Asher Intrater
Esta semana em Israel nós celebramos o Dia do Memorial por aqueles que perderam suas vidas em ataques terroristas ou em luta pela defesa da nação. No dia seguinte celebramos o Dia da Independência. Estes dois feriados que ocorrem um após o outro são um símbolo do sofrimento de Israel e da nossa redenção.
Há uma profunda e misteriosa conexão entre o sofrimento e a restauração de Israel e a morte e ressurreição de Yeshua (Jesus). A conexão é bíblica, espiritual e parte do plano de pré-destinação de Deus. Este conceito não deve ser tão surpreendente para os cristãos, uma vez que é semelhante à forma como a fé de cada crente individual está ligada à morte e ressurreição de Yeshua.
Romanos 6.5 – Se fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição.
O novo nascimento de cada crente é uma extensão e uma realização da morte e ressurreição de Yeshua. Da mesma forma, o exílio e a restauração de Israel são também uma extensão e uma realização da morte e ressurreição de Yeshua. Uma vez que Yeshua é o salvador do mundo, qualquer um que crê nele experimentará sua morte e ressurreição vicariamente. Como Yeshua é o rei de Israel, nossa nação seguirá o padrão de sua morte e ressurreição, quer queiramos ou não.
Oséias 6.2 – Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele.
Esta passagem fala dos filhos de Israel e é também parte da base para a afirmação da Nova Aliança de que o Messias deve ressuscitar dos mortos no terceiro dia (Lucas 24.46). A ressurreição de Yeshua depois de dois dias no túmulo é paralela à restauração de Israel depois de dois mil anos de exílio.
É também por esta razão que a profecia dos ossos secos de Ezequiel fala tanto da ressurreição dos mortos quanto da restauração da nação de Israel.
Ezequiel 37.12 – Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
Se o Messias foi ressuscitado dentre os mortos, deve haver uma ressurreição para todos os que crêem nele, e deve haver uma restauração da nação para a qual ele está destinado a ser rei (João 18.37; 19.19).
Este padrão é repetido ao longo das escrituras. Quando o messiânico rei Davi peca, o povo sofre (2 Samuel 24.17). A descida de Yeshua ao Egito em seu nascimento é um cumprimento do Êxodo de Israel do Egito (Mateus 2.15, Oséias 11.1). Os ataques contra a terra de Israel são comparados aos açoites do Messias (Salmo 129.3).
O sofrimento de Israel é paralelo à crucificação de Yeshua. Essa conexão incrível foi capturada pelo famoso artista judeu, Marc Chagall, em obras-primas como White Crucifixion (1938), Obsession (1943), Yellow Crucifixion (1943), Exodus (1953-66) e Grey Crucifixion (1970).
A tradição rabínica cometeu um terrível erro ao dizer que Isaías 53 não se refere a Yeshua, mas ao povo judeu. Isto não pode ser verdade porque o versículo 8 afirma que ele foi cortado pelas transgressões do “meu povo.” Por outro lado, a maioria dos cristãos tem perdido o fato de que muitas das profecias do Servo Sofredor de Isaías realmente se referem ao povo judeu. Na verdade, essas profecias são divididas de forma bastante uniforme entre Yeshua (Isaias 42.1, 42.19, 49.3-7, 52.13, 53.11) e Israel (Isaias 41.8-9, 43.10, 44.1-2, 44.21, 48.20).
Como poderia o nome Israel referir-se em alguns momentos a Yeshua e, em outros, ao povo judeu? A resposta é que o próprio nome Israel se refere tanto a um homem individual (Jacó), como a um povo (os filhos de Jacó).
O servo de Deus sofre vicariamente em nome dos outros, proporcionando assim expiação. Este é principalmente o papel do próprio Yeshua como o Messias. No entanto, também é verdade para qualquer um que o sirva. Todos nós, como crentes, somos chamados a “completar as aflições” de Jesus (Colossenses 1.24), e a sofrer por causa dos outros (2 Coríntios 1.5). Da mesma forma, a nação de Israel sofre em favor das nações, mesmo que nem eles nem as nações entendam.
Às vezes, quando os cristãos sofrem, é apenas por causa de seu próprio pecado; outras vezes que o sofrimento é de origem piedosa e tem um efeito redentor (1 Pedro 4.1, 13, 15-17). O mesmo pode ser dito de Israel. Muito do nosso sofrimento tem sido simplesmente o resultado do nosso próprio pecado. Por outro lado, alguns dos sofrimentos de Israel foram ordenados por Deus, como um ato de intercessão em nome da redenção do mundo.
Aqui, novamente, o sofrimento de Israel é paralelo à crucificação. A morte expiatória de Yeshua não apenas oferece salvação à humanidade, mas também exige justiça. Ou você a aceita ou a rejeita. No fim dos tempos, Deus colocará Israel em uma posição de ser “crucificado” diante de todas as nações do mundo. Cada nação será forçada a escolher.
As nações do mundo se unirão para atacar Israel. Cada nação se unirá ao ataque, terá uma postura de neutralidade ou permanecerá com Israel. Esta será uma oportunidade para cada nação receber graça especial de Deus ou ser julgada severamente.
Assim como a crucificação é uma linha divisória para cada indivíduo, a guerra do fim dos tempos contra Israel será uma linha divisória para cada nação – seja para permanecer com a aliança de Deus, ou contra ela. As nações como um todo falharão nesta prova; contudo, dentro de cada nação haverá um povo remanescente que escolherá permanecer fiel.