Por: William Cawman
“Dêem-nos um pouco do seu óleo, pois as nossas candeias estão se apagando… Não, pois pode ser que não haja o suficiente para nós e para vocês” (Mt 25.8-9 NVI).
Óleo, quando usado nas Escrituras no sentido espiritual, sempre significa a unção da presença de Deus sobre uma vida. Nos tempos do Velho Testamento, quando Deus comissionava uma pessoa para uma missão específica, o óleo era derramado sobre a sua cabeça como um sinal da presença de Deus com aquela pessoa. Os sacerdotes eram ungidos com óleo, e era um pecado muito sério quebrar aquela confiança sagrada.
No Novo Testamento, Deus diz: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9). Novamente em Apocalipse 1.6 “…e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém.” É uma responsabilidade muito séria tornar-se um cristão do Novo Testamento. Deixar de trazer sempre consigo a unção fresca e imediata do Espírito Santo sobre a vida diária é tão desastroso quanto foi o fogo estranho de Nadabe e Abiú.
Quando Jesus andou nesta Terra, trazia sempre junto uma Presença e, com sabedoria ungida, inclinava-se para levantar, curar e confortar, como também para reprovar e advertir. Quando da sua partida, ele prometeu numa linguagem nada ambígua que oraria ao Pai para que derramasse aquela mesma unção sobre os seus seguidores. Com palavras claras e definitivas, ele disse: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Ele também prometeu: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20).
O que é que ele deve pensar de nós, sua Igreja professa, quando vê falsos ensinamentos e doutrinas de demônios sendo disseminados agressivamente por todo o mundo, espalhando uma mensagem de condenação, enquanto nós cochilamos e dormimos, permitindo que se acabe o nosso óleo? As palavras do nosso texto são tragicamente patéticas. A parábola das dez virgens não tem nada a ver com religiões falsas ou pecadores fora da igreja; ela pinta o quadro da condição das “virgens” quando da volta de Jesus. Vergonhosamente, algumas não viram a necessidade de ter uma reserva extra de óleo até que fosse tarde demais. Não é, entretanto, o nosso objetivo aqui deter-nos naquele estado depressivo; pelo contrário, desejamos gritar gloriosamente alto que ainda há uma fonte profunda, permanente e superabundante desse óleo. O Espírito Santo não deixou este mundo, nem tampouco impediu o acesso ao propiciatório.
A necessidade gritante da hora, dentro e fora da igreja, é por almas que se separem com violência santa do sono dominador desta época e passem o seu tempo a sós com o único Doador desse óleo inestimável. Jesus nunca nos deu o exemplo de depender das bênçãos de ontem. Ainda que tivesse um coração puro, apesar de ser inteiramente dedicado à sua missão e dos seus motivos serem tão totalmente impecáveis, ainda assim ele se desvencilhava de todas as necessidades prementes ao seu redor e tirava tempo para estar a sós com seu Pai celestial. Algumas vezes, era necessário deixar o sono de lado; outras vezes, ele deliberadamente se afastava da multidão; mas fosse o que fosse, ele conservava a unção na sua vida.
Esses tempos de ficar a sós com Deus ainda derramam óleo sobre a alma que espera diante dele. Esperar em Deus é quase uma impossibilidade na agenda de hoje em dia. Satanás programou perfeitamente o estilo de vida para esta hora da meia-noite em que vivemos de tal modo a não permitir que seja encontrado o óleo da unção – ou até mesmo a impedir que se busque esse óleo. Apesar de tudo isso, não é necessário que nos falte o óleo.
Um evangelista africano descobriu que estava visivelmente perdendo seu poder espiritual. Deixou de lado todos os planos, toda sua agenda e pegou uma garrafa de água e a Bíblia e foi para uma caverna para buscar “óleo”. Vinte e um dias depois, ele voltou com o óleo “pingando” abundantemente por toda sua vida e, conseqüentemente, sobre outros à sua volta.
Senhor, dá-nos do teu óleo!
Ó Senhor, dá-nos óleo, não somente para as nossas candeias, mas enche as nossas vasilhas de reserva também! O mundo lá fora, bem como a igreja daqui de dentro, está inconscientemente clamando por óleo. Quando as pressões das trevas da meia-noite começarem a realmente submergir a era presente e a sacudir os povos do sono profundo que os anestesia, nós precisaremos – PRECISAREMOS ter óleo para lhes oferecer. E podemos ter! Não há ministro, ou superintendente, ou professor de Escola Dominical, ou missionário ou leigo que não possa ir agora “…aos que vendem” a fim de adquirir o óleo que lhes está faltando (Mt 25.9). A esperança oferecida à igreja de Laodicéia foi: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo” (Ap.3.18).
Por amor a Jesus, por amor às pessoas que estão morrendo a cada instante ao nosso redor, nós, que sabemos que existe óleo, devemos deixar de lado tudo o que for necessário até que sejamos cheios do óleo que vem do alto. Como poderemos manter o nosso coração alinhado com o de Jesus se não o fizermos? O caminho que precisamos seguir para termos uma vasilha cheia de óleo geralmente nos tornará alvos de crítica, incompreensão, desprezo, impopularidade e outras atitudes desconfortáveis para a carne humana. Muitas vezes, nos fará sentir que causamos desconforto em certos círculos, até o ponto de nos sentirmos indesejados. Mas é muito melhor enfrentar essas coisas do que a vergonha de não ter a unção do Espírito quando ela se faz mais necessária.
Graças a Deus pelo suprimento inesgotável desse óleo do alto. Jesus deixou esta afirmação no exato momento em que ele subia para voltar ao céu: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18). Ele anela repartir essa autoridade conosco, intercede para isso e estende a mão para nós, no entanto, nós geralmente passamos de largo.
Aqueles que têm os seus corações inflamados com o seu amor não devem cessar de gritar em alta voz para a igreja impotente ao seu redor. Não é irremediável. Não é uma causa perdida. Não é tarde demais para ser reavivado e vivificado novamente com fogo santo e paixão. Que nós, que somos do dia, nos levantemos e clamemos a Deus até que sejamos revestidos mais uma vez com óleo para esta última hora da noite.