Por Asher Intrater com David Ben Keshet
Ao ler o livro de Deuteronômio, notei que a palavra “AMOR” aparece repetidas vezes!
Os primeiros quatro livros da Torá falam sobre os patriarcas, o Êxodo, as leis, o Tabernáculo, o sacerdócio e as viagens pelo deserto.
Então chegamos ao livro de Deuteronômio.
Moisés reuniu todo o povo na planície antes de atravessar o Jordão em direção à Terra Prometida.
Ele teve 40 anos para refletir sobre todas as leis que Deus havia dado.
Parece que, neste livro, ele quer enfatizar para o povo qual é o ponto central e essencial.
Deuteronômio fala sobre amarmos a Deus doze vezes! Vamos sentir o peso disso:
- “[…] mostrando misericórdia a milhares, aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos” (5.10)
- “Amarás o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua força” (6.5)
- “[…] o Deus fiel, que guarda o pacto e a misericórdia até mil gerações aos que O amam e guardam os Seus mandamentos.” (7.9)
- “Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR teu Deus pede de ti, senão que temas o SENHOR teu Deus, que andes em todos os Seus caminhos, e O ames, e sirvas ao SENHOR teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma […]” (10.12)
- “Portanto, amarás o SENHOR teu Deus e guardarás sempre o Seu encargo, os Seus estatutos, os Seus juízos e os Seus mandamentos.” (11.1)
- “Se diligentemente obedeceres aos Meus mandamentos […] para amares o SENHOR teu Deus […]” (11.13)
- “[…] para amares o SENHOR teu Deus, andares em todos os Seus caminhos e apegardes a Ele […]” (11.22)
- “[…] Deus vos prova, para saber se O amais de todo o vosso coração e de toda a vossa alma.” (13.3)
- “[…] se guardares todos estes mandamentos, que hoje te ordeno, para amares o SENHOR teu Deus e andares sempre nos Seus caminhos.” (19.9)
- “O SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR teu Deus […]” (30.6)
- “Vê que hoje te tenho proposto a vida e o bem, a morte e o mal, quando te ordeno que ames o SENHOR teu Deus […]” (30.15–16)
- “[…] para amares o SENHOR teu Deus, obedeceres à Sua voz e apegardes a Ele […]” (30.20)
Isso nos leva a algumas perguntas, especialmente: por que todos esses versículos, sem exceção, conectam amar a Deus a obedecer aos Seus mandamentos (mitzvot)?
Na mente de Deus, não há amor sem mandamentos, e não há mandamentos sem amor. O que Deus deseja de nós é que O amemos. Guardar os Seus mandamentos está ligado a isso, o impacto vem da combinação dos dois.
Como amamos a Deus? Amamos a Deus fazendo o que Ele nos diz, guardando Seus mandamentos e obedecendo à Sua Palavra. Como Deus é todo-poderoso, Sua palavra tem toda autoridade. Nada do que Ele diz é uma simples sugestão, é um mandamento.
Por que Deus nos pede para amá-lo? Porque Ele nos amou primeiro. É quem Ele é. É o que Ele deseja. Tudo o que aconteceu na história da humanidade é resultado do amor de Deus. Ele é amor, e tudo flui a partir disso, até mesmo as coisas ruins. Essas coisas más acontecem porque Ele nos deu livre-arbítrio e nos prova, para que possamos amá-Lo de volta.
Se não obedecemos ao que Ele nos ordena, o “amor” torna-se apenas o que cada um acha que é, e acaba se degenerando em imoralidade e perversão. Nossos instintos podem nos levar ao amor, mas nossos desejos egoístas nos desviam.
Por outro lado, se apenas tentamos cumprir mandamentos sem lembrar que o objetivo deles é amar o Senhor, também erramos o alvo. Nosso orgulho e justiça própria farão com que nossa obediência” se transforme em coerção religiosa.
O ponto ideal está onde o amor e a obediência se encontram. O amor exige obediência, e o amor se manifesta através dos mandamentos. Cada mandamento, corretamente compreendido, revela uma forma de amar, amar a Deus e amar ao próximo.
A combinação de amor e obediência não é algo exclusivo do Antigo Testamento. Veja 1 João 5.3, “Porque este é o amor de Deus, que guardemos os Seus mandamentos.” E Yeshua disse o mesmo em João 14.15, “Se me amais, guardai os meus mandamentos.”
O amor nos livra da religiosidade, a obediência nos livra do humanismo. Precisamos caminhar nesse equilíbrio, especialmente diante da enxurrada de más influências do mundo atual. A sociedade chama o bem de mal e o mal de bem (Isaías 5.20), e essas visões morais distorcidas estão sendo impostas sobre nós.
Deus nos ama e quer que O amemos, esse é o propósito da criação. É também o destino da sua vida.
Muitos passam anos tentando chegar a algum lugar, conseguir um emprego melhor, uma casa melhor, etc. Aqueles que querem servir ao Senhor buscam servi-lo melhor e fazer mais por Ele.
Mas o objetivo final é simples, amar a Deus e ser amado por Ele.
Quando você chega a esse ponto, a luta cessa. A maioria das pessoas se concentra em melhorar as circunstâncias, mas as circunstâncias são secundárias. Às vezes, é justamente nas piores situações que você está no lugar certo.
Nosso destino não depende de nossas habilidades. Você pode dizer, “Talvez eu não seja tão inteligente, nem tão talentoso, nem tão forte, mas eu posso amar a Deus, e posso receber o amor d’Ele por mim.”
Todos querem saber, “Por que estou aqui? Para onde estou indo? Qual é o sentido da minha vida?”
A resposta é esta, amar e ser amado por Deus.
Cada pessoa tem sua própria experiência. Você amará a Deus de uma forma que ninguém mais o faz. E Deus o amará de uma forma que não ama mais ninguém. Você é único, especial, singular.
Vivemos neste “triângulo do amor”, Deus nos ama, nós amamos a Deus, e nós amamos uns aos outros. É exatamente aí que devemos, e queremos, estar.