30 de outubro de 2025

Ler é sagrado!

O Deus de Amor

Octavius Winslow (1808–1878)

“Deus é amor” (Jo 4.16). Se uma das perfeições de Deus resplandece na redenção com mais brilho do que qualquer outra, é esta. O amor é para onde as demais perfeições se convergem, é o fio dourado que as atrai, mantendo-as unidas em uma santa e bela coesão.

O caráter de Deus, como o Deus de amor, não é perfeitamente compreendido, mesmo por aqueles que são objetos especiais da atenção divina. Ficam encantados com a santidade de Deus, tremem diante do seu poder; mas sentem-se pouco persuadidos e atraídos ao Senhor por seu amor! Em geral, eles não têm aquela visão amorosa do seu caráter, nem cultivam aqueles pensamentos bondosos sobre sua misericórdia que seriam capazes de desarmar suas mentes do medo servil e encher seus corações com o sentimento confiante e afetuoso de um filho. Entretanto, uma confiante compreensão do caráter amoroso e amável de Deus e do seu grande amor pelos seus santos é a origem de toda obediência santa, filial e sem reservas.

Como não há poder tão preponderante, transformador e constrangedor como o do amor, a proporção da profundidade da visão que temos do amor de Deus para conosco em Cristo Jesus é a medida da nossa reação ao amor confiado ao nosso coração e do amor obediente em nossa vida. Talvez o conceito que você tenha dele seja como o Deus de santidade, como o Deus de justiça, como o Deus de poder, como o Deus de juízo. Mas agora medite sobre ele como o Deus de amor; e, ao refletir sobre essa verdade maravilhosa e transformadora de almas, que o fogo de uma reação afetuosa inflame seu coração, e que sua voz proclame ações de graça e louvor.

A própria essência de Deus

“Deus é amor.”  O amor não se resume a um atributo de Deus, mas à sua própria essência. Não é uma perfeição moral de seu ser, é sua constituição. Como já observei anteriormente, essa é a perfeição fundamental, ao redor da qual, como satélites, todas as outras orbitam, e da qual derivam, harmonizadas na salvação do homem, sua posição e brilho. Assim, a onipotência, por exemplo, é o poder do amor; a onisciência é o olhar do amor; a onipresença é a atmosfera do amor; a santidade é a pureza do amor; a justiça é o fogo do amor. Ao circular, portanto, por entre as divinas perfeições, vamos descobrir que cada uma delas é apenas uma das manifestações da perfeição essencial do amor.

O amor é a essência de Deus de forma tão completa que se destaca em cada uma das perfeições da natureza divina e se manifesta em cada ato de sua administração soberana. Todas as correntes que fluem de um manancial partilham essencialmente da fonte de onde se originaram. Todos os raios de luz, independentemente de suas cores prismáticas, partilham a mesma essência do sol, de onde emanam. E, se as perfeições de Deus não fossem dessa maneira modeladas e atenuadas pelo amor, se não fossem aplicadas por essa perfeição preponderante de sua natureza, cada uma, sozinha ou em conjunto, seriam forças terríveis contrárias a nós. Sua sabedoria nos deixaria perplexos; seu poder nos esmagaria; sua santidade nos aterrorizaria; sua justiça nos condenaria; e sua verdade ficaria assistindo ao cumprimento rigoroso e completo das terríveis e justas manifestações dos atributos divinos.

Ora, Deus é essencialmente amor. Ele não somente é amoroso, mas ele é amor; ele não somente é bom, mas é bondade. Deus é amor, amor que flui do seu próprio ser, não de outra fonte. Ele é amor de maneira absoluta e independente. O amor e a capacidade de amar de cada ser necessariamente procedem de Deus. Mas o amor de Deus e seu poder de amar derivam de ninguém mais além de si mesmo.

Amor infinito e plenamente suficiente

Quando chegamos a esse Deus de amor incondicional – amor que flui para nós por meio da Cruz de Cristo – precisamos confiar que estamos nos aproximando daquele cujo amor cobre todo o nosso pecado, miséria e desmerecimento, suprindo nossas necessidades sem diminuir um milímetro de sua ilimitada suficiência. É um grande consolo à nossa fé poder lidar com aquele cuja essência é amor; jamais deve pairar qualquer dúvida quanto à sua capacidade ou disposição de continuar nos amando. Quando chegamos a Deus por meio de Cristo, como a um Pai cujo nome e natureza são “amor”, podemos estar certos de que, quando as outras fontes de poder e compaixão falharem, sempre poderemos contar com o “estoque” de Deus – em sua suficiência infinita, ele sempre suprirá as nossas necessidades, sejam quais forem.

O seu amor é infinito, não tem limites, é imensurável. Um grave defeito na fé de muitos é que tratam a infinidade de Deus de maneira muito vaga. Isso os leva a limitar o Santo de Israel. Por sermos seres finitos, todas as ideias e concepções que temos da grandeza de Deus são limitadas. Mas Deus é infinito, e seu amor por nós, portanto, é ilimitado e incompreensível. Essa visão de sua infinita grandeza não deve paralisar, mas fortalecer nossa fé; não deve nos repelir, mas nos atrair. A própria imensidade de Deus é um dos maiores incentivos para nos aproximarmos dele. Certamente podemos apelar à grandeza do amor de Deus quando levamos nossos pedidos a ele.

Embora, ao nos aproximarmos da sua infinitude, possamos parecer como uma criança mergulhando sua pequena concha nas profundezas do oceano, pensando poder esgotá-lo, ainda assim, por menor que seja o nosso vaso receptor, precisamos reconhecer que nada menos do que o amor infinito poderia suprir a profundidade de nossa necessidade e saciar os intensos anseios de nossa alma. À medida que o Santo Espírito de Deus nos leva a ver as profundezas de nossa pecaminosidade, pobreza e insignificância, aprenderemos que somente um Deus de infinito amor, graça e suficiência poderia resolver o nosso caso.

Caro leitor, chegue-se então a esse amor plenamente convencido de sua infinitude. Ele pode se sobrepor a qualquer resistência e aridez da natureza humana com doces ondas crescentes que preencherão os vazios e encobrirão os conflitos diários decorrentes de pecado e tristeza. Não permita que a grandeza das suas transgressões o sufoque; não deixe que as profundas necessidades de sua alma o intimidem; não deixe que a vergonha de sua culpa o abata; não permita que a intensidade de sua tristeza o subjugue. Você está lidando com um Deus cujo amor é infinito e que pode alcançar a mais inimaginável profundeza de sua necessidade. Seja com seus maiores ou menores pecados, seja com as mais complexas ou mais simples necessidades, aproxime-se do infinito oceano do amor divino, fundo bastante para que elefantes nadem e raso suficiente para que cordeirinhos fiquem de pé.

– Adaptado.

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