Arthur W. Pink (1886–1952)
“Deus é amor” (1 Jo 4.8). Essa afirmação não quer dizer simplesmente que Deus ama, mas que ele é a própria essência do amor. O amor não é apenas mais um de seus atributos, mas constitui sua própria natureza. Quanto mais conhecermos o seu amor (sua natureza, sua plenitude e sua benignidade), mais o nosso coração será atraído a ele em amor.
O amor de Deus independe de qualquer motivação exterior. Isso significa que nunca houve em nós, que somos o alvo de seu amor, elemento algum que pudesse induzir, motivar ou atrair o amor de Deus por nós. O amor que uma pessoa tem por outra sempre é motivado por algo concreto naquela pessoa que despertou tal sentimento, mas o amor de Deus é gratuito, espontâneo, sem uma causa objetiva. “Nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19). Deus não nos amou porque primeiramente nós o amamos; ele nos amou antes mesmo de termos qualquer resquício de amor por ele.
O amor de Deus é eterno. “Com amor eterno eu te amei…” (Jr 31.3). Esse fato deve suscitar grande louvor em cada um de seus filhos! E como isso é tranquilizador para o coração: o amor de Deus por mim não teve um ponto inicial e, por isso, jamais terá fim!
O amor de Deus é infinito. Tudo em Deus é infinito. Sua sabedoria é ilimitada, pois ele conhece todo o passado, o presente e o futuro. Seu poder não tem limites, pois nada é impossível para ele. Assim sendo, seu amor também não tem limites. Nessa verdade há uma profundidade incompreensível, uma altura inalcançável, um comprimento e uma largura que desafiam a capacidade humana de avaliar por qualquer que seja o parâmetro. Encontramos essa belíssima descrição em Efésios 2.4: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou”. É possível fazer um paralelo entre a palavra grande nesse versículo e a expressão Deus amou de tal maneira em João 3.16. Essa passagem nos diz que o amor de Deus é tão transcendente que se torna absolutamente imensurável. Seu amor “excede todo o entendimento” (Ef 3.19).
O amor de Deus é imutável. Assim como no próprio Deus “não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17), também o seu amor por nós jamais muda ou diminui. “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo (…)”. (Ct 8.7). Nada pode nos separar do seu amor (Rm 8.35-39).
O amor de Deus é santo. O amor de Deus não é governado por caprichos, passionalidade ou sentimentos, mas por um princípio. Assim como sua graça não reina em detrimento da justiça, mas, ao contrário, “pela justiça” (Rm 5.21), também seu amor jamais contradiz sua santidade. O trecho “Deus é luz” (1 Jo 1.5) é mencionado antes de “Deus é amor” em 1 João 4.8. O amor de Deus não é uma mera amabilidade débil ou uma afabilidade indulgente. A Escritura declara que “o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe…” (Hb 12.6). Deus não fechará os olhos para o pecado, mesmo que o encontre no seu próprio povo. Seu amor é puro e não se contamina com nenhum sentimentalismo frágil.
O amor de Deus é gracioso. O amor e o favor de Deus são inseparáveis. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito (…)” (Jo 3.16). Cristo morreu não para induzir Deus a nos amar, mas porque o Pai sempre amou a humanidade. O Calvário é a suprema demonstração do amor divino. Sempre que você se sentir tentado a duvidar do amor de Deus, volte-se para o Calvário.
(Resumido do texto “Os atributos de Deus” de Arthur W. Pink, que foi pastor, professor e escritor inglês batista independente.)