19 de junho de 2025

Ler é sagrado!

“Seja Feita a Tua Vontade”

D.L. Moody (1837 – 1899)

Um elemento essencial na oração é a submissão. Toda oração genuína deve ser oferecida em total submissão a Deus. Depois de apresentar nossas petições ao Senhor, nossa fala deve ser: “Seja feita a tua vontade” (Mt 6.10). Eu preferiria mil vezes que a vontade de Deus fosse feita no lugar da minha. Não consigo ver o futuro, mas Deus o vê; por isso, é muito melhor que ele faça minhas escolhas por mim do que eu escolher sozinho.

Posso conhecer algo da mente do Senhor a respeito de coisas espirituais. Sua vontade é que eu seja santificado; assim, posso pedir confiantemente a Deus por isso e esperar uma resposta para minhas orações. Entretanto, quando o objeto de minhas orações são questões temporais, é diferente; o que peço pode não ser um propósito de Deus para mim.

Como alguém já afirmou com propriedade: “Não tenha dúvida, orar não significa que trarei Deus para o nível dos meus pensamentos e propósitos, nem que irei dobrar sua decisão segundo minhas noções tolas, bobas e, muitas vezes, pecaminosas. Orar significa que devo ser elevado a sentir, a me unir e a planejar com Deus; que devo me submeter a seu conselho e cumprir inteiramente seu propósito.

Temo que, muitas vezes, pensamos que a oração tem um caráter inteiramente contrário a isso, como se fosse um instrumento pelo qual conseguíssemos persuadir ou influenciar nosso Pai nos céus a fazer o que bem quisermos, um instrumento a ser usado para realizar nossos tolos e míopes propósitos. Estou convencido de que Deus sabe muito melhor do que eu o que é bom para mim e para o mundo; e, mesmo que eu pudesse dizer categoricamente “Seja feita a minha vontade”, eu prefiro dizer: “Seja feita a tua vontade”.

Temos o relato de que uma mulher, muito enferma, ao ser perguntada se preferia viver ou morrer, teria respondido: “O que Deus quiser”. “Mas”, indagaram, “e se Deus deixar que você decida?” Ela então replicou: “Eu sinceramente iria insistir que ele decidisse”. Assim, a pessoa que sujeitar sua vontade a Deus, receberá o que deseja, pois passou a desejar que a vontade de Deus seja feita.

Spurgeon, ao comentar sobre esse assunto, declarou: “O crente recorre a Deus em todo o tempo para conservar sua harmonia com o pensamento divino. A oração não é um monólogo, mas um diálogo; não é uma introspecção, é olhar para o monte, de onde vem nosso socorro. É um alívio quando desabafamos com um amigo compreensivo, e a fé tem plena consciência disso; contudo, a oração proporciona mais do que isso. Quando uma tarefa foi executada em obediência até o limite da nossa capacidade, e mesmo assim o que se esperava não é alcançado, confiamos que a mão de Deus agirá sobrenaturalmente além do nosso limite, assim como acreditávamos que nos acompanharia enquanto obedecíamos. A fé não deseja que sua própria vontade seja feita quando essa vontade não está de acordo com a mente de Deus; pois esse desejo, no mínimo, seria fruto de uma incredulidade que não se submete aos pensamentos superiores de Deus, que sabe muito melhor como nos conduzir. A fé sabe que a vontade de Deus é nosso maior bem, e que tudo o que for para nosso benefício será concedido, com respeito a nossas petições.”

Ore por submissão pessoal

Em vista da dificuldade de submeter inteiramente nosso coração à vontade divina, podemos muito bem adotar a oração de Fénelon: “Ó Deus, toma o meu coração, porque não consigo entregá-lo; e quando tu o tiveres, guarda-o, porque não consigo preservá-lo para ti; e guarda-me, apesar de mim mesmo”.

Alguns dos melhores homens que já existiram cometeram grandes erros nessa área. Moisés orou por Israel e prevaleceu com Deus, mas o Senhor não respondeu aos pedidos que fez para si mesmo. Ele pediu a Deus que o levasse ao outro lado do Jordão, para que pudesse entrar pessoalmente na terra. Depois de 40 anos peregrinando no deserto, ele desejava ver a Terra Prometida, mas o Senhor não lhe concedeu esse desejo.

Teria sido um sinal de que Deus não o amava? De jeito nenhum. Ele era um homem muito amado por Deus, assim como Daniel. Mesmo assim Deus não atendeu ao pedido dessa sua oração. Se seu filho diz: “Quero isso ou aquilo”, você poderá não atender a esse pedido porque sabe que dar tudo o que a criança quer pode arruiná-la. Moisés ansiava por entrar na Terra Prometida, mas o Senhor tinha outro propósito para ele. Alguém disse que Deus lhe deu um beijo no coração e o tomou para si. “Deus o sepultou” – a maior honra já feita a um mortal.

Mil e quinhentos anos depois, a oração de Moisés foi respondida; Deus permitiu que ele entrasse na Terra Prometida e vislumbrasse a glória vindoura. No Monte da Transfiguração, junto ao grande profeta Elias, além de Pedro, Tiago e João, ele ouviu a voz que partia do trono de Deus. “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Mt 17.5). Isso foi melhor do que atravessar o rio Jordão e peregrinar por 30 anos pela terra de Canaã, como fez Josué. Portanto, quando nossas orações por coisas terrenas não forem atendidas, submetamo-las à vontade de Deus, sabendo que está tudo bem.

Elias era um poderoso homem de oração; ele orou e caiu fogo dos céus sobre seu sacrifício e suas petições trouxeram chuva sobre a terra sedenta. Ele se apresentou sem medo ao rei Acabe no poder da oração. Mesmo assim, escondeu-se sob um zimbro como um covarde, pedindo a Deus que o deixasse morrer. O Senhor o amava demais para permitir aquilo. Mais tarde, Deus o levaria aos céus em uma carruagem de fogo.

Por isso não devemos permitir que o diabo leve vantagem sobre nós e nos faça crer que Deus não nos ama porque não recebemos o que pedimos em orações na hora e da maneira que queríamos.

Moisés é o personagem que ocupa mais espaço do que qualquer outro nas Escrituras do Antigo Testamento. No Novo Testamento, Paulo é quem mais aparece – com exceção, talvez, do Senhor Jesus. Paulo pediu que o Senhor removesse seu “espinho na carne”. Seu pedido não foi atendido (2 Co 12.8), mas o Senhor lhe concedeu uma bênção ainda maior. Ele lhe deu mais graça. Pode ser que passemos por algumas provações – alguns espinhos na carne. Se não for da vontade de Deus removê-los, peçamos a ele mais graça para podermos suportá-los. Lemos que Paulo se gloriava em seus contratempos e enfermidades, porque, nesses momentos, ele recebia ainda mais do poder de Deus.

Para alguns de nós, pode parecer que tudo está contra nós. Que Deus nos dê graça para nos colocarmos no lugar de Paulo e dizer: “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. Quando orarmos, portanto, devemos ser submissos e dizer: “Seja feita a tua vontade”.

No Evangelho de João, lemos: “Se…” (e esse “se” é um grande obstáculo), “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será concedido” (Jo 15.7). A última parte é sempre citada, mas a primeira não. Ora, muito poucos permanecem em Cristo, hoje em dia! Você o visita de vez em quando, e parece que basta. Se Cristo está em meu coração, certamente não pedirei nada que esteja contra sua vontade. E em quantos de nós a Palavra de Deus permanece?

Precisamos de um fundamento para nossas orações. Se desejamos algo grande, devemos buscar uma base nas Escrituras para descobrir se é correto pedir aquilo. Desejamos muitas coisas que não são boas para nós; e muitas outras coisas que desejamos evitar na verdade seriam as melhores bênçãos. John Bunyan glorificou a Deus por sua cela na prisão de Bedford mais do que por qualquer outra coisa que tenha lhe acontecido. Nunca pedimos por aflições em nossas orações; ainda assim, às vezes é o que mais bem nos faria.

Aflições que se tornam bênçãos

Dyer diz: “As aflições são bênçãos para nós quando podemos glorificar a Deus por elas. O sofrimento impede que muitos caiam em pecado. Deus teve um Filho sem pecado, mas nunca teve filhos que não tenham sofrido. As provas de fogo produzem cristãos de ouro; aflições santificadas são promoções espirituais.”

Samuel Rutherford, ao refletir sobre o valor da provação santificada e sobre a sabedoria de submetê-la à vontade de Deus, escreve de forma maravilhosa: “Oh, o quanto devo à lima, ao martelo, à fornalha do meu Senhor Jesus, que hoje me permitiu ver quão bom é o trigo de Cristo que passa por seu moinho e seu forno, para se tornar pão para a própria mesa do Senhor! A graça obtida por meio de uma prova é a melhor graça; e é mais do que graça – é a própria glória em sua fase embrionária. Quem conheceu a verdadeira graça sem passar por uma provação? Oh, quão pouco Cristo consegue de nós, senão aquilo que ele precisou conquistar com grande trabalho e dor! E quão rápido a fé se congelaria sem uma cruz! Por que deveria eu começar pelo arado do meu Senhor, que faz profundos sulcos em minha alma? Sei que ele não é um lavrador displicente; ele busca uma colheita. Oh, que este solo endurecido e abandonado seja quebrantado pelo arado divino e se torne fértil para oferecermos a ele, que tem se dedicado com tanto sacrifício para cultivar, uma maravilhosa colheita!”

Com as palavras do profeta Jeremias, no livro de Lamentações, concluímos nossas observações sobre esse assunto: “Bom é o SENHOR para os que esperam nele, para quem o busca. Bom é ter esperança e aguardar tranquilo a salvação do SENHOR. Bom é para o homem suportar o jugo na sua juventude. Que se assente sozinho e fique calado, porque Deus o pôs sobre ele. Que ponha a sua boca no chão, talvez ainda haja esperança. Ofereça o seu rosto a quem quiser feri-lo, suporte a desonra. Pois o Senhor não rejeitará para sempre. Embora entristeça a alguém, terá compaixão segundo a grandeza da sua misericórdia. Porque não lhe agrada afligir nem entristecer os filhos dos homens… Quem poderia mandar e fazer acontecer as coisas, sem que o Senhor o tenha ordenado? Não é o Altíssimo que envia tanto o mal como o bem? Por que o homem vivente se queixa quando é castigado pelos seus pecados? Examinemos os nossos caminhos; vamos prová-los e voltar para o SENHOR. Levantemos o coração e as mãos para Deus no céu…” (Lm 3.25-41).

– Extraído de Prevailing Prayer [A Oração que Prevalece] de D. L. Moody.

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