Por: Mateus Ferraz
“Segure firme!”. Qualquer pessoa que ouve esta frase em meio a uma situação de perigo agarra-se naturalmente com todas as forças em qualquer coisa que lhe transmita o mínimo de segurança. Certa vez alguém disse: “Em momentos de risco o homem se agarra, seja em um revólver, em uma mulher ou em um copo de alguma coisa.” Esta tendência se origina na insegurança natural do homem. Qualquer coisa que se oferece parece ser mais confiável do que ele mesmo. O homem se agarra na primeira oportunidade que surge, na primeira desculpa convincente que encontra, na primeira pessoa que lhe sirva de muleta, na primeira verdade que parece lhe servir como filosofia de vida… até encontrar algo melhor. A humanidade muitas vezes se agarra em seu próprio medo, pois tal medo dá a sensação de prudência. O cristão, vez ou outra, se agarra em sua religiosidade, como se isso fosse algum tipo de visto para entrar na Nova Jerusalém. Enfim, dê algo ao ser humano, e ele se agarra àquilo com todas as forças que encontrar.
O relacionamento com Deus normalmente contraria as tendências humanas. Nossa tendência é fugir – Deus corre ao nosso encontro. Nossa tendência é pecar – Deus requer uma vida de santidade. Nossa tendência é odiar – Deus é amor. O homem tende a se agarrar -Deus exige abandono.
O apóstolo Pedro disse: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, pois ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). O apóstolo usa o termo “lançar” com grande responsabilidade. Ele sabia exatamente o que este ato significava. Pedro era pescador e estava acostumado a lançar redes. Mas antes de seu encontro pessoal com Cristo, ele as lançava com a ansiedade peculiar de um pescador. Lançava as redes com medo de que voltassem vazias, pois era delas que vinha seu sustento. Um dia Cristo o ensinou a pescar. “Lança a rede!”, disse o Mestre. “Já tentamos a noite toda, mas sob a tua palavra lançarei uma vez mais”, disse Pedro (Lc 5.5). O resultado é conhecido, uma rede com tantos peixes que mal podia ser carregada.
Mas a lição sobre abandono que Cristo ministrou a Pedro não estava encerrada. O Mestre disse: “Vinde a mim e eu vos farei pescadores de homens”. Esse era o momento do abandono real. Abandonar a rede cheia de peixes para seguir o caminho imprevisível de Cristo. Essa era a hora de Pedro abandonar. Abandonar a rede, os peixes, os medos, os anseios, os familiares, os projetos e ambições pessoais, os problemas e acima de tudo, abandonar-se aos cuidados de Cristo. Era o momento de lançar a mão no arado e não olhar para trás. E agora? Abandono? Mesmo sabendo que é um caminho sem volta? Mesmo sabendo que o Filho do Homem não tem lugar para reclinar sua cabeça? Mesmo sabendo que o fim de meu Mestre será a morte, e provavelmente, o meu destino será o mesmo?
A decisão depende do discípulo. Depende da disposição de cada um. Depende do valor que Cristo tem em nossa vida quando comparado aos nossos valores terrenos. Depende do nosso apego ao que é temporal quando comparado com Aquele que é Eterno.
Há momentos na vida em que temos a opção de agarrar ou abandonar. Segurar ou deixar ir embora. Mas saiba do mais importante. Ainda que abandonar-se aos cuidados de Cristo, no início, transmita a sensação de insegurança, saiba que não existe porto mais seguro e âncora mais sustentadora do que a presença de Cristo.
Pedro abandonou-se. E você?
Uma resposta
Obrigado!
O texto foi muito edificante.