Por J. C. Ryle (1816-1900)
“Levantou-se então um grande vendaval, e as ondas arremessavam-se contra o barco, de modo que ele já estava inundando. Jesus, porém, estava na popa, dormindo sobre uma almofada. Os discípulos o despertaram e lhe perguntaram: Mestre, não te importas que pereçamos? E, levantando-se, ele repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te! Aquieta-te! E o vento cessou, e fez-se grande calmaria. Então lhes perguntou: Por que estais tão amedrontados? Ainda não tendes fé?” (Mc 4.37-40).
Não ouso prometer ao homem que toma sua cruz e segue a Cristo que, como consequência, nunca se deparará com uma tempestade. Eu sei bem que muitos não querem ouvir isso. Certamente prefeririam ter Cristo e boa saúde, Cristo e muito dinheiro, Cristo e nenhuma morte em sua família, Cristo e nenhuma preocupação angustiante, Cristo e manhãs que nunca tenham nuvens. Eles não gostam de Cristo e a cruz, Cristo e tribulação, Cristo e conflito, Cristo e ventos assustadores, Cristo e tempestade.
Como se saberia quem é verdadeiramente cristão se seguir a Cristo fosse o caminho para viver sem problemas? Como discernir o trigo do joio se não houver o vento que os separa? Como saber se os homens servem a Cristo por amor a ele ou por motivos egoístas? Os ventos do inverno logo nos mostram quais árvores são perenes (verdes o ano todo) e quais não são. As tempestades de aflição e cuidados da vida são igualmente úteis. Mostram quem possui fé verdadeira, e quem nada mais tem que uma profissão teórica e superficial.
Como a grande obra de santificação seria feita no homem se não existisse a provação? Tribulação é muitas vezes o único fogo que é capaz de queimar a escória que se prende ao nosso coração. Ela funciona como a faca de podar que o grande Agricultor usa para nos tornar frutíferos de boas obras.
Se você deseja servir a Cristo, eu lhe rogo que aceite o Senhor de acordo com os seus preceitos. Decida aceitar sua porção de cruz e sofrimentos, e certamente não se surpreenderá. Por falta de compreensão, muitos parecem ir bem por um tempo e depois recuam desgostosos e são rejeitados.
Se você professa ser um filho de Deus, deixe o Senhor Jesus santificá-lo à sua própria maneira. Descanse confiando que ele nunca comete erros. Saiba que ele faz bem todas as coisas. Os ventos podem uivar ao seu redor e as ondas crescer. Mas não tema, pois ele o está conduzindo pelo caminho direito para levá-lo à cidade em que possa habitar (Sl 107.7).
– Extraído de Santidade.