“E depois do terremoto, um fogo… e depois do fogo, uma voz mansa e delicada” (1 Rs 19.12)
Perguntaram certa vez a uma pessoa que progredia rapidamente em seu conhecimento do Senhor qual o segredo do crescimento espiritual. Ela respondeu concisamente: “Obedecer aos sinais”. E a razão por que tantos de nós não temos mais conhecimento e compreensão do Senhor é que não damos atenção aos seus delicados sinais, seus delicados toques de frear e refrear. Sua voz é mansa e delicada. Uma voz assim é antes sentida do que ouvida. É uma pressão suave e constante sobre o coração e a mente, uma voz mansa, quieta e quase timidamente expressa no coração – mas que se ficarmos atentos, silenciosamente, vai se tornando cada vez mais clara aos ouvidos do entendimento.
Sua voz é dirigida ao ouvido que ama, e o amor está sempre atento ao mais leve sussurro. Há um tempo, também, em que o amor cessa de falar, se não o atendemos ou não cremos nele. Deus é amor, e se você quer conhecê-lo e à sua voz, dê constante atenção a seus delicados toques. Em conversa, quando prestes a dizer uma palavra, dê atenção àquela voz mansa, atenda o sinal e refreie-se de falar. Quando prestes a seguir em uma direção que lhe parece clara e correta, se vier quietamente ao seu espírito uma sugestão que traz em si quase a força de uma convicção, preste-lhe ouvidos, mesmo que do ponto de vista humano a mudança de planos pareça uma grande loucura.
Aprenda, também, a esperar em Deus para saber o desenrolar da sua vontade. Deixe que Deus forme os planos a respeito de tudo o que está no seu coração e mente e deixe também que os execute. Não possua nenhuma sabedoria própria. Muitas vezes, sua maneira de executar o plano parecerá contrária ao plano que ele próprio deu. Poderá parecer que ele está trabalhando contra si mesmo. Simplesmente ouça e obedeça a Deus, e confie nele, mesmo que isso pareça a maior tolice. Ele fará que no fim todas as coisas cooperem para o bem.
Assim, se você quer conhecer sua voz, não pare para pensar o que poderá acontecer. Obedeça, mesmo quando lhe pedir para avançar no escuro. Ele mesmo será sua gloriosa luz. E em seu coração brotará uma afeição e comunhão com Deus poderosa em si mesma para conservá-lo junto a ele, mesmo nas provas mais severas e sob as maiores pressões.
Way of Faith
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Impressões e Confirmações
Deus nos dá impressões no coração, mas isto não quer dizer que devamos agir mediante impressões. Se a impressão for divina, ele mesmo dará evidências suficientes para confirmá-la, para que não haja sombra de dúvida.
Como é bonita a história de Jeremias quanto à impressão que lhe veio para comprar o campo de Anatote. Mas Jeremias não seguiu a impressão, senão no dia seguinte, quando o filho de seu tio veio a ele e lhe trouxe a evidência externa, com uma proposta de venda. Então Jeremias disse: “Entendi que isto era a palavra do Senhor” (Jr 32.8).
Esperou até que Deus confirmasse a impressão com uma providência, e então agiu na plena visão dos fatos concretos, que podiam trazer convicção tanto a ele como aos outros. Deus quer que ajamos de acordo com a sua mente. Não devemos ignorar a voz pessoal do Pastor, mas como Paulo e seus companheiros em Trôade, devemos ouvir todas as vozes que falam e “juntar” de todas as circunstâncias, como fizeram eles, a plena mente do Senhor.
Dr. Simpson
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Comunhão sem Palavras
Não é necessário estar sempre falando com Deus e ouvindo sua voz para estarmos em comunhão com ele. Há uma comunhão inarticulada, mais doce do que palavras. A criança pequena pode sentar-se o dia inteiro ao lado da mãe atarefada e, embora poucas palavras sejam trocadas e ambas estejam ocupadas – uma com os brinquedos, e outra com o serviço – podem ambas estar em perfeita comunhão. A pequena sabe que a mãe está ali, e sabe que está tudo bem. Assim, o santo e o Salvador podem passar horas em silenciosa comunhão de amor; mesmo ocupado com as coisas mais comuns, ele está consciente de que cada coisa pequena que faz é tocada pela cor da sua presença e o sentimento da sua aprovação e bênção.
Então, quando pressionados por fardos e dificuldades complicados demais para serem postos em palavras, ou misteriosos demais para serem expressos ou compreendidos, como é bom cair nos seus braços de amor e simplesmente soluçar ali a tristeza que não podemos exprimir!
Selecionado
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O Impacto da Pausa
Haverá em todo o coral uma só nota musical tão poderosa como o é a ênfase da pausa? Já percebeu como nos Salmos é eloqüente a palavra Selá (pausa)? Haverá silêncio mais palpitante do que a quietude que precede a tempestade, e a estranha calma que parece cair sobre a natureza antes de alguma convulsão ou fenômeno? Haverá alguma coisa capaz de nos tocar o coração como o poder da tranqüilidade?
Aquele que pára de operar com as suas próprias mãos, encontra a “paz de Deus, que excede todo o entendimento”; há um “sossego e confiança” que é fonte de toda a força; uma doce paz que nada pode abalar; um profundo descanso que o mundo não pode dar nem tampouco tirar. Há no mais profundo da alma uma recâmara de paz onde Deus habita; e se entrarmos ali e afastarmos todos os outros sons, poderemos ouvir a sua voz mansa e delicada.
Quando uma roda gira bem velozmente em torno do próprio eixo, há um lugar, bem no centro, onde não há movimento; assim, na vida mais ocupada pode haver um lugar onde ficamos a sós com Deus em constante quietude. Só há uma maneira de se conhecer a Deus: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). “O Senhor, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2.20).
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Textos extraídos do devocional “Mananciais no Deserto”, Volume 1, de Lettie Cowman, Editora Betânia.