21 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Quando Você Ofende Alguém

Por Kevin Cauley / Mal Bicker

Ofender alguém significa, basicamente, fazer com que essa pessoa se sinta aborrecida ou perturbada, por meio de nossas palavras ou ações, quer tenha justificativa para esse sentimento, quer não. O que devemos saber, como cristãos, sobre esse lado da ofensa, ou seja, o lado em que não somos ofendidos e, sim, a causa da ofensa?

Em primeiro lugar, o cristão deve viver a vida de forma a evitar que ofenda desnecessariamente os outros. Esse princípio encontra-se em Romanos 12.18: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. O desejo do cristão é estar em paz com todos a fim de que a verdade de Deus seja transmitida e Cristo seja visto por meio dele. Para isso, é preciso evitar quaisquer ações ou palavras que possam ofender desnecessariamente os outros. Paulo escreveu: “Não dando nós nenhum motivo de escândalo [ou ofensa] em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado” (2 Co 6.3).

Esse é o princípio, também, que nos ensina a evitar ações que possam levar alguém a praticar algo contrário à consciência. “Não vos torneis causa de tropeço [ofensa] nem para judeus, nem para gentios, nem tão pouco para a igreja de Deus” (1 Co 10.32). No contexto dessas passagens, a ofensa vem por meio de questões de preferência pessoal que podem levar alguém a pecar ou a rejeitar o Evangelho. Certamente, nunca devemos permitir que nossos gostos ou preferências impeçam alguém de converter-se! Por isso, o cristão deve viver de forma a evitar ofensas desnecessárias.

Em segundo lugar, seria simplesmente impossível vivermos a vida cristã e nunca ofendermos alguém mesmo que conseguíssemos fazer só o que é certo! As Escrituras não dizem que nunca devemos ofender alguém, em hipótese alguma. Pelo contrário, mostram-nos que muitos serão ofendidos pelo ensinamento e a pregação do Evangelho.

O próprio Jesus ofendeu pessoas quando lhes disse a verdade (Mt 13.57; 15.12). Até os discípulos ficaram ofendidos com ele (Jo 6.61)! Entretanto, ele nunca pediu desculpas por ter falado a verdade. Quando os discípulos lhe relataram que os fariseus haviam-se ofendido com suas palavras, Jesus respondeu: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco” (Mt 15.13,14).

Portanto, o cristão não deve preocupar-se se está ofendendo alguém quando ensina ou prega a verdade desde que o faça em amor (Ef 4.15).

Em terceiro lugar, precisamos enfrentar a verdade nua e crua: todos nós, inevitavelmente, havemos de dizer ou fazer algo errado, em alguma ocasião, que ofenda alguém. Como escreveu Tiago: “Porque todos tropeçamos [ofendemos] em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz de refrear também todo o seu corpo” (Tg 3.2).

Nesse caso, quando pecamos e cometemos um erro, é óbvio que devemos pedir perdão tanto à pessoa ofendida quanto a Deus (veja 1 Jo 1.9; Tg 5.16).

Deveria ser marca registrada do cristão o fato de poucas pessoas se sentirem ofendidas com ele mesmo em se tratando daqueles que se opõem ao Evangelho. Que seja este o nosso alvo: praticar uma vida isenta de ofensas. Se, porventura, ofendermos alguém, que sejamos sensíveis para reconhecê-lo e rápidos para tomar as devidas medidas e corrigir o que fizemos.

Em Lucas 17.1, Jesus declara que “é inevitável que venham escândalos [ofensas]”, mas depois acrescenta: “mas ai do homem pelo qual eles vêm”. Em Mateus 18.6-9, Jesus adverte os discípulos das horrendas consequências que virão sobre quem ofender um pequenino, seja uma criança ou um cristão recém-nascido. Em Atos 24.16, Paulo testifica que, como cristão, seu desejo era viver de tal forma a ter uma consciência sempre pura, livre de ofensa para com Deus e os homens.

Em geral, não pretendemos ofender os outros. Acontece quando falamos as coisas sem pensar e, às vezes, por causa da forma como as falamos. Podemos ser desatentos, precipitados, imponderados, insensíveis, incompassivos, arrogantes e até rudes. Às vezes, em nosso orgulho, podemos vangloriar-nos dizendo: “Eu não uso meios-termos; eu rasgo o verbo”. Isso é ótimo. Não há nada de errado ou indelicado em falar a verdade com amor e humildade. Entretanto, aqueles que gostam de vangloriar-se disso geralmente desenvolvem uma atitude calejada sobre a possibilidade de ofender alguém.

Ofendemos os outros por atitudes de egoísmo e falta de consideração. Às vezes, falta-nos empatia, a capacidade de nos colocar na pele de outra pessoa. Nesses casos, é mais fácil ofender os outros sem perceber.

Voltando à passagem de Mateus 18, Jesus instrui-nos a cortar fora a mão ou arrancar o olho para não permitir que esses membros do corpo sirvam de tropeço ou ofensa para crianças e outras pessoas ao nosso redor. É claro que Jesus está usando o recurso da hipérbole para enfatizar o ponto. O pecado não vem das mãos ou dos olhos; vem do coração. Mas ele queria mostrar a seriedade de ofender os outros.

Como devemos fazer, então, para não ofender os outros e não precisar mutilar nosso corpo? Com certeza, a resposta inclui a leitura constante da Palavra de Deus e a prática diária de orações como estas:

“As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu” (Sl 19.14).

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23,24).

Por exemplo, podemos levar em consideração irmãos que são espiritualmente mais fracos ou imaturos e que podem ofender-se com a liberdade que temos em Cristo. Talvez, não conheçam ou não compreendam tal liberdade. Se pensarmos neles e considerarmos seus sentimentos, poderemos abrir mão de algumas liberdades quando estivermos em sua presença a fim de não ofendê-los desnecessariamente.

Outra maneira de não ofender é considerar cuidadosamente a maneira como falamos. Considere o que você diz e o tom de voz em que o diz. Tem algum elemento de aspereza, dureza ou rispidez?

Pergunte para seu cônjuge, seus filhos ou a pessoa com quem está falando. É bem provável que lhe dirão a verdade. Se eles lhe disserem que suas palavras soaram ásperas ou rudes, você deve humilhar-se diante de Deus e confessar sua falha àquela pessoa. Busque a ajuda de Deus para ter mais empatia, colocar-se no lugar de outra pessoa. É um passo muito importante na vida cristã aprender a colocar os sentimentos dos outros acima dos sentimentos próprios.

Compilado, traduzido e adaptado de dois artigos: “Offending and Being Offended” (Ofendendo e Sentindo-se Ofendido), Part 1, de Kevin Cauley (site:www.the-churchofchrist.com) e “Offending Others or Being Offended” (Ofendendo Outros ou Sentindo-se Ofendido), de Mal Bicker (site: http://hiddentreasures.wordpress.com).

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