Quem é a mulher glorificada de Apocalipse 12?

Asher Intrater

Geralmente, escrevo artigos de ensino com pouca narrativa ou testemunho pessoal. Mas de alguma forma, suponho que esse ensinamento acompanha a história.

Recentemente, comemorei meu aniversário de 70 anos. Passamos o dia com nossos filhos e netos caminhando pelas antigas ruínas de Cesareia, na praia e no museu, vendo a história de Roma e de Israel no tempo de Herodes, o Grande, logo antes do nascimento de Yeshua.

(Além disso, terminei o dia com uma colher tripla, quase pecaminosa, com dupla espessura, de milk shake de chocolate belga na sorveteria Golda, perto da praia! Enfim, voltando à história):

Como eu sabia que passaríamos o dia todo com os filhos e os netos, levantei-me cedo para meditar nas Escrituras. A semana inteira eu não conseguia parar de pensar na descrição da Mulher Glorificada de Apocalipse 12.1-2.

Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.

O simbolismo que envolve esta mulher é tão rico e multifacetado! Contém elementos do propósito de Deus ao criar Eva no início de Gênesis até o grande casamento da Nova Jerusalém no fim de Apocalipse. Poderíamos acrescentar dezenas de outras passagens, como a descrição da amada donzela no Cântico dos Cânticos.

O significado espiritual combina imagens tanto de Israel quanto da Igreja, pois ela dá à luz o Filho de Deus a quem o dragão procura destruir. A mulher aparece em plena glória, com autoridade de rainha e uma coroa de 12 estrelas. Há uma referência indireta ao “sol” governando o dia e a “lua” governando a noite em Gênesis 1, também fazendo um paralelo com os sonhos de José em Gênesis 37.

Como todo esse simbolismo se encaixa? Não consegui obter uma resposta clara em meus pensamentos. Então chegou a hora de partir para as comemorações com a família. Quando voltamos, já era tarde e eu estava cansado. Tentei orar um pouco mais e ponderar sobre isso, mas adormeci um pouco antes da meia-noite.

Então, às 2h21 da manhã, acordei de repente e senti o Espírito Santo dizer ao meu coração que a resolução do paradoxo dessa mulher ser Israel ou a Igreja podia ser vista na pessoa da rainha Ester.

Os eventos do livro de Ester ocorrem no reino da Pérsia no século V a.C., e se tornam um modelo profético tanto para os eventos históricos da nação judaica quanto para as profecias espirituais relativas à Ekklesia internacional. Essa combinação de história bíblica e profecia cria um modelo para eventos futuros que ocorrerão no fim dos tempos.

Mordecai pode ser visto como uma figura de Yeshua; Hamã, uma figura do anticristo; a sentença de morte contra os judeus, como a perseguição do fim dos tempos. Ester é uma figura da rainha glorificada de Apocalipse 12. Desta forma, Ester representa tanto Israel quanto a Ekklesia internacional.

(Nota: os eventos do pergaminho de Ester ocorrem no mês de Adar, o último mês do calendário hebraico, logo antes do primeiro mês, Nissan, o mês da Páscoa. A Páscoa inicia o simbolismo bíblico com o sacrifício do Cordeiro; o Purim termina a narrativa com uma crise internacional, como os conflitos do fim dos tempos.)

Ester é um exemplo vivo de como a Ekklesia internacional e a nação de Israel se tornam um. Ester é completamente judia. Parte da tensão dramática da história gira em torno de ela ter que lidar com sua identidade judaica. Ao mesmo tempo, ela é a rainha monarca do império persa no mundo.

Não há contradição. O paradoxo está resolvido. Ester é totalmente judia e internacional. Ela é uma garota simples, crescendo em uma família judia, antes de se tornar uma rainha da beleza e depois a rainha do império. Ela é forçada, por circunstâncias difíceis, a lidar com seu próprio destino.

Ela ora e jejua. Gradualmente, ela percebe a enorme influência que exerce sobre o Rei. A sua beleza e graça se transformam em autoridade e poder que mudam a história, como uma guerreira. Ela salva os judeus, transforma o Reino, introduz a figura glorificada do Messias, Mordecai (Ester 10.3), e então governa o império global com ele.

Em Ester, temos um exemplo de como o simbolismo Israel-Igreja de Apocalipse pode se fundir em um só. Há uma princesa-noiva glorificada, com dois olhos, dois ouvidos, dois braços e dois pés, mas um corpo. Ela é como a dança do acampamento duplo, maanaim (Cântico dos Cânticos 6.13).

As histórias de Israel e da Igreja estão sendo gradualmente fundidas em uma figura unificada real e glorificada. Esse processo unificador será forjado pelas dificuldades ardentes das tribulações do fim dos tempos. Quando Yeshua retornar, as duas serão completamente unificadas (Efésios 2.15-16). Assim, a noiva será preparada (Apocalipse 19.7).

A imagem da beleza, graça, glória e autoridade reais pode ser vista em Ester. A unidade da sua identidade como princesa judia e como rainha do império persa pode ser vista nela sem conflito. Há um paradoxo na imagem dupla, mas nenhuma contradição.

O mesmo é válido para a mulher glorificada de Apocalipse. Ela está vestida com o sol, a lua debaixo dos pés e tem doze estrelas em sua coroa. Ela é o ventre para a revelação contínua do Filho de Deus. A imagem de temas israelitas e temas da Ekklesia fundem-se. Ester é um exemplo vivo. Apocalipse explica o mistério.

Voltemos ao texto de Apocalipse 12.1. Observe que se refere a um “grande sinal” – semeion mega em grego. Este é um “mega símbolo”.

Isso nos lembra de outro “mega” descrito em Efésios 5.32 – Este é um grande mistério. Pois falo de Cristo e a Ekklesia. A palavra para “grande mistério” aqui é mysterion mega.

O mega sinal é o mesmo que o mega mistério. Tem mega importância.

Você e eu fazemos parte desse grupo de miríades de pessoas que fazem parte da imagem composta da mulher glorificada de Apocalipse 12. Também somos parte do “resto de sua descendência” – aqueles que carregam o testemunho de Yeshua e guardam os mandamentos de Deus (versículo 17).

Acredito que recebi isso no meu aniversário de 70 anos como um “sinal” para pessoalmente dedicar a próxima década da minha vida a servir esse grupo de pessoas, representado pela imagem da noiva glorificada e sua descendência. Talvez Deus esteja chamando alguns de vocês para uma dedicação semelhante.

Isso certamente é um mega sinal com mega significado. Também é acompanhado por uma mega guerra. Apocalipse 13 descreve uma besta horrível que tenta matá-la. Apocalipse 17 descreve uma prostituta pecadora que tenta perverter sua imagem. No entanto, por fim, a Noiva glorificada de Apocalipse 12 prevalecerá e tomará seu lugar de vitória e autoridade.