Por J.C. Ryle
Um Grande Perigo Para os Jovens
Há alguns perigos específicos sobre os quais os jovens devem ser alertados. Um perigo específico para o jovem é o pecado do orgulho. Bem sei que todas as pessoas estão diante desse mesmo perigo terrível. Velhos e jovens, não importa a idade, todos têm uma corrida a empreender, uma batalha a enfrentar, um coração pecaminoso a ser mortificado, um mundo a ser vencido, um corpo a ser mantido sob controle e o diabo a ser resistido. Bem podemos dizer: “Quem está capacitado para tanto?” (2 Co 2.16 – NVI). Entretanto, cada época da vida e cada circunstância têm suas ciladas e tentações peculiares; é bom conhecê-las. Quem é avisado se acautela.
O orgulho é o pecado mais antigo no mundo. Na verdade, veio a existir antes que o mundo fosse criado. Satanás e seus anjos caíram por causa do orgulho. Eles não ficaram satisfeitos com o seu primeiro estado. Assim, o orgulho abasteceu o inferno com os seus primeiros habitantes.
O orgulho lançou Adão fora do paraíso. Ele não ficou satisfeito com o lugar que Deus lhe designara. Tentou elevar-se e caiu. Dessa forma, o pecado, a tristeza e a morte entraram neste mundo através do orgulho.
Por natureza, o orgulho ocupa todos os corações. Nós nascemos orgulhosos. O orgulho faz com que fiquemos satisfeitos conosco mesmos, levando-nos a pensar que, como estamos, somos bons o suficiente. Ele tapa os nossos ouvidos a todo e qualquer conselho e leva-nos a rejeitar o evangelho de Cristo. Encaminha cada pessoa ao seu próprio modo de viver. Porém, não há outro lugar onde o orgulho reina com mais força do que no coração de um jovem.
Como é comum encontrarmos moços voluntariosos, arrogantes e sem paciência para ouvir conselhos! Como é freqüente não serem educados e corteses com os que estão à sua volta, por não se acharem valorizados e estimados como gostariam de ser. Com que freqüência, recusam-se a parar, a fim de ouvir uma sugestão de alguém mais velho! Pensam que sabem tudo. São presunçosos quanto à própria sabedoria. Acham que os mais velhos, especialmente os seus familiares, são ignorantes, tolos e antiquados. Imaginam que não precisam de ensino ou instrução: já compreendem tudo. Dirigir-lhes qualquer palavra os torna quase irados. Como potrinhos, não suportam o menor controle exercido sobre eles. Precisam ser independentes e viver a sua própria vida. À semelhança daqueles mencionados por Jó (12.2), esses moços demonstram pensar: Nós somos o povo, e conosco morrerá a sabedoria. Tudo isso é orgulho.
Roboão foi um jovem desse tipo. Desprezou o conselho de experientes homens idosos, que haviam estado diante do seu pai Salomão, e deu ouvidos aos conselhos dos jovens de sua própria geração. Ele viveu colhendo as conseqüências de sua loucura (1 Rs 12). Infelizmente, há muitos semelhantes a ele.
Também foi assim o filho pródigo, na parábola, o qual tomou a parte que lhe cabia da herança e partiu para viver por si mesmo. Não podia submeter-se a uma vida tranqüila, sob o teto do pai; mas precisava partir para uma terra distante e ser dono de si mesmo. Assim como uma criança que se afasta da mãe e vagueia sozinha, aquele jovem logo sofreu por sua tolice. Finalmente, depois que foi forçado a comer alfarrobas com os porcos, tornou-se mais sábio (Lc 15.11-19). Infelizmente, há muitos semelhantes a ele.
Jovem, imploro-lhe com sinceridade, acautele-se do orgulho. Dizem que há duas coisas muito raras de serem vistas no mundo: uma é um moço que seja humilde, a outra é um velho satisfeito. Temo que essa afirmação seja, de fato, verdadeira.
Não se orgulhe de suas habilidades, de suas forças, de seu conhecimento, de sua aparência ou de sua inteligência. Não se orgulhe de si mesmo ou de qualquer dos seus talentos. Tudo isso é conseqüência de não conhecer a si mesmo e ao mundo. Quanto mais você envelhece e mais compreende as coisas, menos razão tem para ser orgulhoso. A ignorância e a inexperiência são o pedestal do orgulho; uma vez que esse pedestal seja removido, o orgulho logo desabará.
Recorde-se de quantas vezes as Escrituras nos mostram a excelência de um espírito de humildade. Como somos intensamente exortados a não pensarmos de nós mesmos além do que devemos pensar! (Rm 12.3). Com que clareza somos informados que “se alguém julga saber alguma coisa, com efeito não aprendeu ainda como convém saber” (1 Co 8.2). Como a ordem é precisa: “Revesti-vos… de humildade” (Cl 3.12). E, ainda: “Cingi-vos todos de humildade” (1 Pe 5.5). Infelizmente, muitos parecem não possuir nem um fragmento dessa vestimenta.
Pense no grande exemplo deixado pelo Senhor Jesus Cristo, quanto a isso. Ele lavou os pés dos discípulos e lhes disse: “Como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15). Está escrito: “Jesus Cristo… sendo rico se fez pobre por amor de vós” (2 Co 8.9); e, em outro lugar: “Antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou” (Fp 2.7,8). Obviamente, ser orgulhoso é ser mais semelhante ao diabo e ao Adão decaído do que a Cristo. Com certeza, ser como Cristo jamais será desprezível ou desonroso.
Pense no homem mais sábio que já viveu; refiro-me, evidentemente, a Salomão. Veja como ele se considerou “uma criança”, alguém que não sabia como se conduzir (1 Rs 3.7). Havia nele um espírito bem diferente do que em seu irmão, Absalão, que se achava capacitado a qualquer coisa: “Ah! quem me dera ser juiz na terra! para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça” (2 Sm 15.4); diferente, também, de seu irmão Adonias, que “se exaltou e disse: Eu reinarei” (1 Rs 1.5). A humildade era o princípio da sabedoria de Salomão. Ele deixou escrito, por experiência própria: “Tens visto a um homem que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há no insensato do que nele” (Pv 26.12).
Jovem, guarde no coração esses versículos citados; não confie demasiadamente em seu próprio discernimento. Pare de confiar que você está sempre certo e os outros sempre errados. Desconfie de sua própria opinião, quando vê que é contrária à dos mais velhos e, especialmente, à opinião de seus pais. A idade traz experiência e, portanto, merece respeito. No livro de Jó, vemos que uma característica da sabedoria de Eliú foi o fato de ele ter esperado para falar a Jó, pois este era de mais idade do que ele (Jó 32.4). Então, Eliú disse: “Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; arreceei-me e temi de vos declarar a minha opinião. Dizia eu: falem os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria” (Jó 32.6,7).
A modéstia e o silêncio são adornos graciosos nos jovens. Nunca se envergonhe de ser um aprendiz; Jesus o foi. Aos doze anos de idade, ele foi encontrado no templo, “assentado no meio dos mestres, ouvindo-os e interrogando-os” (Lc 2.46). Os homens mais sábios lhe dirão que continuam sendo aprendizes; e são humildes em reconhecer, depois de tudo, quão pouco realmente sabem. O grande Isaac Newton costumava dizer que não se considerava melhor do que uma criança que colhera algumas pedras preciosas às margens do mar do conhecimento.
Jovem, se você deseja ser sábio, se deseja ser feliz, lembre-se deste aviso: cuidado com o orgulho!
Extraído do livro Uma Palavra aos Moços, de J.C. Ryle, Editora Fiel.
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Ser 100% para Deus é…
… ter coragem de perguntar o que ele quer de mim e não ter coragem de desobedecer o que ele pedir.
Michel Duarte – missionário na Turquia
… demonstrar, através dos seus atos, Jesus. É não precisar fazer apelos ou grandes textos para que as pessoas vejam claramente Jesus em você. Seguir a Deus é demonstrá-lo através de suas atitudes.
Anne Walker – Anápolis, GO
… é desejar viver unicamente para o Senhor, colaborando para o cumprimento do seu propósito com nosso estilo de vida. Cremos, ainda, que sua plenitude não será alcançada de forma isolada, mas pela cooperação mútua entre os membros do corpo de Cristo.
Gustavo e Josiane Theodoro – Chapecó, SC.
… estar dentro da vontade dele para nós, obedecendo sem medo e entregando-nos sem reservas, deixando nosso eu, nossos sonhos e projetos pessoais para deixar Cristo viver em nós.
Ana Paula – Valinhos, SP
… não é nada muito elaborado ou difícil demais, é algo “simples”. É quando Deus está no centro da vida, e isso afeta a vida cotidiana. Ser 100% não é uma disposição interior apenas, mas algo que tomou tanto o interior que extravasa na vida prática e que se baseia em relacionamento diário com Deus. À medida que o conhecemos, apaixonamo-nos e queremos mais estar com ele e agradá-lo. A vida de Deus em nós vai desfazendo a necessidade de outras coisas e, assim, vamos nos entregando até que todo nosso ser seja para Deus: tudo que pensamos, tudo que falamos, tudo que fazemos e o que não fazemos é para ele e por causa dele. Em termos práticos, acho que ser 100% pra Deus é investir em oração e comunhão, é não buscar seus próprios interesses, é não priorizar as “coisas deste mundo”, namoro, carreira, festas etc… e ser luz e sal, manifestando a vida, a graça e o amor de Deus em todo lugar.
Lívia Ribeiro – Itapevi, SP