Um movimento global de avivamento e restauração a partir de Jerusalém para Judeia e Samaria, chegando aos confins da terra e voltando novamente para Israel…
Existe um lugar de profunda intimidade que só surge por meio do sofrimento compartilhado.
Isso se refere ao tipo de sofrimento “piedoso”. Existe outro tipo de sofrimento que advém de fazer coisas erradas e colher os resultados. Aqui estou falando do sofrimento que vem do mal no mundo atacando os inocentes, e em seu sentido mais elevado é o sofrimento que vem da perseguição por servir ao Senhor.
Isso é chamado de “comunhão de Seu sofrimento”.
Filipenses 3.10 – para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte […]
Este versículo descreve três áreas de se estar em conformidade com a imagem de Yeshua. A primeira é conhecê-lo; a segunda é conhecer o poder espiritual dinâmico que o ressuscitou dos mortos; a terceira é conhecer a comunhão de seu sofrimento.
- A palavra para comunhão é koinonia.
- A palavra para sofrimento é pathema, como em “paixão, pathos, simpatia”.
- A palavra para se conformar a imagem é sug-morphos. Morph significa forma. “Sug” ou “Sym” significa junto, como em simpatia, sinfonia, sincronizar.
Visto que Yeshua sofreu como um homem justo em um mundo mau, e visto que somos chamados a segui-lo, há um aspecto significativo da fé que é experimentar sofrimento semelhante ao que ele sofreu.
Todos nós recuamos ao pensar no sofrimento. O sofrimento em si NÃO é uma coisa boa. No entanto, quando alguém sofre de maneira piedosa, há uma intimidade emocional e espiritual com Yeshua. Ele sofreu. Você está compartilhando parte dessa experiência com ele. É a experiência compartilhada que é bela. A intimidade em meio ao sofrimento é preciosa. Vale a pena o preço.
A experiência de sofrimento compartilhado não é apenas com Yeshua, mas também com outros que sofreram de forma semelhante. João chama isso de ser um “companheiro na tribulação”.
Apocalipse 1.9 – Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação […]
Essa comunhão de sofrimento nos torna mais parecidos com Yeshua, e também nos faz compartilhar a experiência de sofrimento juntos. Há um lugar de unidade – unicidade – nessa experiência compartilhada.
- A palavra para companheiro é sug-koinonos, que é a mesma palavra para “comunhão” mas mais enfatizada por adicionar “sug”, como em sug-morphos acima.
- A palavra para tribulação é thlipsis, a mesma palavra usada ao longo do Novo Testamento. Yeshua disse para termos coragem, ainda que nesse mundo teremos tribuações (João 16.33). Ele não orou para que fôssemos tirados do mundo, mas protegidos nele. (João 17.15).
Recentemente tive uma experiência com um querido amigo. (Preciso omitir os detalhes para proteger a segurança e a identidade da pessoa.) Essa pessoa é um grande líder e sofreu muitas perseguições por sua fé. Tivemos a oportunidade de nos encontrar recentemente em um local secreto. Naquela época, havia uma ameaça iminente contra ele. Fui dar um abraço de carinho e incentivo.
Do meu lado, passei por algumas experiências difíceis que me fizeram sentir uma dor profunda no meu espírito. Eu não conseguia explicar para ninguém. Estava além das palavras. Na verdade, eu me sentia um tanto solitário só de carregá-la. Pensei: “Tenho certeza de que ele experimentou o que estou experimentando e muito mais”. Queria também dar um abraço nele só para “tocar” um pouco naquele mesmo lugar de dor.
No momento em que o abracei, algo estranho aconteceu. Senti algo sair de seu coração que tocou o lugar da dor em meu coração. Houve uma transmissão sobrenatural de cura. Eu pude sentir a dor saindo. Este momento foi breve, mas profundo. O ponto de dor de um tocou o ponto de dor do outro. Houve uma união espiritual, uma transmissão, uma unidade, uma “sug-koinonia”, uma cura.
Eu me retirei pensando na expressão de Isaías 53.5 – pelas suas pisaduras fomos sarados […]
Em hebraico:
בחבורתו נרפא לנו
Pelas feridas de Yeshua, nossas feridas foram curadas. Nossas feridas não poderiam ser curadas se ele não estivesse disposto a ser ferido por nós. O lugar de sua ferida toca nosso lugar de ferida; e nos cura.
[A expressão em Isaías 53 é bastante única e um tanto intrigante. A letra “bet” na palavra para “ferida” não contém um ponto “dagesh”. Com o ponto significa “ferida”, mas sem o ponto significa “comunhão”.]
Há um jogo de palavras no texto entre ferida e comunhão (habura e havura). Somos curados por sua ferida e pela comunhão com ele. A comunhão e o ferimento estão a apenas um ponto um do outro.
Consideremos o significado de ser “enxertado” de acordo com a parábola da oliveira em Romanos 11.17-24. Esta parábola descreve judeus e gentios sendo unidos em uma oliveira. Somos ramos enxertados na árvore da fé. Para que um ramo seja enxertado, ele precisa ser cortado. A parte interna do galho que está exposta pode ser unida à árvore que também foi exposta.
Uma parte da casca deve ser removida. Você não pode enxertar dois ramos se a casca ainda estiver no lugar. Esta parábola implica que nosso lugar de abertura e ferimento é onde podemos ser unidos. O preço de se tornar um é expor e tocar os pontos de dor um do outro.
Por meio do enxerto, experimentamos a gordura ou riqueza da raiz que flui pela seiva (Romanos 11.17). A seiva não flui para fora da casca; flui através da madeira interna, mais macia, mais delicada e úmida. Quando estamos unidos, também podemos receber a bênção uns dos outros. Há uma troca de fluxo de vida.
Isso é semelhante ao que é chamado de “circuncisão do coração” – Romanos 2.29, Colossenses 2.11, Jeremias 4.4, Deuteronômio 10.16, 30.6. Em fé abrimos nosso coração a Deus e uns aos outros. O coração deve ser cortado para ser aberto.
A circuncisão física é feita com um bisturi afiado. A circuncisão do coração é feita pela lança que perfurou o lado de Yeshua na cruz (João 19.34, Zacarias 12.10). Sua crucificação é o corte da circuncisão de nosso coração. Este é o mistério da cruz e de nossa comunhão em seu sofrimento.