Tornei-me um homem solitário desde o acidente que sofri com minha esposa. Ela não suportou os ferimentos e faleceu na manhã seguinte. Eu a amava e a partir daquele dia nada do que fazia, via ou ouvia era suficiente para tirar o sentimento de solidão que se abateu sobre mim.
Durante uma viagem que fiz a outra cidade fui fazer uma visita ao cemitério. Caminhava entre os túmulos com minha mente vagando distante até que um folheto de cor azul, abandonado sobre uma lápide, chamou minha atenção. Trazia na frente a foto de um homem sozinho, sentado em um banco de uma praça. Comecei a ler o que dizia:
“Solidão”
“Você já deve ter percebido que há algo em seu coração que é difícil de compreender. Às vezes, mesmo cercado por aqueles que o amam, e aos quais você também quer bem, seu coração é tomado por um sentimento de extrema solidão. Então o mais querido amigo ou parente torna-se para você como um desconhecido que não pode compreender a sua amargura.”
Pensei logo em minhas três filhas e três netas que tudo faziam procurando me consolar, mas eu continuava triste. Sabia que me amavam, mas não podiam compreender o que eu sentia.
“E quando a solidão o oprime, brota do fundo do seu ser um lamento: ‘Ninguém me entende; não há quem possa compreender o que estou sentido…’ Não importa o quanto você possua, ou o lugar onde se encontre, seu coração se sentirá vazio e solitário. E qual é a razão de tantas pessoas se sentirem assim? A resposta é que está faltando ALGUÉM.”
A mensagem continuava dizendo que Deus nos criou com o propósito de ocupar o primeiro lugar em nossa vida, mas que desde o princípio nos tornamos rebeldes e, por esta razão, pecadores. E isto nos levaria à condenação. Eu tentara me ocupar com religião para preencher o vazio em meu coração, mas aquele folheto me falava de uma Pessoa: Cristo.
“O Senhor Jesus deseja ocupar o primeiro lugar no seu coração. Crendo nele você é perdoado de todos os pecados e tem garantida a sua eterna salvação. Ele tem a chave para abrir todas as cadeias que estão lhe oprimindo, e pode abençoar com sua santa paz a todo coração solitário que a ele se entrega. Assim, quando você se sente solitário, é Jesus que está dizendo: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei’ (Mateus 11.28).”
Aquelas palavras pareciam tocar fundo em minha alma. Jesus era alguém que realmente conhecia o que é ficar só, o que é ser abandonado por todos e enfrentar a tristeza e a morte.
“E todas as vezes que você se sente incompreendido é ele que continua a chamar pois deseja satisfazer seu coração, dando-lhe a salvação e o contínuo desfrutar do seu amor. E então, se depois de abrir o seu coração a Cristo, descobrindo que ele ‘pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus’ (Hebreus 7.25), você sentir sobre si o peso das amarguras que este mundo nos reserva, saiba que ele estará ali, junto a você, pronto para aliviar o seu fardo. íO Homem de dores, e que sabe o que é padecer’ (Isaías 53.3), sabe o quanto você está sofrendo. Aceite agora mesmo a infinita graça do Filho de Deus, o único que pode encher o seu solitário coração.”
Naquele momento tudo parecia fazer sentido para mim. Meu coração se encheu de uma paz que antes não experimentara. Deus havia permitido todo aquele sofrimento para chamar minha atenção, para que eu conhecesse o Seu amor. Foi então que algo mais me chamou a atenção. O túmulo sobre o qual o folheto fora deixado tinha seguinte inscrição:
“Meu Deus, eu não compreendo, mas aceito. Sei que não é fácil, mas estou certo de que as grandes dores, quando aceitas, são fecundas fontes de bênção. Beijos, de seu esposo.”
Com o folheto na mão e aqueles dizeres da lápide na memória eu podia voltar para a casa de minhas filhas. Estava feliz. Deus havia trazido paz ao meu coração.