Por: Christopher Walker
Para muitos estudantes da Bíblia, a arqueologia representa uma esperança de finalmente poder encontrar provas irrefutáveis da veracidade das Escrituras, e de poder levantá-las triunfantemente diante dos céticos e incrédulos e dizer: “Agora vocês terão de acreditar na verdade histórica deste livro!”.
Dois achados recentes parecem ter potencial para este tipo de evidência contundente: uma urna de pedra, ou ossário, com as palavras: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”, inscritas em aramaico, datada do ano 63 da era cristã; e uma tábua de arenito, encontrada no local sagrado do Monte do Templo em Jerusalém, da época do Rei Joás de Judá, com inscrição em fenício antigo, contendo ordens para reparar o Templo de Salomão.
No caso do ossário, seria a mais antiga referência extra-bíblica a Jesus. Alguns já o estão considerando “a maior descoberta relacionada com o Novo Testamento” na nossa geração, “tão importante quanto os Manuscritos do Mar Morto” (Ben Witherington, professor de Novo Testamento nos E.U.A.). Seriam evidências da real existência de Jesus, e também de Tiago e José, personagens citados na Bíblia. A inscrição foi feita em aramaico, justamente a língua falada por Jesus e seus contemporâneos.
O segundo achado é um objeto mais antigo ainda. Encontrada durante reformas por autoridades muçulmanas em dependências de uma mesquita no Monte do Templo, a pedra contém uma inscrição em fenício em que o rei ordena aos sacerdotes que pegassem “o dinheiro sagrado… e comprassem pedras lavradas, madeira e cobre e se esforçassem para executar seu dever para com a fé”. Se a obra fosse completada, acrescenta, “o Senhor protegerá seu povo com a bênção”.
Tudo isto confere com o relato bíblico em 2 Reis 12, onde fala das reformas do templo feitas pelo Rei Joás. Esta descoberta teria implicações não só como confirmação da narrativa bíblica, mas como evidência de que o Templo de Salomão realmente existiu neste exato local, que é o foco de tensões atuais entre judeus e árabes na Terra Santa.
O jornal de Tel Aviv, Ha’aretz, aclamou a descoberta como “uma peça de evidência física inédita, descrevendo eventos de uma maneira que corrobora a narrativa da Bíblia”. Atualmente, clérigos muçulmanos insistem, a despeito de todas as evidências arqueológicas já existentes, que nenhum santuário judeu já existiu neste local sagrado, onde hoje se encontram duas mesquitas.
O problema com descobertas como estas é provar que são autênticas. Até agora, as primeiras análises estão confirmando vários aspectos importantes destes objetos. Tanto o ossário como a tábua de pedra passaram pelas provas de idade, e não apresentam sinais de alteração ou violação posterior. Autoridades não cristãs analisaram o ossário e concordaram que realmente era do primeiro século depois de Cristo.
Entretanto, isto ainda está muito distante de dizer que encontramos uma prova objetiva da existência de Cristo, ou da autenticidade das Escrituras. O ossário é do primeiro século, confere com costumes da época, com a língua falada, com o tipo de manuscrito. Até a expressão “irmão”, que não era comum em inscrições assim, aponta para o contexto cristão, e para a identificação de alguém que era “irmão de Jesus”. Mas é impossível provar que os nomes ali inscritos realmente se referiam às personagens bíblicas. Como também talvez nunca será possível provar que as palavras na tábua de arenito foram escritas de fato pelo Rei Joás.
Assim, descobrimos mais uma vez que a arqueologia não “prova” com evidências científicas as essências da nossa fé, como a Encarnação ou a Ressurreição de Jesus. Se pudesse existir tal prova, e se pudesse ter sido preservada durante os séculos e milênios, na sabedoria de Deus isto não foi permitido, para que nossa fé não se apoiasse neste tipo de suporte externo (1 Co 2.5).
Por outro lado, para quem já tem um alicerce firme para sua fé, as evidências arqueológicas sempre reforçam a confiança de que as histórias bíblicas realmente aconteceram, e que o mundo descrito ali confere com as ruínas desenterradas pelos pesquisadores. A Bíblia não foi escrita para ensinar o homem a respeito da ciência do universo visível, nem sobre a história de toda a humanidade. Mas o que está escrito nela não contradiz os verdadeiros fatos da ciência, apesar dos autores humanos não terem conhecimento dos mesmos, nem descreve eventos desvinculados da corrente principal da história universal.
Se não pudermos dizer que a arqueologia prova a Bíblia, pelo menos não é incorreto dizer que a arqueologia confirma a Bíblia. E isto para nós é suficiente!
Fontes de Pesquisa: “Finding God in a Box” de Steven Gertz, Christian History Newsletter, 31/01/2003, e Biblical Archaeology Review, de novembro/ dezembro, 2002.