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Preparando o Nosso Coração Para a Oração

Por: James N. Jidov

Ao lermos Daniel 9:3-19, se quiséssemos colocar um título para o versículo três, a fim de descrever o que lá está escrito, provavelmente este título seria INTENSIDADE. Daniel é um homem que busca intensamente o Senhor Deus. Eis aqui um homem seriamente empenhado em encontrar o seu Deus em oração.

“Voltei o meu rosto ao Senhor Deus para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza… “(Daniel 9:3).

Observamos que quando Daniel se prepara para a oração ele não é presunçoso. Ele não sugere que já encontrou o seu Deus, mas que está se dispondo para encontrá-lo. Está se preparando para buscar o Senhor. O versículo três é significativo, porque descreve a preparação para orar.

É importante que atentemos para o preparo para a oração. Um dos nossos maiores obstáculos para a oração fervorosa e efetiva em nossa vida cristã é a falta de preparo para a nossa oração. Nós nos acostumamos a entrar imediatamente no que pensamos que seja a oração com pouco ou nenhum tempo gasto para simplesmente aguardar que primeiro o Espírito Santo tome conta dos nossos pensamentos e assuma o controle, a fim de permear a nossa vida com a Sua presença. Não tomamos tempo para pensar Naquele a quem estamos prestes a dirigir as nossas palavras. Não nos “aquietamos” diante do Trono. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmo 46:10). O homem que encontra Deus na oração é aquele que espera por Deus antes da oração. É aquele que se recusa a entrar apressadamente na presença de Deus.

Creio que Daniel jejuou e vestiu-se de saco e cinza antes de pronunciar uma só palavra para Deus. Aí então surgiu a sua petição tão linda.

Dirigindo-se a Deus com alta estima

A primeira coisa que notamos aqui é o grande respeito, a alta estima que Daniel demonstra quando se dirige ao seu Deus. Para Daniel Ele é “Ah, Senhor, Deus grande e temível…” Como o conceito do nome do Senhor tem caído com o passar do tempo! Como os próprios cristãos foram arrastados na corrente do desrespeito pelas coisas de Deus, pelo Seu grande nome, pela Sua pessoa, tão grande e infinita! Precisamos nos conscientizar de como este santo Deus é inacreditavelmente condescendente em até mesmo permitir que pronunciemos o Seu grande nome, em falar uma palavra na Sua presença.

“Orei ao Senhor meu Deus, confessei e disse: Ah! Senhor! Deus grande e temível!” (Daniel 9:4). No decorrer da minha vida tenho visto penetrar dentro da igreja uma atitude leviana, um espírito de trivialidade, um hábito irreverente de relegar a um plano secundário e ordinário as coisas referentes a um Deus santo e Todo-poderoso e as coisas relativas à Sua gloriosa Palavra.

Seguindo os passos do mundo, a igreja como um todo tem voltado sua atenção para programas e métodos e esquemas e planos, criados com um objetivo em mente: empolgar o povo! Entretenha-os. Anime esta igreja entediada, uma igreja para a qual, no geral, as coisas de Deus e da Sua Palavra se tornaram desentusiasmantes, desinteressantes, insossas e inconseqüentes para a vida diária.

O Espírito Santo não tem sido o suficiente para nós. Reunirmo-nos ao redor da Palavra de Deus tornou-se uma coisa monótona, até uma tarefa cansativa. Na verdade nós não cremos. Não estamos realmente convencidos de que quando nos reunimos em nome de Jesus Ele está lá. Se Ele não está lá, se Ele não está conosco quando nos reunimos, teremos que escolher entre duas opções.

A primeira é a decisão certa. É nos despedirmos, ir para casa, e chamar o nosso pecado pelo nome certo, pelo que realmente é – frieza e apatia pelas coisas de Deus – e rogar-Lhe que nos restaure a alegria da nossa salvação e a intensidade da nossa fome e sede por Ele mesmo. Podemos clamar a Ele que nos reavive novamente.

Ou melhor, isto não é suficientemente pessoal. O avivamento é sempre pessoal. Buscar avivamento é a única hora quando é lícito dar atenção para si mesmo. Não são “eles”… nem “ele” ou “ela” que precisam de avivamento. Sou eu. Eu preciso ser reavivado. Clamamos ao Senhor: aviva-me de novo. Cada um de nós clama a um Deus justo e santo numa base pessoal. “Aviva-me, ó Deus!”

Esta é a primeira escolha que temos diante de uma igreja enfadada, desinteressada, e letárgica. Lamentavelmente, a outra opção é a que a igreja tem escolhido nas últimas décadas. É a escolha por estímulos totalmente carnais e humanos. Procuramos desenvolver métodos que estimulem a carne, que atraiam multidões, que interessem às massas, métodos para trazer animação a todos. Entretenimento. Modernize as coisas para adequá-las aos “anos noventa”! Tornar as coisas da Bíblia pertinentes ao nosso estilo de vida.

Permita-me confessar-lhe que estou cansado e enojado com a nossa preocupação eterna se alguma coisa na Palavra de Deus é “pertinente” aos nossos dias, ou ao nosso estilo de vida. Quero lhe dizer, querido irmão, que tudo é pertinente! Deus não precisa das nossas idéias e das nossas abordagens, cheias de influência carnal, sobre como vamos fazer com que as coisas de Deus pareçam mais “pertinentes” e chamativas, ou como achar maneiras de mostrar o quanto Deus “se encaixa na nossa cultura.”

Levamos a nossa cultura a Deus e lhe dizemos, “Olha aqui, Deus. Nós vamos Te encaixar em nosso molde… do nosso jeito.”

Ora, isto é blasfêmia, é erro da pior espécie, totalmente contrário à Palavra de Deus. Em nenhum lugar a Palavra de Deus nos diz que devemos tentar ajustar a Sua verdade para que se encaixe no nosso sistema mundano. Não! Exatamente ao contrário! A Sagrada Escritura nos ensina a nos abstermos de competir com o mundo ou a imitá-lo. Aprendemos que somos um povo especial, singular, um povo que se destaca entre os demais, um povo peculiar. Aprendemos a não nos misturarmos com o sistema ímpio deste mundo.

Vemos esta tendência constante na igreja, esta disposição contínua de mesclar-se com o mundo. Quem poderia pensar, há algumas décadas atrás, que chegaríamos ao ponto onde estamos hoje de ter comediantes “cristãos”, artistas “cristãos”, celebridades “cristãs”, atores “cristãos”, disc-jockeys “cristãos”?

Isto aconteceu por causa de uma igreja que perdeu a sua alta estima por Aquele que está muito acima de qualquer outra coisa, uma igreja que se tornou fria e indiferente para com o “Deus grande e temível” a quem Daniel se dirige no nosso texto, uma igreja que na perda de intimidade com o seu bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, também perdeu o entusiasmo do seu primeiro amor, a alegria de estar com o seu “Noivo”. E por fim entregou os pontos, derrotada, e chegou até a apelar ao mundo para encontrar entusiasmo, para de alguma maneira ressuscitar-se para a vida. Foi exatamente isto o que aconteceu.

Nós, a igreja, tentamos fazer do jeito de Deus e não deu certo! Por isto estamos fazendo do jeito do mundo.

A igreja neste momento escolheu ignorar a exortação da Palavra de Deus:”não vos conformeis com este mundo” (Romanos 12:2). A igreja decidiu abandonar a solene advertência de Paulo para evitar qualquer conformidade com este século, para “não se conformar com este século” O próprio Senhor disse: “Não aprendais o caminho dos gentios” (Jeremias 10:2).

Vivemos numa época em que palestras pequenas e curtas são in (na moda), filmes são in, peças de teatro são in, reuniões sociais com sorvete são in… diversão é in… e pregação profunda da Santa Palavra de Deus que mexe com nossa alma é out (fora de moda). Uma igreja fraca, insípida, morna clama como o fez o povo de Deus no tempo de Jeremias: “Não me faças pensar! Não tentes me fazer raciocinar!… pensar! Faze o contrário! Diverte-me… Livra-me da tarefa de pensar!”

A.W.Tozer disse: “O cristão médio vive uma vida tão mundana e negligente que é difícil distinguí-lo de um homem não convertido” (Paths To Power, pág.25). Certamente são palavras de um profeta do século vinte. Não são palavras populares, mas são verdadeiras.

Os comentários de R.C. Sproul são muito semelhantes. Numa palestra feita há alguns anos, ele disse:
“De acordo com as pesquisas Gallup feitas recentemente, a maior parte dos cristãos vive uma vida de acordo com as convenções sociais e culturais e não de acordo com a Lei de Deus. A percentagem de abortos entre os evangélicos é igual à de outras pessoas do mundo… Não se pode perceber a diferença entre um pagão e um cristão na nossa cultura, porque a base dominante da nossa moralidade não vem de uma meditação séria da Lei de Deus, mas vem do que é aceitável no ambiente em que se vive… o que a ‘multidão’ está fazendo.”

A linguagem usada é muito semelhante àquela que sempre foi usada desde tempos passados na igreja. Ainda ouvimos as palavras certas, os clichês apropriados, as conversas soam corretamente. Mas apesar disso, em tudo falta o senso de realidade, a sinceridade de espírito e a seriedade para tratar com as coisas dos Céus. Nas reuniões existe uma sensação clara de estar buscando aigo produzido pela carne. É a busca da auto gratificação. É a busca de um substituto para a verdadeira espiritualidade, a verdadeira adoração, a verdadeira santidade na igreja, um substituto para a busca de Deus!

Note como Daniel se dirige ao seu Senhor: “Oh, Senhor, Deus grande e temível!” Que título respeitável e apropriado para se dar ao Senhor.
“Temível” significa que inspira grande temor. Se fizéssemos uma pesquisa, de cada dez cristãos nove diriam que o temor do Senhor quer dizer “admiração reverente”. E estão certos. Temer a Deus é ficar diante Dele com um profundo senso de admiração e reverência.

O temor do Senhor era uma realidade para Daniel e ele ficou atônito diante do Seu poder e da Sua força, da Sua própria Pessoa. Mas eu ainda sugeriria que o “temor de Deus” também significava para Daniel que ele temia Deus; que estava simplesmente com medo de Deus, do grande e temível Deus.

A idéia predominante no mundo não regenerado de hoje, e lamentavelmente, na maior parte da igreja contemporânea também, é de que Deus é simples e somente um Deus de amor, que nunca faria nada que viesse nos machucar, e que não temos motivos para ter medo de Deus. Esta é uma mentira astuciosamente arquitetada pela mente do pai das mentiras para enganar os homens simples e ignorantes. Um Deus somente de amor, que nunca pode ser um Deus de ira, é um Deus de “fábulas engenhosamente inventadas” (2 Pedro 1:16).

Não temer a Deus, nas próprias palavras de Deus, é “uma coisa má”. Para o seu próprio povo apóstata Ele disse: “A tua malícia te castigará, e as tuas infidelidades te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mau e quão amargo é deixares o Senhor teu Deus e não teres temor de mim, diz o Senhor Deus dos Exércitos” (Jeremias 2:19). Não temer o Senhor Deus Jeová, não ter medo de Deus, é uma coisa má.

O Senhor disse para o Seu próprio povo: “Espantai-vos… e horrorizai-vos! ficai estupefatos” (Jr 2:12). Na sua gloriosa visão de Deus no Apocalipse, João disse: “Quando o vi, caí a seus pés como morto” (Apocalipse 1:17). Você sabe o que é isso? Ouvi uma vez um pregador dizer o que realmente é – santo pavor!

Fazendo Confissão

Em Daniel 9:4, Daniel disse: “Orei ao Senhor meu Deus, e confessei.” Daniel está orando a Deus aqui, em favor do fim do cativeiro babilónico. O cativeiro dos judeus era uma punição por terem pecado mui gravemente contra Deus (Lamentações 1:8). Daniel sabia, por ter lido as Escrituras proféticas, que o tempo da liberdade já estava bem próximo. Ele fez esta oração mais ou menos em 539 a.C., e o cativeiro terminaria em 536 ou 535 a.C. A oração inteira, portanto, era uma confissão de pecado feita por Daniel em favor do seu povo e de si mesmo.

A confissão de pecados é imprescindível para o filho de Deus que se aproxima do Trono, se quiser ser ouvido por Deus e ver a Sua face. É essencial na hora de ir a Deus em oração sempre começar com confissão de pecado. Isaías disse: “…os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaías 59:2). O salmista disse: “Se eu no meu coração contemplara a vaidade (iniqüidade) o Senhor não me teria ouvido” (Salmo 66:18). Se nós, como Daniel, quisermos buscar Sua face, o pecado precisa ser tratado. Precisa ser confessado, como o fez Daniel.
Se assim não for, o Senhor diz que encobrirá o Seu rosto e não nos ouvirá.

Precisamos conhecer a glória de uma vida de confissão – admitindo habitualmente diante de Deus cada escorregadela, cada falha, cada deficiência, cada mínimo pensamento mau, cada palavra de língua afiada que poderia ofender outra pessoa, cada mentira. Confessar nossa busca de outras “coisas” neste mundo, confessar nossa freqüente frieza para com um Deus amoroso, nosso desinteresse nas coisas de Deus, nossa notória ausência de fome e de sede por Ele. Confessar a nossa mornidão para com as coisas de Deus.

Nunca pense que tratar com o pecado é coisa negativa. Esta é uma das coisas mais positivas que um cristão pode fazer. De acordo com a Palavra de Deus, a confissão sincera é a porta de entrada para a alegria e felicidade no Senhor. A confissão sincera sempre traz perdão, restauração e alegria. “Bem aventurado (isto é, feliz) aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto” (Salmos 32:1). “Bem aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus” (Mateus 5:8).

Há alguns anos atrás ouvi esta verdade exposta por um pregador judeu nascido de novo. Ele disse: “A salvação é somente o começo de uma vida de arrependimento!” Quão verdadeira! Quão gloriosa!

“Nada entre a minha alma e o Salvador… Deixem livre o caminho! Não permita que haja nada entre eles.”

James Jidov é um homem de negócios aposentado e um pregador leigo. Ele e sua esposa vivem em Walled Lake, Michigan, E.U.A.

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Uma resposta

  1. Amém, uma palavra relevante, inspiradora e perturbadora para quem desejar clamar ao Senhor como Daniel, precisamos insistir conosco mesmo, para ter uma tranquilidade e paz na alma, sossega-la para buscar a face do Senhor. Percebo que não é fácil, nesta cultura que vivemos, atropelados pelo pouco tempo disponível, e agendas lotadas.

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