Quando nosso coração deixa o nosso próprio bem-estar, Deus pode revelar um plano maior para seu povo
por Abnério Cabral
Qual noivo, ao assumir um compromisso de casamento, não quer conversar com a noiva sobre os preparativos?
Estaria Deus interessado em responder a todo tipo de oração e pedido que colocamos diante dele? No filme O Todo Poderoso, com Jim Carrey, há uma cena do caos que se formaria se Deus simplesmente dissesse “sim” para todos os pedidos que lhe são feitos. Qual a motivação da maioria de suas orações: a expansão do reino de Deus ou seu próprio bem-estar?
A oração profética tem como foco os anseios do coração do Pai. Isso está de acordo com o modelo de oração ensinado por Jesus (Mt 6.9-15), em que as três primeiras frases dão ênfase a quem é o Pai, onde ele está e o que quer.
Enquanto a maior parte de nós está envolvida em atividades rotineiras do presente, não conseguindo enxergar com facilidade o que está por vir, a oração profética visa ao que está pela frente, àquilo que deve ser colocado em prática. Tem por objetivo a visão macro e micro do plano de Deus para todo o seu povo, para a preparação da noiva para o casamento (Ef 5.27-29). Afinal, qual noivo, ao assumir um compromisso de casamento, não quer conversar com sua noiva sobre os preparativos, os convidados, onde passarão as núpcias e o que farão juntos? Seria uma insanidade da noiva não começar a se preparar com meses ou até anos de antecedência, ansiosa para completar os compromissos assumidos com o noivo?
O encargo da oração profética vai crescendo à medida que se atinge mais profundidade e intimidade com o próprio Deus. Quando nos aproximamos mais daquilo que é o interesse de Deus, percebemos que nossos anseios e dificuldades nada mais são do que detalhes insignificantes.
Ester, prima do profeta Mordecai (Et 2.7), foi escolhida para um concurso de beleza, para que a vencedora se tornasse esposa do rei Xerxes. Após ter vencido o concurso, foi submetida a uma prova de intercessão extremamente difícil.
O seu povo, os hebreus, seria destruído por um decreto do rei, seu marido. Ela poderia ignorar sua origem e continuar simplesmente como esposa do rei, ou poderia colocar a própria vida em risco. Ela decidiu correr o risco de entrar na presença do rei e interceder por seu povo, impedindo assim que seu marido cometesse uma injustiça. Ela tinha consciência da seriedade dessa decisão, pois declarou: “se for preciso morrer, morrerei” (Et 4.16). A ação de Ester foi em prol do povo; ignorou seu bem-estar, colocou em xeque sua reputação e obedeceu ao apelo profético de seu primo (Et 4 e 5).
Entrar nesse clamor profético em prol da noiva é uma decisão que cada um vai precisar tomar, sabendo que às vezes correrá o risco de ser mal interpretado. Mordecai mandou dizer a Ester: “Se te calares agora…” (Et 4.14). A igreja hoje não pode mais ficar à margem daquilo que será o maior evento desta era, a volta de Cristo; para isso, a noiva precisará atender ao apelo do próprio Deus: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7,11,17,29).
Há clamor que parte do coração de Deus para que a noiva preste atenção a este momento que está vivendo. São dias em que não podemos nos distrair com os acontecimentos ao nosso redor, sem nos aperceber de que o cerco está se fechando contra o povo de Deus. Decretos estão sendo elaborados, leis estão tramitando no cenário político, planos para sufocar a voz de Deus na sociedade estão em pleno desenvolvimento.
Quando nossa vida é tomada por essa visão de interceder pelas causas do Pai, que também são as causas do noivo, deixamos de simplesmente fazer uma oração e nos tornamos, como Ester, a própria oração. Deus está à procura de um povo, de uma noiva que se torne uma oração e uma mensagem na Terra.