder ou para o movimento, e muito mais para a pessoa comum que está comprometida com Cristo, a fim de viver para ele.

Às vezes, o Evangelho tem de ser comunicado com mais do que palavras. Michael Baumgarten, um pastor luterano do século 19 que foi excomungado de sua igreja, escreveu: “Há ocasiões em que palestras e publicações não são suficientes para comunicar a verdade necessária. Nesses momentos, as ações e os sofrimentos dos santos devem criar um novo alfabeto a fim de revelar outra vez o segredo da verdade”.

O sofrimento comunica o Evangelho numa nova língua; autentica as sílabas que fluem tão facilmente dos nossos lábios. Quando a palha é separada do trigo, os grãos germinam e crescem. Não é o quão alto podemos gritar, mas o quão bem podemos sofrer que convencerá o mundo da integridade da nossa mensagem.

O chamado para sofrer

Bonhoeffer disse acertadamente: “O sofrimento não é uma interrupção ou impedimento; é o nosso chamado”. Paulo escreveu que devemos partilhar dos mesmos sofrimentos de Cristo. Esta é a dor que suportamos por causa de Cristo; são as escolhas que fazemos, porque ele é o nosso exemplo. Em nosso sofrimento, nos conformamos à semelhança dele. Deixe-me repetir: ele nos chama para sofrer.

Enquanto a nossa cultura deriva para o paganismo, nós, como cristãos, tememos o sofrimento que pode vir no nosso caminho. Tal sofrimento, ou, de fato, qualquer sofrimento por Cristo em nossa cultura é, em grande parte, desconhecido por nós. No entanto, outros países não têm sido isentos; na verdade, há mais pessoas morrendo por sua fé em face de culturas hostis e regimes políticos do que em qualquer época da história. Talvez a nossa hora chegue também.

Precisamos lembrar que nossa resposta às provações que vêm no nosso caminho deve ser inesperada. Não uma reação com orgulho ou crítica; não com palavras duras ou reclamações, mas como representantes de Cristo. Para citar Bonhoeffer mais uma vez: “Onde o mundo explora, [o cristão] deve se desapegar, e onde o mundo oprime, devemos nos abaixar para levantar os oprimidos. Se o mundo recusa a justiça, o cristão procurará exercer a misericórdia, e se o mundo se refugia em mentiras, devemos abrir a boca a favor do mudo e dar testemunho da verdade – para judeus ou gregos, escravos ou livres, fortes ou fracos, nobres ou desprezíveis”.

A Igreja foi gerada no cadinho do sofrimento e da oposição. Paulo escreveu sobre sua própria experiência: Até a presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos (1 Co 4.11-13). Agora, como ocidentais, já não podemos tomar como certo que vivemos num mundo em que o governo e os tribunais sejam favoráveis a nós. Mas nós aceitamos essa situação como nossa vocação; simplesmente optamos por defender a verdade com amor e graça.

Ganhando enquanto perdemos

Não é necessário vencer nossas batalhas para podermos ser fiéis à nossa vocação. Muitas pessoas na história passada não venceram nesta vida, mas indiscutivelmente foram vencedores na vida por vir. Basta pensar nos mártires que sabiam que perder muitas vezes é realmente ganhar. Como Jesus disse: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á”.

Mesmo se formos fiéis, podemos não “ganhar” nossa batalha ideológica contra a cultura hostil que está determinada a usar os tribunais para esfregar e limpar da área pública qualquer referência a Deus. Mas não estamos desanimados nem assustados, pois sabemos que Deus governa e, no final, demonstrará seu poder e justiça.

Peter Marshall estava certo: “É melhor falhar numa causa que terá sucesso no fim do que ter sucesso numa causa que fracassará”. É melhor falhar servindo a Deus do que ganhar servindo a si mesmo. Melhor morrer compartilhando o Evangelho do que viver negando o Cristo que nos comprou. Não permitamos que a tendência de fazer concessões anule a coragem. A Palavra de Deus para nós é clara: Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente” (Fp 2.14-16).

Oremos para que Deus nos dê pessoas que brilhem como luzeiros num mundo escuro; que sejam heróis comuns, porém extraordinários para Deus! Pois são eles que fazem a diferença!

Condensado de When A Nation Forgets God / Quando uma nação se esquece de Deus por Erwin W. Lutzer. Copyright © 2010, 2016 por Erwin Lutzer. Usado com permissão da Moody Publishers. www.moodypublishers.com

As citações de Bonhoeffer foram extraídas de Bonhoeffer: Exile and Martyr/Bonhoeffer: Exilado e Mártir, por Eberhard Bethge.

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