Por Rich Carmicheal
A Igreja foi chamada para ser distinta do mundo, servindo como a luz do Senhor nele. Como escreve o apóstolo Paulo, devemos ser: “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão” (Fp 2.15-16).
Jesus também enfatiza a distinção entre seu povo e o mundo na oração que fez a seu Pai pouco antes da sua morte: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade” (Jo 17.14-19).
Duas coisas muito graves acontecem quando uma igreja perde sua distinção espiritual e acaba se tornando semelhante ao mundo. Primeiramente, traz sofrimento a si mesma por ficar distante do coração do Senhor, que ama a igreja e deseja que ela seja “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef 5.27). Quando uma igreja começa a se parecer com o mundo e a adotar os seus caminhos, sua glória e beleza espiritual se perdem. O Senhor obviamente se entristece quando isso acontece. “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” (Ef 1.4). Ele deseja uma noiva pura e santa.
Em segundo lugar, quando uma igreja se torna mundana, ela perde sua capacidade de influenciar o mundo como representante do Senhor. A luz perde seu brilho e o sal perde o seu sabor. Citando o autor Adolph Saphir: “Enquanto é leal ao seu Noivo celestial, ela [a igreja] se mantém afastada do mundo, é abençoada e muito eficaz para alcançar as pessoas com o Evangelho. Na verdade, ela tem mais amor pelo mundo e consegue oferecer-lhe maiores benefícios quando se mantém fiel ao preceito apostólico: ‘Não ameis o mundo’. Ela não consegue influenciar o mundo, a menos que tenha uma perspectiva celestial”. Em outras palavras, precisamos manter nossa distinção ou perderemos nossa eficácia.
Ironicamente, e isso é triste, muitos cristãos enxergam esse quadro de uma forma oposta. Acreditam que atraem o mundo quando se parecem mais com ele, quando utilizam as mesmas estratégias. A realidade, no entanto, é que qualquer sucesso aparente de tal abordagem é uma ilusão.
Ainda citando Adolph Saphir (escrevendo no século 19, mas como se estivesse falando hoje), uma das tendências da Igreja é “deslumbrar-se com um sucesso superficial e, conformando-se com este mundo, procurando aumentar seus números com aqueles que não nasceram de novo e estão sem o Espírito e, portanto, sem o amor de Cristo. […] Ela não deve permitir que seu testemunho seja tão indistinto, sua vida e seu caminhar tão sem cor, sua disciplina tão frouxa que pessoas ainda não convertidas possam se imaginar como membros do corpo do qual Cristo é a Cabeça, ou que aqueles que são estranhos à graça e ao poder de Cristo possam ter a ousadia de participar da direção da igreja ou ministrar o legado de Cristo”.
Que o Senhor nos estimule a abraçar a diferenciação vital do chamado do povo de Deus para que possamos nos tornar agradáveis a ele e luz para o mundo. Tomando novamente emprestado as palavras de Adolph Saphir, nossa tarefa é continuar o ministério de Cristo, esforçando-nos para salvar os perdidos, confiando nas armas espirituais, na influência da Palavra, no poder da conversão e da renovação do Espírito Santo e na atração exercida pelo amor e pela santidade.
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