Por: Henry Blackaby
O artigo a seguir foi adaptado de uma mensagem dada na conferência “Heart-Cry for Revival” (Clamor do Coração por Avivamento) em abril de 2004 em Asheville, Carolina do Norte, EUA. Henry Blackaby foi pastor durante muitos anos, presenciou alguns moveres genuínos de Deus, e é autor de vários livros, entre eles “Experiências com Deus”. Para maiores informações, acesse: www.blackaby.org.
Tenho sentido uma profunda preocupação no meu coração e na minha mente, há algum tempo, quanto à perspectiva de Deus em relação ao tempo em que vivemos. O que ele está dizendo? Como ele enxerga as coisas? Durante os últimos meses, venho fazendo algumas perguntas a Deus, observando a situação atual e permitindo que o Espírito Santo me ensine e me leve a algumas conclusões.
Uma das coisas que tenho observado com grande interesse é o surgimento dos movimentos de oração. Existem números que chegam aos milhões de pessoas que dizem que estão orando por avivamento. Ministérios têm se levantado para alistar exércitos de cristãos à oração. No entanto, o avivamento tarda.
Quem Vai Perguntar?
O que me entristece, talvez, mais do que tudo é o fato de quase nunca se ouvir um líder na igreja formular a pergunta: “Por que o avivamento não vem?” Precisamos de líderes em posições estratégicas que estejam dispostos a se colocarem na presença de Deus e a perguntarem para ele: “Com toda essa oração, por que não vem o avivamento? Por que está sendo adiado?”
Muitas pessoas sinceras têm nos afirmado o seguinte: se milhões de cristãos suplicarem diante do Trono de Deus, o Senhor forçosamente enviará o avivamento. Quero fazer uma outra afirmação: Deus não vai fazer coisa alguma forçosamente. Precisamos de uma abordagem totalmente diferente, uma que implica em passar tempo na presença de Deus para perguntar por que a situação continua como está.
Não estamos no escuro sobre as possíveis razões de Deus não nos responder. A Palavra de Deus está cheia de explicações. No livro de Jeremias, Deus veio e deu uma resposta radical para o profeta. “É tarde demais para Jerusalém”, ele disse. “Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim e suplicassem por meu povo, eu não os ouviria. É tarde demais. A sorte já foi lançada” (veja Jr 15.1,2).
Em Lucas 19.37-44, quando todos em volta de Jesus o estavam louvando durante sua entrada triunfal em Jerusalém, ele mesmo estava chorando. Creio que uma das razões para isso era que acabara de sair da presença do Pai e de ouvi-lo dizer: “Filho, é tarde demais para Jerusalém. Já passei minha sentença, não voltarei mais atrás, não mudarei de idéia. Jerusalém será destruída”.
Por isso, Jesus chorou com o coração quebrantado do Pai: “Ah, se vocês soubessem, se tivessem tomado conhecimento daquilo que lhes daria a paz. Mas agora seus inimigos em breve os cercarão…”
Se o Senhor Jesus ouviu essa resposta do Pai, se durante os tempos do Velho Testamento outros ouviram Deus dizer a mesma coisa, hoje também deveríamos perguntar: “Quem está se colocando diante de Deus para descobrir o que ele está dizendo sobre o mundo hoje? Sobre o meu país?”
Ou será que estamos, de forma contrária, chegando a Deus para dizer com efeito: “Isso nunca vai acontecer conosco! Certamente, o Senhor não diria tal coisa do meu país!”
Alguns têm dito que se Deus não julgar o mundo de hoje, ele terá de pedir desculpas a Sodoma e Gomorra, tamanha a extensão e a perversidade do pecado por toda parte, inclusive na igreja! É por isso que faço esta pergunta: “Por que tarda o avivamento? Por que Deus não age em resposta às orações?”
Já vi algumas pessoas praticamente acusando a Deus em suas orações. O teor das palavras é mais ou menos este: “Ó Deus, tu nos prometeste mas não cumpriste tuas promessas”. Aí citam alguns textos da Bíblia e dizem: “Tu disseste que se eu fizesse assim, tu responderias e agirias desta e daquela forma, mas isso não aconteceu”. Quando ouço orações desse tipo, tenho vontade de cair de rosto em terra e suplicar por misericórdia em favor dessas pessoas, pois certamente não sabiam o que estavam dizendo, nem conheciam a natureza de Deus. Deus nunca faria algo incoerente com seu caráter, fora do tempo certo, ou sem um motivo especial.
O que quero fazer aqui é estimular uma busca de Deus, sincera, intensa e transparente, para perguntar-lhe por que o avivamento não vem e para fazer alguns ajustes imediatos e radicais da nossa vida a ele.
Deus Fala Através de Jeremias
Quero começar abrindo um texto em Jeremias 2 para ajudar-nos a captar um pouco do coração de Deus.
“A mim me veio a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém…”(vv. 1,2). É o Deus do universo que está suplicando, rogando, fazendo um apelo, como diz em 2 Coríntios 5.20: “como se Deus por nós rogasse…” Você vai ouvir algo da perspectiva de Deus; então, ouça e entenda a situação como Deus a entende.
“Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra em que não se semeia. Então Israel era consagrado ao Senhor, e era as primícias da sua colheita; todos os que o devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor. Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel” (vv. 2-4).
Quantas pessoas estariam incluídas em “todas as famílias”? Será que inclui a sua? Inclui toda sua família ou só você? Quando Deus fala desse jeito, você precisa garantir que toda sua família ouve a palavra do Senhor. Você deve levá-la a cada um deles.
Alguém pode dizer: “Eu tenho um filho rebelde, ele não vai querer ouvir”. Isso não tem nada a ver com o seu dever. Quer ouçam, quer não ouçam, você deve levar-lhes a palavra do Senhor.
“Assim diz o Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para de mim se afastarem, indo após a nulidade dos ídolos e se tornando nulos eles mesmos, e sem perguntarem: Onde está o Senhor que nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem algum? Eu vos introduzi numa terra fértil, para que comêsseis o seu fruto e o seu bom; mas depois de terdes entrado nela, vós a contaminastes, e da minha herança fizestes abominação. Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, os pastores prevaricaram contra mim, os profetas profetizaram por Baal e andaram atrás de coisas de nenhum proveito. Portanto ainda pleitearei convosco, diz o Senhor e até com os filhos de vossos filhos pleitearei. Passai às terras do mar de Chipre, e vede; mandai mensageiros a Quedar, e atentai bem, e vede se jamais sucedeu coisa semelhante. Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia o meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o Senhor” (vv. 5-12).
A quem Deus está se dirigindo? Ao povo de Deus. “Todavia o meu povo…” Ele não está falando com os homossexuais, com os políticos, com aqueles que têm influência e poder ou com aqueles que praticam maldades no mundo. Ele está falando com “meu povo”.
Avivamento é sempre o que Deus faz com o seu povo. O país é um reflexo da condição do povo de Deus. O povo de Deus, claramente, é responsável pela condição do mundo. Quando digo isso, sou sempre muito recriminado. Não me surpreende. As pessoas não querem ser responsabilizadas. Fazemos parte de uma geração inteira que acha que as coisas que acontecem, não importa quais sejam, não são problemas deles. E isso é verdade do povo de Deus também.
“Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (v.13). Deixaram o poço artesiano, com água pura e limpa, e foram atrás de águas contaminadas. Logo abaixo, ele denuncia que deixaram o Senhor que os guiava no caminho certo e foram atrás de fontes do Nilo no Egito, ou do Eufrates na Assíria (vv. 17,18). No início de Isaías 30 e 31, Deus afirma que todas as tentativas de buscar auxílio nessas fontes erradas fracassarão.
Por que os pastores e líderes estão sempre procurando fontes de sabedoria humana, métodos de marketing, fórmulas naturais de sucesso? “Por que não vieram buscar isso em mim?”, Deus está perguntando. O povo de Deus é proibido de ir a lugar algum fora de Deus, não importa como queiram justificar a necessidade. Nossa geração acredita que o fim justifica a utilização dos meios, quaisquer que sejam. Isso chega a ser quase blasfêmia. Os meios que Deus usa só podem ser meios do Reino. Você não pode fazer a obra do Reino com os métodos do Egito (do mundo). É preciso fazer a obra do Reino com os métodos do Reino.
Deus não vai dar sucesso para quem está usando os métodos do mundo. Você pode ajuntar uma multidão, mas será uma igreja que Jesus edificou? Você pode ter uma multidão, mas, por favor, não pense que números equivalham à bênção de Deus. As duas coisas não são interligadas. Você precisa compreender a bênção de Deus a partir do coração de Deus e dos seus caminhos.
Você já ouviu alguém dizer que tentou determinado programa ou metodologia de sucesso, mas que não deu certo? Mesmo assim, a pessoa não perguntou por que Deus não permitiu que funcionasse no seu caso. É que ela não buscou em Deus, mas em um programa que funcionou para outros. Procurou o sucesso ao invés de procurar o Senhor, e ele o impediu. O testemunho de tantos líderes espirituais de tantos lugares diferentes tem sido o mesmo: “Bem, tentamos isso, tentamos aquilo, mas não funcionou”. “Isso” nunca funciona; é somente ele (Deus) que funciona. Temos deixado a água viva e buscado águas que não podem trazer proveito.
O Temor de Deus
Deus continua falando em Jeremias:
“A tua malícia te castigará, e as tuas infidelidades te repreenderão; sabe, pois, e vê que mau e quão amargo é deixares o Senhor teu Deus, e não teres temor de mim, diz o Senhor dos Exércitos” (v. 19).
Sem dúvida, uma característica desta geração é que perdemos o temor de Deus. Há quem ensine que não precisamos mais temer a Deus. Nesse caso, seria necessário apagar Atos 2.43, onde diz: “Em cada alma havia temor”. Será que isso tinha algo a ver com o que aconteceu logo depois, quando transtornaram o Império Romano (At 17.6)? Naquela primeira igreja, foi dito várias vezes: “Sobreveio grande temor a toda a igreja”. Uma das ocasiões foi quando Ananias e Safira morreram. “A única coisa que fizeram foi sonegar um pouco no seu imposto de renda e contar uma mentirinha branca”, alguém reclama.
Não existe mentirinha branca. Como Deus tratou com aquela mentira? Ele tirou as suas vidas. E a Escritura diz: “Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes acontecimentos” (At 5.11). Ah, que tal temor de Deus voltasse ao seu povo hoje!
Se você está orando por avivamento, está pedindo para que Deus venha em toda sua plenitude para seu povo. Você quer saber com que isso se parece? Parece com o que aconteceu em Atos 2 e nos capítulos seguintes: “Em cada alma havia temor”. Estar na plenitude da presença de Deus é uma experiência radical, não necessariamente agradável. J. Edwin Orr, um santo homem de Deus que falava muito de avivamento, disse em seu último sermão, antes de morrer: “Avivamento é como o dia do juízo”. Será que nós o descreveríamos assim? Creio que a maioria de nós diria desta forma: “Avivamento é louvor, ações de graças, regozijo e salvação”.
Entretanto, o Dr. Orr tinha razão. Avivamento é o que Deus faz quando chega e traz juízo sobre seu povo. Pois conforme estiver a condição do povo de Deus, assim será a redenção do resto do mundo. Se Deus não conseguir a nossa atenção, todo o seu propósito para redimir o mundo se estacionará. Por outro lado, quando ele obtém nossa atenção, não há limites para o que pode realizar em seguida.
Lembrando do Primeiro Amor
Deus nos pede freqüentemente para “lembrar”. Em Apocalipse 2, falando com a igreja de Éfeso sobre arrependimento, ele disse: “Arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras”. Mas a parte mais significativa é: “Lembra-te, pois, de onde caíste” (v.5). Se você não se lembrar da altura de onde caiu, seu arrependimento será inadequado. Não será suficiente para permitir que Deus venha com sua poderosa presença.
E o que Deus disse ao povo através do profeta Jeremias? “Lembro-me do seu primeiro amor” (Jr 2.2). Não é impressionante isso, que o Deus do universo diria: “Lembro-me do seu primeiro amor”? “Lembro-me da sua resposta quando os libertei da escravidão.” Algumas das descrições mais dramáticas da condição do povo quando Deus o encontrou estão nos profetas (por exemplo: Ez 16.6). E ele diz: “Lembro-me de como vocês responderam”.
Não existe nada debaixo do céu que possa me fazer esquecer do dia do meu casamento. Uma das alegrias do meu casamento, que está chegando agora aos 44 anos, é lembrar do primeiro amor. Minha esposa sempre diz: “Henry, lembro-me do meu primeiro amor – da alegria, da empolgação, da vibração”. Não dá para trair esse amor. Não quero me afastar dele.
De vez em quando eu falo, também, com meu filho mais velho (que recentemente pregou junto comigo numa conferência): “Filho, você não faz idéia do amor que senti quando o segurei pela primeira vez, o meu primogênito. Segurei-o como uma dádiva de Deus”. Lembro-me de ter dito: “Ó Deus, ajuda-me a viver de tal forma diante deste pequenino que ele faça a escolha de servir ao Deus de seu pai”.
Deus está dizendo em Jeremias que ele se lembra do primeiro amor do seu povo. De tempos em tempos, o Senhor traz à nossa memória nosso primeiro amor, nossa primeira resposta a ele, daquele momento quando nos mostrou suas mãos, seus pés e seu lado e de como isso nos conquistou por completo. Nunca pude me esquecer do amor que senti quando primeiro compreendi o quanto ele me amou. Não posso me apartar disso. Não posso trair esse primeiro amor.
Para Deus é espantoso o fato dele precisar nos dizer: “Vocês me deixaram”. Ele não disse: “Vocês foram atrás de programas”. Ele disse: “Vocês me deixaram”.
Nosso problema é que nos envolvemos tanto em atividades e em fazer coisas para Deus que nos esquecemos que ele está procurando relacionamento. “Você está fazendo uma porção de coisas, no entanto está se afastando mais e mais de mim. Você está tão envolvido em atividades e administração e está fazendo tanta coisa para minha glória – contudo nada disso me traz glória. Não aceito glória de segunda classe. O que você faz por mim me traz glória de segunda classe. A glória de primeira classe vem quando você permite que eu faça o que quero através de você. Isso me dá a verdadeira glória.”
Quando fazemos as coisas para Deus, estamos deixando a fonte de águas vivas. Não é de se admirar que tantas pessoas estejam espiritualmente sedentas. Quando você deixa a verdadeira fonte, logo ficará com sede.
Então, a primeira coisa que Deus diz é: “Eu me lembro do seu primeiro amor. Você se lembra?”
Vocês me Deixaram
Em segundo lugar, vem a sua afirmação: “Vocês me deixaram”. Não deixamos as atividades. Deixamos a ele. Creio que a maior causa do avivamento não chegar é o nosso afastamento de Deus. Desviamo-nos para um lado. A intimidade do relacionamento é crucial para que venha o avivamento.
Richard Owen Roberts buscou durante anos uma definição precisa para avivamento e, no fim, conseguiu reduzi-la para uma só palavra: “Avivamento é Deus!”. É isso mesmo. É Deus em toda sua plenitude. Quando Deus está presente em toda sua plenitude, então tudo que ele é, tudo que tem, tudo que está no seu coração tem absoluta liberdade para se expressar até em uma vida solitária. Estou convencido de que Deus retém sua manifesta atividade e presença porque percebe que nos afastamos dele. Todas as vezes que Deus dizia ao seu povo: “Vocês me deixaram”, era no auge da sua atividade religiosa, no auge do seu sucesso, no período áureo de Israel. Haviam deixado a ele no meio de toda sua atividade religiosa. Não buscavam mais a ele.
Muitos livros maravilhosos já foram escritos sobre as disciplinas da vida cristã, as disciplinas da vida devocional. Tenho uma resposta pessoal a tudo isso. O amor é a disciplina. Se você precisa de disciplina para amar a Deus, sua comunhão com ele já é nula. Ninguém precisa falar para mim como devo me disciplinar para passar tempo na Palavra de Deus. O amor é a disciplina. Eu amo o Senhor e faço questão de passar tempo, sem pressa, na sua Palavra.
Se você perdeu seu primeiro amor, então terá de se disciplinar para manter sua vida devocional. Ninguém precisa me ensinar a ser disciplinado para amar minha esposa. Se eu fizesse isso, ela ficaria chateada. O que ela quer é um relacionamento de amor espontâneo.
Sabe por que eu oro? Porque amo a Deus e o amor é a disciplina que produz oração. Se a oração está, de alguma forma, se tornando uma rotina monótona, preciso ir à causa primordial. A causa não é minha falta de disciplina na oração. A falta de disciplina veio porque me afastei daquele é a perfeita fonte da vida.
Cristo amou a igreja e deu a sua vida por ela. Se amo a Deus, vou amar o povo de Deus. Precisamos parar de criticar uns aos outros. Minha crítica pode ser justificada, mas não devemos criticar a quem Deus ama. Precisamos orar: “Senhor, leva-me de volta ao primeiro amor que tu tens por mim e, depois, ajuda-me a amar teu povo com esse mesmo amor”.
O Que é Deixar Deus?
Mas Deus está nos dizendo: “Vocês me deixaram”. Outra frase que usa é: “Vocês se afastaram de mim” (v. 5). Estamos procurando ver as coisas da perspectiva de Deus. Não tente se convencer de que não tem se afastado dele. “Afinal”, você diz, “domingo passado estive no culto, adorando a Deus.” Já estive em muitos momentos de “adoração” quando o culto inteiro estava afastado de Deus. Era completamente centrado no homem. Batíamos palmas, como se estivéssemos dando louvor a Deus. Mas não estávamos. Estávamos aplaudindo a pessoa que acabara de cantar um número especial. Temos adoração que nada mais é que entretenimento.
Não só isso, mas nos afastamos também da mensagem de Deus. Penso em duas coisas que têm sido abominação nas igrejas. Uma é a ênfase em crescimento da igreja. Esquecemos que Jesus disse que ele edificaria a igreja (Mt 16.18). Temos dito: “Senhor, temos os melhores métodos no mundo e estão funcionando. Obrigado!”. Mas ele diz: “Vocês têm uma multidão, mas não estão edificando minha igreja”. A igreja continua cheia de pecado.
Depois, estamos fazendo uma outra coisa. Estamos nos “adaptando ao usuário”. Deus nos livre disso! Quem procura agradar os visitantes nunca pregará sobre o inferno, porque isso não os atrai! Você sabe como era a pregação que trazia dezenas de milhares de pessoas aos pés de Deus na Inglaterra, no País de Gales, na Irlanda e na Escócia no século passado, clamando a Deus no meio de chuva e lama, durante a noite toda? Descobri que todas as pregações daquele tempo tinham uma coisa em comum. Traziam sobre os ouvintes uma tremenda percepção da eternidade. As pessoas clamavam a Deus: “Estou a um fôlego da eternidade e não sei para onde vou”. Assim ficavam a noite toda. Os pastores se desgastavam, indo de pessoa a pessoa para conduzi-las ao arrependimento. Certa vez, trinta mil pessoas estavam reunidas em Belfast durante uma noite inteira. Quinhentas chegaram a comprometer-se firmemente com Jesus Cristo. A pregação os levou a ficar frente a frente com a eternidade.
Resolvi perguntar aos pastores e obreiros na minha região: “Quando foi a última vez que ouviram uma mensagem sobre o inferno?” Ninguém lembrava de ter ouvido uma sequer. Não é algo que se faz quando se enfoca o “usuário”. Além disso, o conselho da sua igreja pode não gostar. Estamos moldando Deus na forma que queremos. Isso é idolatria evangélica. O Deus que servimos agora não se parece com o Deus que vemos nas Escrituras.
Não pregamos arrependimento ao povo de Deus. Se alguém começar a falar sobre o divórcio, talvez o presidente do conselho fique bravo porque tem uma filha que já se divorciou com a aprovação dele. Então você não prega contra o divórcio, mesmo sabendo que Deus disse: “Eu odeio o divórcio” (Ml 2.16). O que Deus odeia, devemos odiar também.
Por que tarda o avivamento? Porque o povo de Deus está cheio de idolatria. Estamos colocando Deus na forma que desejamos e se tentarmos falar sobre o arrependimento, alguém logo fará uma oração: “Ó Deus, se houver aqui algum perdido que precisa se arrepender…” Mas Deus está dizendo: “É você, meu filho, é você minha filha, que precisa se arrepender”.
Enquanto isso, estamos suplicando: “Ó Senhor, traze avivamento!” E Deus responde: “Por que deveria? Não há nada em vocês que corresponde com o que exijo para poder vir em grande plenitude”.
Assim o avivamento continua distante. O coração de Deus está partido por o termos deixado. Temos andado atrás de tudo que se possa imaginar, menos atrás dele. Não temos buscado a sua presença. Não temos confiado nele. Temos confiado em nosso dinheiro e em muitas outras coisas – e isso significa deixar Deus.
Oração
Pai, temos lido com cuidado as tuas palavras a Jeremias. Nossos corações foram expostos. Algo dentro de nós gritava: ‘Senhor, eu não!’ E o teu Espírito dizia: ‘Você sim!’ Estamos tristes por vermos algumas coisas que antes não enxergávamos, mas que se tornaram muito reais para nós. Estamos pedindo para nos mostrar aquilo em nós que o impede de trazer avivamento. Deus, perdoa-nos por termos nos afastado do nosso primeiro amor. Como poderíamos? Volta, ó Deus, e o amaremos outra vez como no princípio. Remove tudo que impede esse amor. Se temos sido atraídos pelos deuses deste mundo, convence-nos e nos arrependeremos disso. Voltaremos a ti e a ti somente. Que seja do teu agrado fazer uma grande obra nos corações que amam somente a ti. Em nome de Jesus, Amém.
Uma resposta
Gloria a Deus. Preciso voltar ao primeiro amor. Ajuda-me Espírito Santo.