21 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Servindo a Deus – com Alegria

Por: George Müller

No meio do povo de Deus, muitos certamente estão com as mentes cheias de planos para o futuro e para as diversas esferas do serviço nas quais, se o Senhor nos conceder mais tempo de vida, nos engajaremos. Pode ser que o bem-estar de nossas famílias, a prosperidade dos negócios, ou a atividade no serviço para o Senhor sejam considerados como as questões que mais deveriam ocupar nossa atenção. Mas, de acordo com minha avaliação, o ponto que mais requer cuidado é este: se temos verdadeira satisfação e alegria interior no Senhor!

Outras coisas podem pressioná-lo; a obra do Senhor pode, inclusive, requerer urgência sobre seu tempo e preocupação. Mas eu repito deliberadamente: é de suprema importância que você busque acima de todas as coisas encontrar verdadeira alegria e satisfação no próprio Deus. Dia após dia, procure fazer disso o assunto mais importante de sua vida. Essa tem sido minha firme e determinada convicção nos últimos 35 anos. Nos primeiros quatro anos após minha conversão, eu não sabia de sua vasta importância, mas agora, depois de muita experiência, recomendo este ponto de maneira especial para ser ponderado por meus irmãos e irmãs em Cristo. A chave para servir na obra de Deus de modo realmente eficaz é – ter alegria em Deus e experimentar verdadeiro relacionamento e comunhão com ele.

Mas de que maneira podemos alcançar essa permanente felicidade de alma? Como aprender a ter prazer em Deus? Como chegaremos a uma plena satisfação de alma em Deus a tal ponto de sermos capazes de abrir mão das coisas deste mundo como vãs e sem valor em comparação com o que temos nele? Eu respondo, essa felicidade pode ser obtida através do estudo das Sagradas Escrituras. Por meio delas, Deus tem se revelado a nós na face de Jesus Cristo.

Nas Escrituras, pelo poder do Espírito Santo, ele se manifesta ao nosso homem interior. Lembre-se, não é o Deus de nossos pensamentos ou de nossas imaginações que precisamos conhecer, mas o Deus da Bíblia, nosso Pai, que deu Jesus, seu Filho bendito, para morrer por nós. É esse Deus que devemos procurar conhecer intimamente, de acordo com a revelação que deu de si mesmo em sua tão preciosa Palavra.

A maneira como estudamos essa Palavra é uma questão da mais profunda importância. A parte mais cedo do dia que nos for disponível deve ser dedicada à meditação nas Escrituras. Devemos alimentar nosso homem interior na Palavra. Devemos lê-la – não para os outros, mas para nós mesmos. Todas as promessas, os encorajamentos, as advertências, as exortações, as repreensões devem ser recebidas diretamente no nosso coração.

De maneira especial, tomemos o cuidado de não negligenciar porção alguma da Bíblia. Ela deveria ser lida do princípio ao fim regularmente. Ler partes favoritas da Bíblia – e deixar outras de lado – é um hábito que deve ser evitado. Porém, mesmo a leitura completa da Bíblia não é suficiente. Precisamos buscar o conhecimento íntimo e experimental daquele que é revelado pelas Escrituras, o bendito Jesus que se entregou para morrer em nosso lugar. Oh, que satisfação verdadeira e duradoura nossa alma encontra nele!

Agir na Luz que Recebemos

Outro ponto precisa ser especialmente observado: a importância de se esforçar sempre para colocar em prática aquilo que aprendemos. Devemos procurar agir de acordo com a luz que já recebemos e, então, certamente mais nos será dado. Se deixarmos de fazer isso, nossa luz se tornará escuridão.

É da mais urgente importância que andemos com coração sincero, honesto e correto diante do Senhor. Se algum mal é praticado ou abrigado e tolerado, o canal de comunicação entre nós e Deus será cortado (temporariamente). É muito importante que nos lembremos disso. Enfermidades e fraquezas farão parte de nossa vida enquanto permanecermos no corpo, mas isso é diferente de voluntariamente permitirmos o mal. Eu preciso ser capaz de olhar para a face do meu Pai Celestial, com coração verdadeiro, honesto e íntegro,  e dizer, “Aqui estou, bendito Senhor; faze comigo conforme tu queres”.

Depois, lembremo-nos que somos mordomos de Deus. Nosso tempo, nossa riqueza, nossos talentos, tudo que temos é dele e dele somente. Procuremos nos lembrar disso e aplicá-lo na prática, e como será feliz então nossa vida cristã! É um princípio divino: “Ao que tem [mais] se lhe dará” (veja Mt 13.12; Mc 4.25; Lc 8.18; 19.26). Quanto mais nos empenharmos em aplicar bem aquilo que nos foi confiado, mais nos será concedido. Seremos usados pelo Senhor e nos tornaremos cada vez mais felizes em seu serviço tão abençoado. Temos apenas uma vida – uma breve vida. Busquemos com coração renovado consagrar esta única vida totalmente ao Senhor – com o propósito de viver dia após dia para Deus e para servi-lo com corpo, alma e espírito – que pertencem a ele!

Com o passar dos anos, cuidemos para que nosso poder espiritual não diminua, mas que haja um aumento de energia e vigor espiritual, de forma que nossos últimos dias sejam os melhores. A santa fé que nos foi dada não consiste em falar. Realidade, realidade, realidade é o que queremos! Que toda nossa atividade seja de coração. Sejamos genuínos. As pessoas do mundo devem ser compelidas a dizer de nós: “Se existe de fato um cristão verdadeiro, lá está um”.

Deus Revelado nas Escrituras

Voltando às Escrituras, podemos conhecer nelas, por meio do ensinamento do Espírito Santo, o caráter de Deus. Nossos olhos são abertos sobrenaturalmente para ver como Deus é amoroso! E esse bom, gracioso e amoroso Pai celestial é nosso pai, nossa porção para o tempo presente e para a eternidade. E é à bendita imagem e semelhança do Senhor Jesus, aquele que se entregou por nós, que seremos transformados. Servi-lo deve ser nossa maior alegria e privilégio enquanto permanecermos na Terra.

Quando provações e aflições vierem, quando nos parecer que Deus não é a Pessoa amável, bondosa e graciosa apresentada a nós em sua Palavra, devemos murmurar e nos desesperar? Ah, não! Amado em Cristo, confiemos em nosso Pai celeste. Como crianças pequenas, dependamos inteiramente dele, repousando na doce segurança de seu eterno e imutável amor. Lembremos como ele agiu com os santos do passado, como tratava com eles. Lembremos o que é registrado a respeito de suas histórias, pois agora Deus certamente agirá, como sempre agiu, de acordo com sua Palavra. Esse conhecimento íntimo e experimental de Deus nos tornará verdadeiramente felizes. Nada mais o fará. Se não somos cristãos felizes, há algo errado. A culpa é nossa e somente nossa.

Em Deus nosso Pai e no bendito Senhor Jesus, nossas almas têm um rico, divino, imperecível e eterno tesouro. Tomemos posse, na prática, dessas verdadeiras riquezas. Que os dias que nos restam, na nossa peregrinação terrena, sejam gastos em consagração crescente, devota e intensa de nossas almas a Deus.

George Müller, 1805-1898, foi um gigante da fé; é conhecido pelos orfanatos na Inglaterra que iniciou e que foram mantidos pela oração, sem pedir ofertas a ninguém.

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